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Venezuela reduz risco de calote

Acordo com credores ficou aquém do pedido pela petrolífera estatal venezuelana. Risco de incumprimento em 2017 ficou reduzido, mas não foi anulado.

Bloomberg
24 de Outubro de 2016 às 18:41
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A companhia estatal de petróleo da Venezuela (PDVSA) anunciou nesta segunda-feira, 24 de Outubro, um acordo com credores que permite reduzir os encargos previstos para o próximo ano, mas que não anula o risco de a empresa entrar em incumprimento, avaliam os analistas.

Segundo noticia a agência Bloomberg, os detentores de 39% dos títulos de dívida que se vencem ao longo de 2017 aceitaram que a empresa adie até 2020 o reembolso de 2,8 mil milhões de dólares (1,65 mil milhões de euros).

A operação de reestruturação ficou, porém, aquém do pretendido pela petrolífera, que havia sinalizado ao mercado o objectivo de obter um acordo com os credores que permitisse adiar o pagamento de pelo menos metade da dívida que se vence no próximo ano.

A operação terá também um custo elevado: a PDVSA anunciou que emitirá 3,4 mil milhões de dólares (3,1 mil milhões de euros) em novos títulos de dívida para completar a troca.

"Este acordo garante à empresa algum espaço para respirar em 2017 e, nessa medida, pode dizer-se 'missão cumprida'. Mas não significa que consiga assegurar todos os pagamentos previstos para o próximo ano. Isso [evitar um incumprimento] continua a ser um grande desafio", avalia Edwin Gutierrez, que dirige o departamento de dívida soberana de mercados emergentes na Aberdeen Asset Management, em Londres.

A PDVSA alega que os baixos preços do petróleo afectaram a arrecadação de receitas e que a renegociação dos prazos de pagamento da dívida é fundamental para melhorar a sua situação financeira no curto prazo. "Se as ofertas de troca não obtiverem êxito, poderá ser mais difícil fazer os pagamentos programados da dívida existente, o que faria a companhia avaliar todas as alternativas", avisou a petrolífera na semana passada.

O risco de incumprimento, ou calote, não afectaria apenas os detentores de títulos, mas também fornecedores e clientes da PDVSA, e as refinarias da Costa do Golfo dos EUA, reconfiguradas na última década para ampliar a capacidade de processar petróleo mais barato e pesado, "estariam entre as primeiras a sentirem o impacto", assinala Lucas Aristizabal, economista sénior da Fitch Ratings, em declarações à revista brasileira Exame. Em 2015, a Venezuela forneceu quase um terço de todo o petróleo importado pela Costa do Golfo dos EUA, onde está instalado o maior pólo de refinarias do mundo.

Em caso de incumprimento, os navios-petroleiros também podem ficar em risco e os que transportam petróleo venezuelano provavelmente enfrentariam ordens de arresto ao chegarem, adverte, por seu turno, Mara Roberts, analista da BMI Research em Nova Iorque.

Já a China, que na última década emprestou cerca de 45 mil milhões de dólares à Venezuela em troca de pagamentos em petróleo, estaria a salvo. Os credores teriam dificuldade em confiscar os carregamentos porque a propriedade do petróleo muda de mãos quando é colocado nos navios, e é a China que freta os navios e a PDVSA que paga os empréstimos carregando as embarcações, explica Lucas Aristizabal.

A PDVSA fechou 2015 com uma dívida total de 43,75 mil milhões de dólares. No mesmo ano, facturou 72,17 bilhões de dólares, segundo dados avançados pela empresa.
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