Notícia
Venezuela reduz risco de calote
Acordo com credores ficou aquém do pedido pela petrolífera estatal venezuelana. Risco de incumprimento em 2017 ficou reduzido, mas não foi anulado.
A companhia estatal de petróleo da Venezuela (PDVSA) anunciou nesta segunda-feira, 24 de Outubro, um acordo com credores que permite reduzir os encargos previstos para o próximo ano, mas que não anula o risco de a empresa entrar em incumprimento, avaliam os analistas.
Segundo noticia a agência Bloomberg, os detentores de 39% dos títulos de dívida que se vencem ao longo de 2017 aceitaram que a empresa adie até 2020 o reembolso de 2,8 mil milhões de dólares (1,65 mil milhões de euros).
A operação de reestruturação ficou, porém, aquém do pretendido pela petrolífera, que havia sinalizado ao mercado o objectivo de obter um acordo com os credores que permitisse adiar o pagamento de pelo menos metade da dívida que se vence no próximo ano.
A operação terá também um custo elevado: a PDVSA anunciou que emitirá 3,4 mil milhões de dólares (3,1 mil milhões de euros) em novos títulos de dívida para completar a troca.
"Este acordo garante à empresa algum espaço para respirar em 2017 e, nessa medida, pode dizer-se 'missão cumprida'. Mas não significa que consiga assegurar todos os pagamentos previstos para o próximo ano. Isso [evitar um incumprimento] continua a ser um grande desafio", avalia Edwin Gutierrez, que dirige o departamento de dívida soberana de mercados emergentes na Aberdeen Asset Management, em Londres.
A PDVSA alega que os baixos preços do petróleo afectaram a arrecadação de receitas e que a renegociação dos prazos de pagamento da dívida é fundamental para melhorar a sua situação financeira no curto prazo. "Se as ofertas de troca não obtiverem êxito, poderá ser mais difícil fazer os pagamentos programados da dívida existente, o que faria a companhia avaliar todas as alternativas", avisou a petrolífera na semana passada.
O risco de incumprimento, ou calote, não afectaria apenas os detentores de títulos, mas também fornecedores e clientes da PDVSA, e as refinarias da Costa do Golfo dos EUA, reconfiguradas na última década para ampliar a capacidade de processar petróleo mais barato e pesado, "estariam entre as primeiras a sentirem o impacto", assinala Lucas Aristizabal, economista sénior da Fitch Ratings, em declarações à revista brasileira Exame. Em 2015, a Venezuela forneceu quase um terço de todo o petróleo importado pela Costa do Golfo dos EUA, onde está instalado o maior pólo de refinarias do mundo.
Em caso de incumprimento, os navios-petroleiros também podem ficar em risco e os que transportam petróleo venezuelano provavelmente enfrentariam ordens de arresto ao chegarem, adverte, por seu turno, Mara Roberts, analista da BMI Research em Nova Iorque.
Já a China, que na última década emprestou cerca de 45 mil milhões de dólares à Venezuela em troca de pagamentos em petróleo, estaria a salvo. Os credores teriam dificuldade em confiscar os carregamentos porque a propriedade do petróleo muda de mãos quando é colocado nos navios, e é a China que freta os navios e a PDVSA que paga os empréstimos carregando as embarcações, explica Lucas Aristizabal.
A PDVSA fechou 2015 com uma dívida total de 43,75 mil milhões de dólares. No mesmo ano, facturou 72,17 bilhões de dólares, segundo dados avançados pela empresa.
Segundo noticia a agência Bloomberg, os detentores de 39% dos títulos de dívida que se vencem ao longo de 2017 aceitaram que a empresa adie até 2020 o reembolso de 2,8 mil milhões de dólares (1,65 mil milhões de euros).
A operação terá também um custo elevado: a PDVSA anunciou que emitirá 3,4 mil milhões de dólares (3,1 mil milhões de euros) em novos títulos de dívida para completar a troca.
"Este acordo garante à empresa algum espaço para respirar em 2017 e, nessa medida, pode dizer-se 'missão cumprida'. Mas não significa que consiga assegurar todos os pagamentos previstos para o próximo ano. Isso [evitar um incumprimento] continua a ser um grande desafio", avalia Edwin Gutierrez, que dirige o departamento de dívida soberana de mercados emergentes na Aberdeen Asset Management, em Londres.
A PDVSA alega que os baixos preços do petróleo afectaram a arrecadação de receitas e que a renegociação dos prazos de pagamento da dívida é fundamental para melhorar a sua situação financeira no curto prazo. "Se as ofertas de troca não obtiverem êxito, poderá ser mais difícil fazer os pagamentos programados da dívida existente, o que faria a companhia avaliar todas as alternativas", avisou a petrolífera na semana passada.
O risco de incumprimento, ou calote, não afectaria apenas os detentores de títulos, mas também fornecedores e clientes da PDVSA, e as refinarias da Costa do Golfo dos EUA, reconfiguradas na última década para ampliar a capacidade de processar petróleo mais barato e pesado, "estariam entre as primeiras a sentirem o impacto", assinala Lucas Aristizabal, economista sénior da Fitch Ratings, em declarações à revista brasileira Exame. Em 2015, a Venezuela forneceu quase um terço de todo o petróleo importado pela Costa do Golfo dos EUA, onde está instalado o maior pólo de refinarias do mundo.
Em caso de incumprimento, os navios-petroleiros também podem ficar em risco e os que transportam petróleo venezuelano provavelmente enfrentariam ordens de arresto ao chegarem, adverte, por seu turno, Mara Roberts, analista da BMI Research em Nova Iorque.
Já a China, que na última década emprestou cerca de 45 mil milhões de dólares à Venezuela em troca de pagamentos em petróleo, estaria a salvo. Os credores teriam dificuldade em confiscar os carregamentos porque a propriedade do petróleo muda de mãos quando é colocado nos navios, e é a China que freta os navios e a PDVSA que paga os empréstimos carregando as embarcações, explica Lucas Aristizabal.
A PDVSA fechou 2015 com uma dívida total de 43,75 mil milhões de dólares. No mesmo ano, facturou 72,17 bilhões de dólares, segundo dados avançados pela empresa.