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UBS vê petróleo nos 60 dólares dentro de um ano
O apetite pelo risco que se tem verificado nos últimos tempos por parte dos investidores e a debilitação do dólar são fatores que estão a impulsionar as cotações da matéria-prima, considera o UBS. A ajudar está também o consenso na OPEP+ e a expectativa de distribuição das vacinas contra a covid-19.
O UBS estima que os preços do petróleo venham a fortelecer no próximo ano, com o Brent do Mar do Norte – crude de referência para as importações europeias, negociado no mercado londrino – a atingir os 60 dólares por barril no final de 2021.
No relatório a que o Negócios teve acesso, Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS, sublinha que os preços estão atualmente a negociar no nível mais alto desde inícios de março, tendo o Brent flirtado esta sexta-feira com o patamar dos 50 dólares, devido a vários fatores que acabaram por eclipsar o anúncio da entrada de mais crude no mercado.
Recorde-se que na quinta-feira, 3 de novembro, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) anunciou que irá aumentar a sua oferta no mercado em meio milhão de barris por dia a partir de janeiro em vez dos dois milhões inicialmente previstos. À partida seria uma boa notícia, mas os mercados estavam a antecipar que a OPEP+ se decidiria por manter o atual nível de produção dos seus membros, sem colocar mais ouro negro no mercado. Por que motivo reagiram então os preços em alta?
Segundo Giovanni Staunovo, este acordo da OPEP+, conseguido "a ferros" – a reunião de terça-feira teve de ser adiada para dois dias depois por falta de entendimento –, acabou por aliviar o mercado, que já começava a duvidar de um entendimento, à semelhança do que aconteceu em março passado. Nessa altura, foi precisamente devido ao finca-pé entre Riad e Moscovo que não houve acordo quanto às novas quotas de produção – um braço de ferro que levaria o petróleo a afundar em abril, com o crude de referência dos EUA (o West Texas Intermediate) a negociar na casa dos 40 dólares negativos.
Assim, "após dias de intensa discussão no seio da OPEP+, os intervenientes de mercado provavelmente aclamaram o facto de ter havido um consenso, que resultou num aumento de produção ligeiramente inferior ao plano original", salienta o analista do UBS.
É que apesar de o atual nível do corte da oferta não se manter, a partir de janeiro, nos 7,7 milhões de barris por dia que vigoravam desde agosto, pelo menos não foram aliviados na proporção dos dois milhões de barris diários previstos inicialmente, entrando apenas mais meio milhão por dia no mercado no início do próximo ano (passando então a redução da oferta para 7,2 milhões de barris diários).
Além disso, os 23 membros da OPEP+ estipularam que passarão a ter reuniões mensais para reverem o teto de produção, já que se as vacinas contra a covid-19 reabrirem rapidamente as economias, a procura por combustível poderá aumentar, deixando assim de ser necessário um esforço de retirada de crude do mercado por parte deste grupo – pelo menos na dimensão atual.
Na opinião do UBS, a entrada de "apenas" 500.000 barris por dia poderá manter o mercado petrolífero com uma oferta ligeiramente abaixo da procura no primeiro trimestre de 201. A ajudar está também o facto de a OPEP+ ter dito que continua "totalmente empenhada nos esforços destinados a equilibrar e estabilizar o mercado".
Por outro lado, destaca Giovanni Staunovo, o apetite pelo risco que se tem verificado nos últimos tempos por parte dos investidores, bem como a debilitação do dólar – o que forna mais atrativos os ativos denominado na moeda norte-americana, como é o caso do petróleo –, são fatores que estão igualmente a impulsionar as cotações da matéria-prima.
Há, no entanto, riscos a ter em conta. Depois de sete semanas de queda dos inventários agregados de crude e de produtos petrolíferos nos EUA, Europa, Japão, Singapura e Fujairah (emirado dos Emirados Árabes Unidos), os stocks aumentaram na semana passada. Se nas próximas semanas a tendência de subida prosseguir, isso poderá resultar em reveses temporários para o preço do petróleo, aponta o analista do UBS.
Ainda assim, "estamos convictos de que assim que uma vacina esteja amplamente disponível, a melhoria da procura por petróleo irá permitir aos preços do Brent subirem, podendo estar nos 60 dólares por barril no final de 2021", destaca.