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Shell encaixa 6.860 milhões com venda de areias betuminosas no Canadá

A operação, que reduz significativamente a presença da petrolífera na actividade extractiva no Canadá, manterá a sua posição na refinaria do Athabasca e abre espaço ao reforço no processo intermédio de conversão de areias betuminosas em petróleo.

Shell compra BC Group: A Royal Dutch Shell decidiu comprar o BC Group por 47 mil milhões de libras (cerca de 64 mil milhões de euros), passando a liderar os maiores negócios de gás e petróleo nos últimos 10 anos. Quatro meses depois, o grupo anunciou a redução de 6.500 postos de trabalho este ano, para cortar custos.
09 de Março de 2017 às 10:45
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A Shell anunciou a venda da quase totalidade da sua operação de extracção de areias betuminosas para produção de petróleo no Canadá num negócio de 7.500 milhões de dólares (6.860 milhões de euros à cotação actual).

Em causa está a redução de 60% para 10% da sua participação na operação em Athabasca (AOSP) na província canadiana de Alberta. Apesar de ficar a um passo de sair da actividade de extracção, a empresa manterá nas suas mãos a infraestrutura de refinação e parte do processo intermédio de tratamento das areias. 

Através do acordo divulgado esta quinta-feira, 9 de Março, a Shell vende os 60% que detém na AOSP e os 100% na Peace River Complex (que inclui activos ainda não explorados de areias betuminosas) à Canadian Natural Resources Ltd, uma das maiores empresas do sector no Canadá, por 8.500 milhões de dólares.

Numa segunda fase, a Shell e a Canadian Natural Resources compram através de uma joint-venture (50%-50%, por 1.250 milhões de dólares cada) a Marathon Oil Canada Corporation (MOCC) que detém actualmente 20% da AOSP. Desta forma, a posição inicial de 60% na AOSP é reduzida para 10% e a Canadian Natural Resources torna-se a operadora da extracção das areias.

A empresa anglo-holandesa continuará a operar a infra-estrutura Scotford de processamento pré-refinação de betumes e do projecto de captura e armazenamento de dióxido de carbono denominado Quest, integrado em Scotford e que absorve o CO2 produzido na obtenção de hidrogénio necessário para tratar as areias betuminosas.

Mas deixa em aberto a possibilidade de trocar a sua posição na MOCC (os 50% da joint-venture) por 20% dos projectos Scotford e Quest, que são detidos pela AOSP, significando assim o abandono total da actividade extractiva. As unidades de extracção e de upgrade têm actualmente uma capacidade de produção instalada de 255 mil barris por dia mas a obtenção de petróleo por este meio é dispendiosa, além de polémica pelas emissões de gases com efeito de estufa associadas ao seu tratamento.

As transacções serão feitas através das subsidiárias Shell Canada Energy, Shell Canada Limited e Shell Canada Resources e deverão esta concluídas em meados deste ano. A empresa espera que o negócio contribua para o programa de desinvestimento da energética, avaliado em 30 mil milhões de dólares – metade do valor estava realizado ou comprometido em 2016 - e para reduzir a dívida do grupo, avolumada aquando da aquisição do BG Group.

Os activos que agora serão alienados geraram perdas de 22 milhões de dólares (antes de impostos) no exercício de 2016. A Shell manterá contudo a totalidade do capital da refinaria adjacente a este projecto.

As acções da Shell caem 2,56% em Londres, para 20,71 libras, agravando os recuos da manhã numa altura em que os preços do petróleo nos mercados internacionais recuperam do tombo verificado na sessão de quarta-feira, motivado pela subida recorde dos stocks de crude nos EUA.

No último trimestre do ano passado, os lucros da Royal Dutch Shell, ajustados aos efeitos extraordinários e às alterações nos inventários, subiram 14% em termos homólogos para 1,8 mil milhões de dólares.

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