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Xisto dos EUA volta a desafiar petróleo da OPEP

Depois da crise de dois anos que derrubou o petróleo de 100 para 26 dólares, a produção norte-americana está de novo a subir, o que abre a possibilidade de um novo confronto com a OPEP.

Bloomberg
05 de Março de 2017 às 11:00
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Quando os altos responsáveis do sector do petróleo reuniram há um ano, em Houston, o ministro de Energia da Arábia Saudita dirigiu palavras duras às empresas que exploram o xisto dos EUA, devido às dificuldades geradas com a maior queda dos preços numa geração.

 

"Reduzam os custos, peçam dinheiro emprestado ou liquidem", disse Ali Naimi, que geriu a maior empresa exportadora de petróleo do mundo durante mais de duas décadas.

 

No ano passado, as empresas seguiram, em grande parte, o conselho de Naimi. Apesar de mais de 100 delas terem ido à falência desde o início de 2015, as que sobreviveram transformaram-se em versões mais pequenas, leves e ágeis, capazes de prosperar com o barril de petróleo a 50 dólares. Agora, é a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) que está à procura de soluções, desesperada para elevar ainda mais os preços, numa tentativa de recuperar as economias dos países que integram o cartel.

 

"O negócio do xisto rejuvenesceu devido às dificuldades que passou", disse o CEO da Royal Dutch Shell, Ben van Beurden.

 

Depois da crise de dois anos que derrubou o petróleo de 100 para 26 dólares, a produção norte-americana está de novo a subir, o que abre a possibilidade de um novo confronto com a OPEP. O número de sondas dos EUA aumentou 91% em pouco mais de nove meses, para 602.

 

Enquanto isso, a produção aumentou em mais de 550.000 barris por dia desde o terceiro trimestre, ficando acima de 9 milhões de barris por dia pela primeira vez desde Abril.

E no momento em que o xisto regressa para a vingança, a exploração não se resume aos "cowboys" pioneiros que dominaram a primeira fase da revolução na formação Bakken, em Dakota do Norte. Agora, a Exxon Mobil e outros grandes grupos petrolíferos estão a entrar na corrida. Trata-se de uma nova realidade que a OPEP e a Rússia - as principais forças por trás dos cortes de produção aprovados no ano passado como solução para reequilibrar o mercado global - estão a começar a reconhecer.

 

"Com o barril a 55 dólares, vemos todos felizes nos EUA", disse Didier Casimiro, administrador da petrolífera Rosneft, com sede em Moscovo.

 

Há tempos líder mundial em desenvolvimentos petrolíferos multibilionários que levam anos para serem construídos e ainda mais tempo para renderem lucros, a Exxon está a canalizar cerca de um terço do seu orçamento de exploração deste ano para os campos de xisto, que fornecerão "cash flow" em apenas três anos, disse o CEO Darren Woods. Em Janeiro, a Exxon fechou um acordo de 6,6 mil milhões de dólares numa aquisição que tem como objectivo duplicar a presença da empresa na bacia do Permiano, na região oeste do Texas e no Novo México, o campo de xisto mais fértil dos EUA.

 

Adicione à mistura a eleição do presidente Donald Trump, com a promessa de reduzir as regulações e ampliar os pipelines e a independência energética, e perceberá por que o humor na CERAWeek, a conferência que todos os anos reúne executivos, banqueiros e investidores do sector do petróleo em Houston, será muito mais brilhante na próxima semana do que foi em 2016.

"As petrolíferas norte-americanas vão aumentar os seus investimentos em 25% em 2017 em comparação com o ano passado", disse Daniel Yergin, historiador e consultor do sector que organiza a CERAWeek. "O aumento reflecte o magnetismo do xisto dos EUA."

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