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Shell avisou para os perigos das alterações climáticas em 1991

Um vídeo de informação pública foi agora recuperado pelo jornal Guardian mostra que a petrolífera tinha identificado os perigos do aquecimento global, mas nada fez para os evitar.

Reuters
Negócios 28 de Fevereiro de 2017 às 13:30
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A gigante petrolífera Shell avisou o público, em 1991, dos perigos das alterações climáticas, através de um vídeo que foi divulgado na altura e que o Guardian recuperou. O jornal, no entanto, recorda que depois disso a companhia investiu milhões em reservas de petróleo altamente poluentes e ajudou no lobby contra medidas para impedir alterações no clima mundial.


O filme, de 28 minutos, chama-se "Climate of Concern" (clima de preocupação) e foi produzido para ser disponibilizado ao público, particularmente em escolas e universidades, segundo o Guardian. Avisava para fenómenos meteorológicos extremos como inundações, fomes e refugiados por causa do clima, enquanto os combustíveis fósseis aquecessem o ambiente. Este aviso era apoiado por um consenso de cientistas num relatório à ONU no final de 1990, segundo o filme.


"O aquecimento global ainda não é certo, mas muitas pessoas acham que esperar por provas definitivas é irresponsável. Acção imediata é o nosso seguro à prova de todos os riscos", dizia o filme. Num relatório de 1986, que o jornal viu, a empresa dizia que apesar das incertezas "as mudanças podem ser as maiores da história conhecida". As previsões para a temperatura e para a subida do nível do mar estavam próximas do que acabou por acontecer, segundo os cientistas. Mas isso não impediu a Shell de investir em operações altamente poluentes e explorações no Árctico, além de ter identificado o gás de xisto como uma oportunidade futura, apesar de dados de 1998 mostrarem que este negócio era incompatível com as metas para o clima.

O filme foi obtido por uma plataforma de jornalismo holandesa chamada Correspondent e partilhado com o Guardian. Era altamente elogioso para os empreendimentos de energia solar e eólica, mas mais recentemente a Shell levou a cabo esforços de lobby para contrariar  as metas da União Europeia nesta matéria, bem como nas políticas ambientais. O investimento da Shell em fontes de energia não fóssil tem sido mínimo.


Também a gigante Exxon Mobil está em investigação nos EUA por ter dado informações enganadoras aos investidores sobre os riscos que as alterações climáticas teriam para o seu negócio.


A Shell reagiu à notícia referindo que "a nossa posição nesta matéria é bem conhecida; reconhecer o desafio do clima e o papel que a energia tem em permitir uma qualidade de vida decente. A Shell continua a apelar a políticas eficientes para apoiar negócios e escolhas do consumidor com menos pegada de carbono". 

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