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Petróleo afunda 5% após Arábia Saudita defender corte "modesto" na produção

As declarações de Khalid Al-Falih colocaram o Brent em Londres a negociar abaixo dos 60 dólares por barril.

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No arranque da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em Viena, o ministro da Energia da Arábia Saudita revelou que ainda não existe acordo para o cartel e os seus aliados reduzirem a produção da matéria-prima e defendeu que apenas é necessário efectuar um "corte moderado".

 

As declarações de Khalid Al-Falih tiveram repercussões imediatas no mercado, com a cotação do petróleo a chegar a perder 5% em Londres para 58,36 dólares, já perto do mínimo de Outubro de 2017 fixado na semana passada.

 

O Brent em Londres desvaloriza 4,32% para 58,90 dólares e o WTI em Nova Iorque cede 4,24% para 50,65 dólares.

 

O ministro da Energia da Arábia Saudita (e voz mais influente da OPEP) disse aos jornalistas, antes da reunião que tem lugar em Viena, que está em cima da mesa a aplicação de um corte de produção entre 500 mil e 1,5 milhões de barris por dia, mas não está fechado qualquer acordo e a Rússia ainda não revelou o que pretende fazer.

 

A reunião de hoje inclui apenas os membros do cartel, sendo que amanhã será alargada aos aliados da OPEP (grupo que inclui a Rússia e é conhecido por OPEP+).

 

Al-Falih considerou "adequado" um corte global (OPEP+) de 1 milhão de barris por dia, um volume considerado "modesto" e que fica abaixo do esperado pelo mercado, que aguardava uma redução de pelo menos 1,3 milhões de barris. Esta declaração do ministro saudita está a contribuir para a desvalorização das cotações, já que estava a ser estimada uma acção concertada de maior dimensão para travar a descida recente da matéria-prima nos mercados.

 

O ministro descartou a necessidade de um "grande corte" de produção e disse também que a Arábia Saudita está preparada para lidar com as consequência de não ser possível alcançar um acordo global na OPEP+ para limitar a oferta de petróleo no mercado.

 

"Na Arábia Saudita vamos defender algo adequado para equilibrar o mercado. Não queremos um choque no mercado", afirmou o ministro. "Se não estivermos todos preparados para contribuir de forma igual [no corte de produção], vamos esperar até que estejam.

 

Enquanto decorre a reunião em Viena, o ministro da Energia russo vai encontrar-se com Putin para acertar a estratégia da Rússia na sexta-feira.

 

Os eventuais cortes de produção que venham a ser acertados serão implementados no início do próximo ano e têm como referência os níveis de produção registados em Outubro.

 

As declarações efectuadas por membros da OPEP também evidenciam uma preocupação limitada com a forte queda do petróleo nas últimas semanas. O ministro do petróleo do Irão revelou que a maioria dos países do cartel está confortável com cotações entre 60 e 70 dólares por barril.

 

Pressão nos preços

Ainda que a maioria dos membros do cartel esteja de acordo quanto aos cortes, convencer a Rússia a regressar aos cortes poderá não ser fácil. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, adiantou recentemente que o nível actual do petróleo [em mínimos de um ano] está "perfeitamente bem". 

"A Rússia precisa de estar envolvida num corte, mas apenas precisa que as cotações do petróleo estejam nos 43 dólares por barril para equilibrar o seu orçamento de 2019", explica Ole Hansen. Por outro lado, o analista do Saxo Bank lembra que os sauditas terão ainda de gerir as relações com os EUA, depois do escândalo que envolveu a morte de um jornalista do país na Turquia. E a pressão de Donald Trump tem sido elevada.

 

Na véspera da reunião do grupo OPEP+, o presidente dos Estados Unidos escreveu no Twitter que o mundo "não quer ver, nem precisa, de preços do petróleo mais altos". "[A Arábia Saudita] enfrenta um dilema porque o presidente Trump "gosta de preços de petróleo baixos" e o Reino está dependente da sua boa vontade por causa do caso Khashoggi", acrescenta o Commerzbank numa nota.

 

Apesar da pressão por parte dos EUA para manter a produção actual, a saída deste encontro sem um acordo pode intensificar a tendência de quedas das cotações. Para Ole Hansen, "qualquer coisa que não seja um corte substancial acima de um milhão de barris por dia arrisca atirar o petróleo para níveis bem mais baixos". O Saxo Bank espera, assim, "um corte grande o suficiente para parar a queda e enviar o petróleo de volta para os 70 dólares antes do final do ano".

A matéria-prima afunda mais de 15% no último mês, com o desempenho negativo a ser motivado sobretudo pela perspectiva de aumento da oferta e redução da procura, num contexto de produção recorde nos EUA e abrandamento da economia global. A Agência Internacional de Energia prevê, num relatório, uma redução na procura de petróleo por parte dos países fora da OCDE. Caso não haja acordo por parte da OPEP, as cotações do "ouro negro" podem baixar até aos 50 dólares, antecipa Hansen.

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