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Petróleo a caminho da maior queda semanal desde Janeiro

As cotações do "ouro negro" poderão marcar a maior queda semanal de quase 10 meses, numa altura em que já se esgotou toda a subida registada aquando do anúncio da OPEP para um corte de produção.

Reuters
04 de Novembro de 2016 às 15:12
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O preço do petróleo está a caminho da maior descida semanal desde a semana terminada a 15 de Janeiro. A pressionar têm estado vários factores, como a incerteza em torno do resultado das eleições presidenciais norte-americanas, mas é o forte excedente da oferta nos mercados mundiais que tem sido o grande responsável.

 

O facto de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ter anunciado a 28 de Setembro um acordo para reduzir a sua produção levou as cotações à euforia. Mas foi "sol de pouca dura" e os receios de que afinal o cartel não consiga implementar esses cortes têm estado a castigar a matéria-prima nos principais mercados internacionais. Isto num contexto de aumento das reservas norte-americanas de crude.

 

O Brent do Mar do Norte, negociado em Londres, para entrega em Janeiro segue esta sexta-feira a cair 0,90% para 45,95 dólares por barril. Na semana, recua 9,90%, a maior depreciação desde o período de cinco sessões terminado a 15 de Janeiro.

 

Já o contrato de Dezembro da referência dos EUA, que é o West Texas Intermediate (WTI), está a ceder 0,58% para 44,40 dólares - a resvalar 8,8% no acumulado desta semana, que é também a perda semanal mais acentuada de quase 10 meses - depois de já ter recuado 10% nas cinco sessões anteriores – ontem fecharam no valor mais baixo desde que a OPEP chegou ao acordo preliminar de Setembro.

 

Nesse dia 28 de Setembro, contra a generalidade das expectativas, os membros da OPEP chegaram a acordo para limitar a produção, algo que não acontecia há oito anos. O tecto ficou estabelecido em 32,5 milhões de barris por dia, estando por definir alocações especiais para o Irão, Líbia e Nigéria.

 

O Irão, depois de anos de sanções, regressou recentemente ao mercado e disse não querer abrir mão do processo de recuperação dos seus níveis anteriores de produção. Além disso, o mercado está também a receber mais crude por parte da Líbia e da Nigéria, cujas exportações foram reduzidas devido a conflitos internos e que estão agora a retomar – o que agrava ainda mais o desequilíbrio entre a oferta e a procura mundial.

  

Concretamente, o que se alterou foi o facto de haver novamente uma quota de produção total definida para a OPEP - responsável por cerca de 40% do petróleo produzido a nível mundial. A organização tinha o seu plafond estabelecido desde há dois anos nos 30 milhões de barris por dia e nas últimas reuniões preferiu sempre não se pronunciar quanto a um novo tecto. O problema é que este limite não era respeitado, sendo constantemente superado. Assim, ao estabelecer a quota nos 32,5 milhões, o cartel comprometeu-se, oficialmente, a reduzir os seus excessos.

 

Os mercados reagiram euforicamente no dia desse anúncio. Mas agora tem estado a crescer a especulação de que os produtores de petróleo não irão conseguir implementar o acordo para reduzir a oferta de crude no mercado.

 

A contribuir está o facto de a Rússia, Azerbeijão, Brasil, Cazaquistão, México e Omã – que não pertencem à OPEP – já terem vindo dizer que não se comprometem a reduzir ou congelar as suas produções enquanto não houver um acordo concreto por parte do cartel. Agora, a menos de um mês da reunião da organização [agendada para 30 de Novembro], as atenções estão de novo concentradas nos seus membros, com os mercados à espera de saber se finalmente a via da redução é mesmo concretizada.

 

O cartel aprovou esta segunda-feira um documento que estipula a estratégia de longo prazo deste grupo exportador – isto depois dos repetidos adiamentos, sobretudo devido às diferenças de opinião entre a Arábia Saudita e o Irão. No entanto, o mercado está como São Tomé: ver para crer.

 

Os países membros que dependem fortemente desta matéria-prima como fonte de receita, como é o caso da Argélia e do Irão, têm tentado que a organização reduza as suas exportações, de modo a que os preços subam. No entanto, a Arábia Saudita tem feito finca-pé, já que a queda das cotações também provoca dificuldades a produtores como os EUA – que assentam grandemente a sua prospecção no xisto betuminoso, cuja exploração é muito mais dispendiosa.

 

Segundo avançava a Reuters, com o documento aprovado esta segunda-feira a Arábia Saudita dá mostras de estar agora mais disposta a ponderar cortes na produção. Contudo, enquanto o cenário não se efectiva, as cotações continuam a cair.

 

"Atendendo à recente debilidade dos preços, talvez os mercados estejam a perder a fé naquilo que a OPEP poderá de facto conseguir", comentou à Bloomberg um estratega do BNP Paribas, Harry Tchilinguirian.

 

Na semana terminada a 15 de Janeiro, os preços do petróleo estavam em forte derrapagem devido a um relatório da Agência Internacional da Energia, que dizia que o mundo poderia muito em breve "afogar-se num excesso de oferta". Isto numa altura em que, a juntar às exportações já bastante volumosas, um outro ‘player’ estava a preparar o seu regresso em força ao mercado vendedor depois de anos de sanções internacionais: o Irão. Este membro da OPEP, que viu as sanções serem retiradas após assinar o acordo nuclear - pretende recuperar o seu lugar de segundo maior exportador do cartel, depois da Arábia Saudita.

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