Notícia
OPEP+ aperta torneira para dar fôlego aos preços
Tudo aponta para que, na reunião de 5 de outubro, o grupo de produtores de crude anuncie um corte da oferta superior a um milhão de barris por dia. Mas o volume da retirada de “ouro negro” do mercado pode mesmo vir a ser ainda maior.
Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) vão reunir-se esta quarta-feira para delinear o nível de produção de novembro e é cada vez mais afinado o coro de vozes que aponta para um corte mais musculado da oferta. Isto no sentido de travar a sangria que se tem verificado nos preços do crude, que caíram recentemente para níveis de inícios do ano.
No início de setembro, o cartel e os seus aliados anunciaram um corte da produção em 100 mil barris por dia a partir de outubro, o que foi um volume simbólico. Agora, tudo aponta para que anunciem um fecho de torneiras de mais de um milhão de barris por dia. Segundo delegados da OPEP, em declarações à Bloomberg, o grupo de produtores irá anunciar um corte superior a um milhão de barris diários quando se reunir em Viena.
Desde a semana passada que os analistas de alguns bancos, como o UBS e JPMorgan Chase, aludiam à possibilidade de a OPEP+ ter de reduzir a oferta diária em pelo menos meio milhão de barris para estabilizar os preços.
"Apesar de os inventários – da indústria e dos governos – da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) terem diminuído em 163 milhões de barris desde o início do ano, estando agora no nível mais baixo desde 2004, o sentimento do mercado petrolífero é muito negativo", sublinha o UBS numa nota de "research" a que o Negócios teve acesso.
A contribuir tem estado a subida do dólar, que encarece a matéria-prima para quem negoceia com outras moedas, já que a nota verde tem sido uma das preferências como ativo refúgio nestes tempos de incerteza agravados pela guerra na Ucrânia, pela alta inflação, subida dos juros diretores por parte dos bancos centrais e potencial entrada em recessão global.
Por isso, "apesar de mantermos uma perspetiva positiva para os preços, a estabilidade de curto prazo só pode vir da mão da OPEP+", refere Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do banco suíço. "Se o grupo de produtores não retirar barris do mercado, é possível que haja mais pressão negativa sobre as cotações", acrescenta.
Já o RBC Capital Markets apontava, na semana passada, para a possibilidade de a OPEP+ optar por uma redução na ordem de pelo menos um milhão de barris diários – cenário esse que foi este domingo confirmado por delegados do cartel petrolífero.
A aliança dos 23 países produtores – os 13 membros da OPEP (embora o Irão, Líbia e Venezuela não participem deste esforço de redução da produção) e 10 parceiros, liderados pela Rússia – volta assim a fechar o volume das torneiras, após ter iniciado há um ano o processo contrário.
Foi em dezembro de 2016 que foi assinada a "declaração de cooperação" entre a OPEP e outros grandes produtores não membros do cartel para uma retirada concertada de crude do mercado a partir de janeiro de 2017 de modo a fazer subir os preços, cooperação que se mantém até hoje.
Este acordo de diminuição da oferta tem variado consoante as necessidades do mercado e o nível de preços do petróleo, tendo durante o ano de 2020, em plena pandemia, ascendido a 9,7 milhões de barris por dia, de modo a sustentar os preços num período de forte queda do consumo. Mas, com os programas de vacinação, o cartel e os seus parceiros começaram a diminuir o esforço associado ao corte da oferta, ainda que de forma gradual.
Em setembro deste ano já estava de volta ao mercado todo o crude "retido" durante a pandemia, mas agora a OPEP+ volta a ter de tomar medidas para reforçar os preços.
No início de setembro, o cartel e os seus aliados anunciaram um corte da produção em 100 mil barris por dia a partir de outubro, o que foi um volume simbólico. Agora, tudo aponta para que anunciem um fecho de torneiras de mais de um milhão de barris por dia. Segundo delegados da OPEP, em declarações à Bloomberg, o grupo de produtores irá anunciar um corte superior a um milhão de barris diários quando se reunir em Viena.
"Apesar de os inventários – da indústria e dos governos – da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) terem diminuído em 163 milhões de barris desde o início do ano, estando agora no nível mais baixo desde 2004, o sentimento do mercado petrolífero é muito negativo", sublinha o UBS numa nota de "research" a que o Negócios teve acesso.
A contribuir tem estado a subida do dólar, que encarece a matéria-prima para quem negoceia com outras moedas, já que a nota verde tem sido uma das preferências como ativo refúgio nestes tempos de incerteza agravados pela guerra na Ucrânia, pela alta inflação, subida dos juros diretores por parte dos bancos centrais e potencial entrada em recessão global.
Por isso, "apesar de mantermos uma perspetiva positiva para os preços, a estabilidade de curto prazo só pode vir da mão da OPEP+", refere Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do banco suíço. "Se o grupo de produtores não retirar barris do mercado, é possível que haja mais pressão negativa sobre as cotações", acrescenta.
Já o RBC Capital Markets apontava, na semana passada, para a possibilidade de a OPEP+ optar por uma redução na ordem de pelo menos um milhão de barris diários – cenário esse que foi este domingo confirmado por delegados do cartel petrolífero.
A aliança dos 23 países produtores – os 13 membros da OPEP (embora o Irão, Líbia e Venezuela não participem deste esforço de redução da produção) e 10 parceiros, liderados pela Rússia – volta assim a fechar o volume das torneiras, após ter iniciado há um ano o processo contrário.
Foi em dezembro de 2016 que foi assinada a "declaração de cooperação" entre a OPEP e outros grandes produtores não membros do cartel para uma retirada concertada de crude do mercado a partir de janeiro de 2017 de modo a fazer subir os preços, cooperação que se mantém até hoje.
Este acordo de diminuição da oferta tem variado consoante as necessidades do mercado e o nível de preços do petróleo, tendo durante o ano de 2020, em plena pandemia, ascendido a 9,7 milhões de barris por dia, de modo a sustentar os preços num período de forte queda do consumo. Mas, com os programas de vacinação, o cartel e os seus parceiros começaram a diminuir o esforço associado ao corte da oferta, ainda que de forma gradual.
Em setembro deste ano já estava de volta ao mercado todo o crude "retido" durante a pandemia, mas agora a OPEP+ volta a ter de tomar medidas para reforçar os preços.
Apesar de mantermos uma perspetiva positiva para
os preços, a estabilidade de curto prazo
só pode vir da mão da OPEP+. Giovanni Staunovo
Analista de matérias-primas do UBS
os preços, a estabilidade de curto prazo
só pode vir da mão da OPEP+. Giovanni Staunovo
Analista de matérias-primas do UBS