Notícia
Brent foi dos 125 aos 85 dólares em apenas quatro meses
Os preços do crude de referência para as importações europeias deram um forte tombo devido sobretudo à solidez do dólar e aos receios de recessão global.
Os preços do “ouro negro” caíram na semana passada para níveis de janeiro, à conta da subida dos juros diretores de muitos bancos centrais e com o receio de que este aperto da política monetária leve a uma recessão global.
A ajudar a debilitar as cotações do petróleo tem estado também a força do dólar – o que torna a matéria-prima, denominada nesta moeda, menos atrativa para os investidores. A nota verde tem tido bastante procura no atual clima de incerteza, penalizando ainda mais o “ouro negro”.
Em inícios de junho, o Brent do mar do Norte, que serve de referência às importações europeias, estava a negociar na casa dos 125 dólares – regressando assim aos máximos de 9 de março, ainda empolado pela invasão da Ucrânia pela Rússia a 24 de fevereiro –, o que o colocava a pouco mais de 22 dólares do seu máximo histórico de 147,50 dólares atingido em 2008.
Desde então, o cenário mudou e o Brent estava na semana passada a negociar nos 85 dólares, valores que não atingia desde janeiro.
Esta queda de 40 dólares em apenas quatro meses acompanhou o posicionamento mais agressivo por parte de bancos centrais de todo o mundo, que têm estado a subir as taxas de juro de referência para tentarem conter a elevada inflação, intensificando os receios de que o mundo mergulhe numa recessão – levando também a uma menor procura por combustíveis.
“O clima de incerteza levou muitos investidores a reduzirem as suas posições em petróleo para garantirem os ganhos acumulados até então”, refere Giovanni Staunovo, analista de “commodities” do UBS, numa nota de “research” a que o Negócios teve acesso.
Além disso, acrescenta o estratega do banco suíço, “a robustez do dólar limita a capacidade dos países consumidores que negoceiam com outras moedas, já que não conseguem capitalizar os preços mais baixos do petróleo”.
Tanto o Brent como o West Texas Intermediate – “benchmark” nos Estados Unidos – seguiam ontem a negociar na ordem dos 88 dólares por barril, numa tendência de recuperação ditada pela convicção de que a OPEP+ irá intervir para sustentar os preços. Mas se os membros do cartel e os seus aliados não conseguirem convencer o mercado, rapidamente a cotação do crude pode voltar ao movimento descendente.