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Goldman Sachs prevê queda do petróleo até aos 43 dólares

Os analistas do banco norte-americano reviram em baixa de sete dólares as suas estimativas para os preços do petróleo no último trimestre deste ano.

Bloomberg
27 de Setembro de 2016 às 19:21
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O banco norte-americano Goldman Sachs cortou em sete dólares a sua projecção para o preço médio do barril de West Texas Intermediate - crude de referência dos EUA que é negociado no mercado nova-iorquino - no quarto trimestre, de 50 para 43 dólares. A justificação? O imparável excedente da oferta mundial.

 

Segundo os analistas do Goldman, citados pela Reuters, este excesso de oferta nos mercados irá pesar qualquer suporte dos preços que possa advir no curto prazo com um potencial acordo entre os principais produtores mundiais para limitar as exportações.

 

Mas até isso parece estar fora de questão, pois tudo aponta para que amanhã não haja acordo entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), na reunião na Argélia, no sentido de conter a oferta. Isto porque o Irão, depois de anos de sanções, regressou recentemente ao mercado e não quer abrir mão do processo de recuperação dos seus níveis anteriores de produção.

 

A ausência de perspectiva de um acordo entre a OPEP e a Rússia [e outros produtores de topo que não são membros do cartel] para congelar a produção – e aliviar este excedente nos mercados, potenciando um aumento dos preços – está a fazer cair as cotações do "ouro negro", que seguem esta terça-feira a cair em torno de 3% nos mercados nova-iorquino (WTI) e londrino (Brent do Mar do Norte, que serve de referência às importações portuguesas).

 

Além da maior produção do Irão, o mercado tem estado também a receber mais crude por parte da Líbia e da Nigéria, cujas exportações foram reduzidas devido a conflitos internos e que estão agora a retomar – o que agrava ainda mais o desequilíbrio entre a oferta e a procura mundial.

 

Para o quarto trimestre de 2016, o Goldman Sachs estima – citado pela CNBC - um excedente global de 400 mil barris por dia na oferta de petróleo [contra 300 mil previstos anteriormente].

 

Relativamente às suas estimativas para 2017, os analistas do Goldman Sacha mantêm a previsão de um preço médio de 52 dólares por barril para o WTI.

 

Num relatório da corretora de trading online XTB, a que o Negócios teve acesso, os analistas estimam que o crude seja transaccionado num intervalo entre os 38 e os 52 dólares por barril nos próximos meses.

 

Valorização supeiror a 20% desde o início do ano

No acumulado do ano, apesar deste excesso da oferta mundial, o WTI valoriza 20,8% e o Brent sobe 23,8%. Esta recuperação, que está agora a perder terreno, resultou da queda temporária da produção no Canadá - devido a incêndios -, na Nigéria – provocada pelos ataques dos rebeldes -, e na Líbia – devido à guerra civil em curso. "É fácil de constatar que o plano da Arábia Saudita de impedir a produção norte-americana de petróleo a partir do xisto falhou. Os produtores nos EUA estão a aumentar a sua actividade, tal como demonstra o aumento das plataformas de perfuração que permitiu pôr fim ao declínio na produção de petróleo nos EUA", sublinha a XTB.

 

A corretora online recorda ainda que a decisão da Fed de manter as taxas de juro também contribuiu para sustentar os preços da matéria-prima nos últimos tempos, já que a manutenção dos juros directores levou a uma queda do dólar – o que influenciou positivamente o crude e todos os activos denominados na nota verde, já que ficam mais atractivos como investimento.

 

Há quase dois anos que se espera que a OPEP corte o plafond de produção dos 12 membros do cartel para reduzir a oferta e impulsionar os preços, mas não é o que tem acontecido. A organização mantém neste momento a a sua meta nos 30 milhões de barris por dia. E muito à conta das pressões do seu maior produtor, a Arábia Saudita.

 

Mas há mais. Além de a OPEP ter mantido o plafond, os seus membros ultrapassam constantemente as metas de produção, o que agrava o excedente mundial de oferta.

 

Uma vez que o cartel é responsável por cerca de 40% do petróleo produzido a nível mundial, quanto mais "ouro negro" faz jorrar no mercado, maior é a pressão baixista sobre os preços. Atendendo a que estes países dependem grandemente das exportações de crude, vão produzindo mais para obterem maiores receitas. É um ciclo vicioso. No entanto, há o outro lado da moeda: quanto mais crude entra no mercado, mais o preço desce, o que penaliza fortemente estas economias.

 

Mas por que razão é que a OPEP não agiu como tantas outras vezes, reduzindo a oferta para fazer subir os preços? A resposta é simples: ganhar mais quota de mercado. A OPEP parece, pois, apostada em que sejam os EUA e outros produtores a responsabilizarem-se pela redução da oferta excedentária.

 

Uma das razões apontadas pela Arábia Saudita para não se cortar o plafond de produção do cartel reside precisamente no ímpeto produtor dos norte-americanos. Segundo os sauditas, se os preços continuarem baixos, não compensará produzir petróleo a partir de xisto betuminoso, visto que são operações com um processamento muito dispendioso. Ora, tal como acontece com o petróleo do pré-sal brasileiro, que é prospeccionado a grandes profundidades, se as cotações do crude não estiverem num determinado patamar, não compensa estar a apostar numa extracção que sai muito dispendiosa.

 

No entanto, os planos sauditas têm sair gorados. É que os Estados Unidos decidiram permitir que se possa vender crude ultra-ligeiro ao estrangeiro sem ser necessária a aprovação do Governo, o que deu um incentivo à produção, impulsionando a capacidade exportadora do país – além de que a valorização dos preços este ano trouxe de volta muitos projectos que estavam parados.

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