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Arábia Saudita reforça fundo soberano com "megalucros" do petróleo

A Arábia Saudita conseguiu, no primeiro trimestre do ano, alcançar o primeiro excedente orçamental desde 2013 devido à escalada da cotação do petróleo no mercado internacional. O reino vai aplicar o excedente no fundo soberano e reservas.

Reuters
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O disparo das cotações do petróleo fortificou as finanças da Arábia Saudita, levando o reino a planear reforçar o seu fundo soberano (na sigla inglesa PIF) com o lucro obtido com a exportação de ouro negro.

 

O ministro das Finanças da Arábia Saudita explicou, em entrevista ao Financial Times, que o objetivo é utilizar os "petrodólares" para modernizar o reino, à medida que o Governo aposta em grandes infraestruturas que estão a ser construídas no país. Ainda assim, Mohammed bin Abdullah Al-Jadaan sublinhou que o Estado fará questão de manter a disciplina orçamental.

 

"Precisamos ter certeza de que temos despesas previsíveis e sustentáveis que não flutuam com os preços do petróleo, caso contrário, voltaremos às [práticas] anteriores", assegurou o braço direito para as Finanças do príncipe Mohammad bin Salman. "Quanto mais receita é gerada, maior é o gasto, quando se tem menos receitas gasta-se menos o que é muito difícil para a economia", acrescentou.

 

Assim, a receita excedente arrecada com a exportação de petróleo será utilizada para repor as reservas do país e ser distribuída entre o PIF e o Fundo Nacional de Desenvolvimento, que apoia o setor privado.

 

Nos últimos sete anos, Riade viu os níveis de dívida subirem, recorreu às reservas, cortou os subsídios de energia e combustíveis e triplicou o imposto sobre o consumo. Em contrapartida lançou com programa de grandes investimentos em projetos no país, apesar do défice.

 

No entanto, este ano - com o agravamento do desequilíbrio no mercado do petróleo, gerado pela guerra na Ucrânia que levou o barril de petróleo a custar mais de 100 dólares - o cenário mudou. A receita obtida com a exportações de ouro negro aumentou 58% em termos homólogos durante o primeiro trimestre do ano para 49 mil milhões de dólares, o que permitiu ao reino contabilizar um excedente orçamental de 15,3 mil milhões de dólares durante os primeiros três meses do ano.

 

Face a esta evolução, Riade está mesmo no caminho de superar as estimativas para 2022, estando previsto que chegue ao final do ano com um excedente de 24 mil milhões de dólares. Desde de 2013, que a Arábia Saudita não registava um saldo orçamental tão positivo.

 

Além do reforço no PIF, Riade delineou um nível mínimo e um teto máximo para as reservas do país. Jadaan recusou-se a revelar números em concreto, afirmando apenas que a intenção é que o Governo detenha "o suficiente para lidar com choques económicos externos, mas, ao mesmo tempo, que possa utilizar receitas excedentes para gerar melhores retornos através da alocação de capital nos fundos".

 

As reservas estrangeiras do reino atingiram um pico de mais de 700 mil milhões de dólares em 2014, mas desde então caíram para 453 mil milhões de dólares.

 

Um fundo em crescimento e com novas apostas

O PIF é um dos maiores fundos soberanos do mundo, com uma carteira de até 500 mil milhões de dólares de ativos sob gestão. Em 2020, em plena pandemia, o fundo recebeu uma injeção de capital de 40 mil milhões de dólares, vindos diretamente do Estado saudita.

Em janeiro, fontes próximas do palácio contactadas pela Bloomberg revelaram que os gestores do fundo pretendiam investir cerca de dez mil milhões de dólares em ações, cumprindo assim o objetivo já anunciado pelo reino de duplicar a carteira de ativos até 2025.

Além disso, as mesmas fontes deram conta que os gestores do fundo queriam apostar num portefólio com títulos de empresas dos setores mais em voga neste momento e que prometem grandes retornos nos próximos tempos, como as energias renováveis e o "e-commerce".

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