Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Soluções de baixo risco para todos

Evitar o risco faz parte da cultura dos portugueses. São mais de 140 mil milhões de euros aplicados em produtos muito conservadores. Saiba quais os que mais rendem aos aforradores avessos ao risco.

27 de Agosto de 2010 às 09:00
  • ...


A população portuguesa é muito avessa ao risco. Cada português tem, em média, cerca de 7.900 euros em depósitos a prazo, 2.600 euros em seguros de capitalização, 1.500 euros em certificados de aforro, 920 euros em fundos de investimento imobiliário e 190 euros em fundos de tesouraria e do mercado monetário.

Não há qualquer problema em se ser conservador, desde que se procure o melhor rendimento entre as soluções de baixo risco.

Para ajudar os seus leitores mais alheios a instrumentos arriscados, o Negócios foi medir o pulso aos principais produtos de baixo risco. Não conte com rendibilidades elevadas, mas beneficie da probabilidade diminuta de perda.





Depósitos a prazo com a popularidade em queda

O estrangulamento do mercado interbancário impede que as taxas de juro oferecidas pelos depósitos a prazo dos bancos portugueses acompanhem a escalada das Euribor. Em Maio, a taxa média concedida foi de 1,26 por cento, menos 0,10 pontos percentuais do que em Abril, mostram as estatísticas divulgadas pelo Banco de Portugal. Por isso, é apenas natural que os aforradores apliquem cada vez menos dinheiro nos depósitos a prazo. Em Maio, o montante amealhado nestes produtos foi de 5.940 milhões de euros, o valor mais baixo desde o Verão de 2006, quando as Euribor cotavam ao dobro dos níveis actuais.

Os depósitos até 100 mil euros continuam a ser produtos de baixíssimo risco, porque estão protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos, auditado pelo Banco de Portugal. Se está à procura de uma aplicação a prazo generosa, comece a busca junto da oferta "on-line" do seu banco. Regra geral, os depósitos constituídos através do serviço de banca à distância pagam juros mais elevados, embora o melhor nos prazos até 12 meses entre os maiores bancos seja o Poupança Nova Vida que pode ser contratado numa agência do Banif.




Depósitos promocionais: aproveite se puder

Em algumas situações pontuais, é possível encontrar depósitos promocionais com elevadas taxas de juro. Às vezes isso acontece porque o banco necessita de reunir fundos e não há quem lhe empreste no mercado interbancário. Outras vezes ocorre porque a instituição financeira quer captar novos clientes. O Depósito Crescente 2-3-4 BBVA, disponível até ao final de Agosto, é um bom exemplo. Os novos clientes ou os actuais que aumentem os seus activos junto do BBVA têm acesso a este depósito a três anos que paga uma taxa de juro de dois por cento no primeiro ano, três por cento no segundo e 4,1 por cento no terceiro.

Feitas as contas, a taxa média líquida é de 2,38 por cento. Há outros depósitos que, à partida, parecem ser promocionais pelos juros que prometem, mas que, na verdade, são depósitos arriscados. No início de Agosto, o Santander Totta lançou o Depósito Valor Mundial a três anos, que pode pagar uma taxa anual bruta até 4,93 por cento. Porém, também poderá pagar apenas 0,33 por cento - tudo dependerá da evolução de um cabaz de 14 acções. Para que não restem dúvidas, antes de constituir um depósito exija a ficha de informação normalizada.

Se houver a indicação "produto financeiro complexo" é porque não é um depósito tradicional, isto é, é um produto com risco.



Certificados de Aforro vs. Certificados do Tesouro

Teoricamente, os Certificados de Aforro e os Certificados do Tesouro não têm risco, porque são garantidos pelo Estado. Porém, não são substitutos perfeitos: enquanto os primeiros pagam juros variáveis, os segundos têm os rendimentos fixos. Assim, quando o investidor adquire Certificados do Tesouro sabe exactamente quanto irá ganhar. Nos Certificados de Aforro, fica-se dependente da evolução da Euribor a três meses, que serve de referência para o cálculo dos juros trimestrais.

Embora ambos tenham a vida limitada a uma década, à partida, os Certificados do Tesouro são os produtos mais indicados para aplicações de longo prazo. Quem comprou 1.000 euros de Certificados do Tesouro em Agosto sabe que, se não pedir o reembolso antes da maturidade, receberá juros anuais que somam cerca de 420 euros. Quem subscreveu Certificados de Aforro apenas sabe que, à taxa de Agosto, obteria 174 euros em juros no final do prazo, se a taxa se mantivesse durante os dez anos. Porém, isso não acontecerá: se a Euribor a três meses subir, como tem acontecido desde Março, o rendimento dos Certificados de Aforro irá atrás. Para que os Certificados de Aforro rendam mais do que os Certificados do Tesouro nos dez anos é preciso que, em média, a Euribor a três meses fique acima de 3,75 por cento. Nos últimos cinco anos, isso só aconteceu ao longo de dois anos.



Fundos mobiliários só de tesouraria, mas com cuidado

Aforrar através de fundos de investimento é cómodo, mas são poucos os produtos de baixo risco nesta indústria. Apenas um em cada 73 fundos comercializados em Portugal pode ser classificado como de risco baixo, mostra a base de dados da Morningstar, que reúne mais de cinco mil produtos. Tradicionalmente, os fundos de tesouraria e do mercado
monetário são as soluções mais conservadoras. Porém, isso não quer dizer que não se pode perder dinheiro.

Os fundos de tesouraria e do mercado monetário são recomendados pelas sociedades gestoras como alternativas aos depósitos a prazo. Normalmente, o prazo mínimo de investimento recomendado são três meses. Embora sejam produtos de risco baixo, nos últimos três meses oito dos 20 fundos de curto prazo geridos em Portugal perderam dinheiro. Aliás, a rendibilidade média nesses três meses foi nula.

O Postal Tesouraria, administrado pela sociedade gestora de fundos da Caixa Geral de Depósitos e comercializado pelos CTT, foi o que mais se desvalorizou: caiu 0,61 por cento nos três meses. O resultado do último ano também foi ligeiramente negativo.






Seguros de capitalização não valem a pena

O Planode Estabilidade e Crescimento eliminou a dedução à colecta dos seguros de vida, logo parte da vantagem fiscal dos seguros de capitalização desapareceu. A taxa de imposto sobre o rendimento reduzida mantém-se, mas foi alvo de um aumento. Na melhor das hipóteses (após oito anos de aforro, se 35 por cento das entregas forem feitas até metade do prazo), o fisco fica com 8,6 por cento do rendimento. Contudo, isso não é suficiente para se recomendar os seguros de capitalização.

"Os elevados custos e a falta de liquidez são as maiores desvantagens. Mas, para estes prazos [superiores a cinco ou oito anos], já tem uma alternativa mais rentável, segura e sem custos: os Certificados do Tesouro", explicam os especialista da Deco Proteste.

Segundo a associação de defesa dos consumidores, os seguros de capital garantido e rendimento variável ganharam, em média, 2,6 por cento antes de impostos em 2009. As comissões absorvem uma grande fatia da rendibilidade: na entrega paga-se, em média, 1,2 por cento. Além disso a Deco Proteste alerta que, "em caso de falência ou fraude, o mecanismo protector do investidor é claramente inferior ao de outras aplicações financeiras". Nos seguros de capitalização são as reservas técnicas que servem de garantia ao investidor. "Contudo, estas poderão não ser suficientes", dizem os analistas.



Imobiliário já deu o que tinha a dar mas fundos continuam a render

Os últimos dados do Índice Imométrica/IPD revelam uma descida do retorno do imobiliário. Nos dois últimos anos, a queda ultrapassa os 12 por cento. "Actualmente subsistem muitas dúvidas sobre quanto tempo será necessário para recuperar o valor perdido e os níveis de retorno do passado e se esta é uma meta ao alcance de todos os activos", escrevem os especialistas da Cushman & Wakefield, a maior empresa privada de serviços imobiliários do mundo, num estudo sobre o mercado português em tempos de crise. O Banco de Pagamentos Internacionais, uma organização supranacional que serve de banco aos bancos centrais, concluiu que o envelhecimento da população impedirá que os imóveis portugueses ofereçam um ganho real até 2050. Aliás, entre 22 países, Portugal é o que deverá sofrer mais com o envelhecimento populacional.

Embora os preços dos imóveis estejam em queda, os fundos imobiliários continuam a render.
No último ano, o ganho médio dos fundos mais acessíveis aos investidores foi de 3,03 por cento, ligeiramente menos do que a rendibilidade anual média de 3,40 por cento no último quinquénio. Antes de investir é preciso ter em atenção às comissões, que podem anular uma grande parte dos ganhos. Por exemplo, o Fundimo, o maior e mais antigo fundo gerido em Portugal, rendeu 2,87 por cento no último ano, mas a sua comissão de subscrição é de 1,75 por cento para quem aplicar menos de cerca de 40 mil euros e a de resgate é de dois por cento.














Deixe o seu dinheiro ir para a Letónia

É possível ganhar perto de três por cento por ano num depósito coberto por fundos de garantia.

Dificilmente um banco estacionado na Zona Euro terá margem para remunerar um depósito a prazo a uma taxa muito superior às Euribor. Contudo, é possível obter uma rendibilidade duas vezes superior a essas taxas em território nacional, basta que seja através de uma sucursal de banco com sede num país de juros mais elevados.

É o que acontece com a sucursal portuguesa do letão PrivatBank.

Ao abrirem uma conta a prazo na única agência do PrivatBank em Portugal, na Rua dos Anjos, 67-A, em Lisboa, os aforradores conseguem ganhar até 3,75 por cento por ano, uma percentagem que desce para 2,94 por cento depois da administração fiscal ficar com 21,5 por cento do rendimento por conta de IRS. Esse ganho anual é aplicado nos depósitos a um, dois e três anos. Nos prazos mais curtos, a taxa anual líquida varia entre 2,36 por cento e 2,75 por cento. Os que não podem, ou não querem, abrir uma conta-corrente no PrivatBank podem constituir à distância o EuroDeposit através de transferência bancária.

Na maturidade da aplicação, o capital e os juros líquidos de impostos são devolvidos à conta da qual foi realizada a transferência inicial.

Tal como os aforros nos bancos nacionais, os depósitos do PrivatBank têm uma garantia de reembolso até 100 mil euros em caso de indisponibilidade dos capitais por razões directamente relacionadas com a situação financeira do banco. Os primeiros 50 mil euros estão protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos da República da Letónia e os restantes 50 mil euros pelo Fundo de Garantia de Depósitos português.




Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio