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Saiba como receber rendimentos dos seus fundos

Receber dividendos dos seus fundos é complicado: muitos perdem dinheiro e outros cobram elevadas comissões. Talvez seja melhor optar por resgates periódicos.

31 de Agosto de 2011 às 08:48
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Em algumas fases da vida é conveniente receber fluxos estáveis dos seus investimentos. O caso mais frequente acontece na reforma: se terminou a sua vida profissional com uma boa poupança, ela pode conceder-lhe dividendos periódicos que funcionem como complemento à sua pensão. Com um pé-de-meia de 250 mil euros e uma rendibilidade anual de 3%, é possível acrescentar mensalmente 625 euros à pensão estatutária.

Há outros casos para querer receber distribuição de dinheiro. Quando um filho ingressa na universidade, uma família pode estabelecer uma dotação de capital para lhe pagar os estudos. Os rendimentos funcionam como uma bolsa de estudo. É possível, também, criar fundos cujos dividendos sirvam para pagar despesas fixas, como a renda da casa ou uma pensão de alimentos.

Embora haja muitas razões para desejar um rendimento periódico dos investimentos, há poucas soluções na área da gestão de activos. Na última meia década desapareceram muitos fundos que tinham como política a distribuição de rendimentos, como o BPI Renda Trimestral e o Espírito Santo Renda Trimestral. A crise financeira, que se iniciou em 2007, foi a principal razão para os desaparecimentos. "A extinção do fundo tem subjacente o interesse dos participantes", dizia, em Setembro desse ano, a BPI Gestão de Activos. O Espírito Santo Renda Trimestral foi incorporado no Espírito Santo Renda Mensal em Dezembro de 2009.

Sobreviventes mantêm-se em crise
Os cinco fundos de obrigações que continuam a sua política de distribuição de rendimentos permanecem em crise. No último quinquénio, todos eles apresentaram perdas. O Millennium Rendimento Mensal é o único que ofereceu ganhos no último ano.

Apesar de investir maioritariamente em obrigações de taxa indexada como quase todos os outros fundos de rendimento periódico, o produto do Millennium BCP rendeu 8,81% no último ano, segundo a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios. O prospecto do Millennium Rendimento Mensal prevê pagar "no mínimo 70% dos rendimentos distribuíveis por unidade de participação". Essa distribuição é operada "mensalmente no dia 30 de cada mês ou no primeiro dia útil seguinte".

No outro espectro das rendibilidades está o Finirendimento: no último ano perdeu 7,61%. Em situação como esta, quando não há avanços na carteira, os gestores não podem proceder a distribuições de rendimentos e os investidores ficam desiludidos. O último pagamento do Finirendimento, cujo prospecto prevê rendimentos semestrais, foi no primeiro de Abril do ano passado.

Imobiliário mais estável mas caro
As rendas prediais recebidas pelos fundos de investimento imobiliário são ideais para quem quer receber pagamentos periódicos dos seus fundos. Além de serem estáveis, são a tábua de salvação num mercado imobiliário em crise. Se não fossem as rendas, o retorno do mercado imobiliário teria sido negativo em 1,5% em 2010 e não de 4,2%, calculam os analistas da Imométrica/IPD.

A rendibilidade anual entre 2,81% e 4,22% dos fundos imobiliários que distribuem rendimentos periódicos é, no entanto, esbatida pelas elevadas comissões dos produtos. Todos esses fundos abertos a subscrições de particulares cobram comissões de subscrição e de resgate que podem chegar aos 2%. Assim, é normal que os investidores tenham de esperar pelo menos um ano para registarem ganhos efectivos.

Face à dificuldade em encontrar fundos de distribuição que sejam simultaneamente rentáveis e baratos, a melhor opção que muitos investidores tomam é escolher um bom fundo que não faça pagamentos periódicos. Quando precisam de dinheiro, esses investidores resgatam parcialmente a poupança, normalmente no montante da valorização do património.






Ganhos imobiliários debilitados pelas comissões

Os fundos de imobiliário que distribuem rendimentos periódicos têm comissões de subscrição e de resgate que podem chegar aos 2% do valor movimentado. Em metade dos casos, a rendibilidade obtida durante o último ano não é suficiente para pagar a soma dos custos de subscrição e de resgate.








Rendimentos baixos

A rendibilidade dos fundos que distribuem rendimentos não tem sido famosa. Apenas o Millennium Rendimento Mensal teve um ganho no último ano. Esse fundo e o Finirendimento pagam apenas parte dos ganhos (70% e 90%, respectivamente), enquanto os restantes distribuem a totalidade das receitas. A frequência dos pagamentos tende a ser mensal. Só o Banif Euro Financeiras e o Finirendimento fogem à regra: preferem a modalidade anual e semestral, respectivamente. Só foram incluídos nesta lista os fundos que não têm comissão de subscrição.









Fundos estrangeiros pagam mais dividendos

Os produtos registados fora de Portugal são mais generosos, mas muitas vezes as promessas de bons dividendos não são concretizadas.

Quem procura um fundo de investimento que distribua rendimentos periódicos deve socorrer-se junto das instituições financeiras portuguesas que comercializam fundos estrangeiros. Enquanto há um fundo de distribuição por cada 35 produtos geridos em território nacional, é possível encontrar um fundo autorizado a pagar dividendos entre cada 20 fundos estrangeiros comercializados em Portugal. Isso traduz-se em cerca de um milhar de fundos de rendimentos, de acordo com a base de dados da agência Morningstar.

Embora sejam muitos, não é simples encontrar um fundo estrangeiro de distribuição que satisfaça as necessidades de um investidor que queira receber um fluxo periódico de dinheiro. Em alguns casos, a promessa de pagar dividendos não passa disso mesmo.

O prospecto do Henderson Horizon Global Technology, o fundo de distribuição de cinco estrela da Morningstar mais rentável no último ano, prevê o pagamento anual de dividendos. Porém, apesar do fundo reunir condições para o fazer (alcançou uma rendibilidade de 55% desde que foi lançado no início de 2005), a sociedade gestora nunca depositou dinheiro nas contas dos investidores. "Os directores reservam-se o direito de aumentar ou diminuir a frequência dos pagamentos de dividendos ao seu critério", esclarece o prospecto do fundo de acções tecnológicas cuja grande parte do ganho mais recente foi à conta da sua aposta na Apple. Antes de investir num fundo a contar com pagamentos é preciso confirmar que os gestores têm feito isso mesmo.

Rendimentos baixos não são pagos
Mesmo que a Henderson distribuísse parte da rendibilidade de 8,72% do último ano do seu fundo de acções tecnológicas, alguns investidores não receberiam qualquer dividendo. Se o valor dos dividendos a receber de um fundo da Henderson for inferior a 50 dólares (cerca de 35 euros), os directores da sociedade gestora reinvestem-nos automaticamente no próprio fundo. É prática comum isto acontecer, embora o limite mínimo para receber dividendos seja normalmente superior.

Entre os melhores fundos de distribuição, segundo a Morningstar, o F&C Emerging Markets Bond na versão com cobertura cambial é o mais generoso. No início de Janeiro, a direcção do fundo, que pretende distribuir anualmente pelo menos 85% dos rendimentos líquidos resultantes dos investimentos, decidiu pagar cerca de 5,81 euros por unidade de participação. Às cotações mais recentes do fundo, esse dividendo representa uma rendibilidade anual superior a 5%. Porém, quem tinha menos de 17,2018 unidades de participação do fundo em Janeiro (avaliadas em cerca de 1844 euros) não recebeu dinheiro: os gestores reinvestiram a receita potencial em novas unidades do fundo em nome do cliente. Neste produto, quando o dividendo gerado é inferior a 100 euros, é efectuado o reinvestimento automático.






Estrelas com dividendos

Entre mais de um milhar de fundos estrangeiros que distribuem rendimentos, estes são os únicos disponíveis em Portugal que investem em acções ou em obrigações e que recebem cinco estrelas da Morningstar, a nota máxima atribuída pela agência de avaliação de fundos de investimento.



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