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Resultados empresariais e valorizações

A previsão para os resultados empresariais parece débil, devido à fraqueza dos principais indicadores económicos. A procura na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) não mostra sinais de melhoria, com a maioria da região, actualmente, em recessão económica ou em situação de quase recessão.

24 de Outubro de 2008 às 06:00
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A desalavancagem dos balanços das famílias e das empresas, seja voluntária ou não, parece que irá persistir, limitando o crescimento do crédito e, deste modo, o crescimento económico. Entretanto, os governos não estão em posição de avançar com despesa pública anti-cíclica depois de terem comprometido milhares de milhões de dólares, euros e libras na recuperação das instituições financeiras.

O nosso inquérito de consenso dos analistas dos 10 bancos de investimento “top-down” sugere uma recuperação razoavelmente forte nos resultados no próximo ano. Entre 7% para o Reino Unido e 12% para os Estados Unidos. Suspeitamos que isto seja demasiado optimista e que tenha de se ajustar em baixa, devido à fraqueza continuada dos principais indicadores.

Os investidores parecem estar a responder a esta incerteza através de uma maior redução no “rating” das acções, com as quedas nos rácios preço/resultados a reflectirem o pessimismo sobre as perspectivas de crescimento no futuro. As valorizações em comparação com as obrigações são reduzidas. Efectivamente, os nossos cálculos de prémio de risco em acções mostram que as acções nos Estados Unidos oferecem um prémio estimado de 6,2% relativamente aos Títulos do Tesouro, com um prazo extremo nos 25 anos.

Questões sobre o futuro

O facto de a descida ser curta ou prolongada depende, em larga medida, da capacidade e vontade dos bancos de retomar os empréstimos interbancários. Se assim for, as taxas interbancárias Libor cairão e os empréstimos à economia real (empresas e famílias) serão retomados, minimizando o impacto nos resultados empresariais.

As cotações de acções poderão crescer em antecipação à recuperação dos resultados. Mas poderá acontecer que as valorizações estejam a passar por uma redução estrutural do “rating”, que parece ter começado em 2000 e que poderá estar relacionada com aspectos demográficos.

Dado que a geração dos “baby boomers” está perto da reforma, uma parte significativa das suas poupanças será detida em obrigações e não em acções. Na verdade, o rácio histórico preço/resultados no índice de referência MSCI Europe caiu de forma bastante regular desde o último máximo cíclico em Fevereiro de 2000, passando de 23,5 vezes para 8,6 vezes no final de Setembro.

Implicações para o investimento

Tendo em vista a incerteza sobre as perspectivas de crescimento, consideramos que as avaliações das acções estão atractivas. Mas não convincentes.

Aparentemente, ainda não foram reunidas as condições para uma subida sustentada das acções, mas uma subida de curto prazo poderá ocorrer num futuro próximo devido à intervenção recente no sector financeiro por parte das autoridades. Poderá estar a ocorrer uma redução no “rating”, relacionada com a demografia. No entanto, uma redução de “rating” também ocorreu entre Março de 2003 e Julho de 2007, durante o período em que o índice MSCI Europe quase duplicou desde a sua queda histórica, passando de 13,9 para 13,3 vezes. Trata-se de uma questão lateral relativamente à questão principal de crescimento dos resultados empresariais.

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