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Google opta pelo ataque na guerra das patentes

A compra da Motorola eleva a Google na guerra das patentes contra a Apple sem aborrecer os seus parceiros de longa data, como a Samsung e a HTC. Os investidores surpreenderam-se com o preço oferecido.

23 de Agosto de 2011 às 08:50
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Os investidores interessados no universo das telecomunicações móveis sabem que há uma guerra de patentes em curso. No início de Agosto, David Drummond, o director com o pelouro legal da Google, escreveu no blogue oficial da firma norte-americana que o sucesso do seu sistema operativo Android despertou uma campanha hostil "organizada pela Microsoft, Oracle, Apple e outras empresas, travada por meio de patentes fictícias".

Drummond referia-se à compra, por 3,1 mil milhões de euros, de um cabaz de patentes de telecomunicações móveis da Nortel Networks efectuada num leilão em que a própria Google ofereceu 2,2 mil milhões de euros. O consórcio vencedor, que inclui a Apple, a Microsoft, a Sony e a Research In Motion, entre outros, ficou com o controlo de seis mil patentes em áreas como Internet, redes sem fios e 4G.



Se a Google quiser incluir tecnologias patenteadas da Nortel no seu sistema Android terá de pagar por isso. Isso ficou claro quando a Apple conseguiu suspender através de um tribunal a venda do "tablet" Galaxy Tab da Samsung, que usa o Android, na Alemanha, argumentado violação de patentes. Agora, depois de comprar a Motorola Mobility por 8,6 mil milhões de euros, a Google ficará com mais de 17 mil patentes como trunfo.

No futuro, o Android poderá usar tecnologia patenteada da Apple ou da Microsoft em troca da autorização da aplicação de tecnologias da Motorola nos sistemas iOS da Apple e Windows Phone da Microsoft. Com a compra da Motorola Mobility, a Google também consegue ser concorrente dos seus melhores parceiros, como a Samsung, a HTC, a LG e a ZTE, sem os aborrecer.

Esses fabricantes de telemóveis, que competem com a Motorola, sabem que podem continuar a vender telemóveis com o sistema Android com menos probabilidade de serem processados por violação de patentes. "A aquisição não alterará o nosso compromisso de gerir o Android como uma plataforma aberta", explicou Larry Page, fundador da Google.

Embora muitas vozes defendam que o preço pago pela Google é exagerado, há outras vantagens que podem ser identificadas na operação, como conseguir uma melhor integração entre "hardware" e "software", ao estilo da Apple, reforçar a aposta do Android nos "tablets" e superar as dificuldades de arranque da Google TV, projecto que também usa o Android, no negócio de televisão interactiva, onde a Motorola já dá cartas.






Google enfrenta Microsoft no território do Skype

As chamadas de baixo custo através do Gmail já chegaram a Portugal e podem ser mais baratas do que no Skype.

Desde o início de Agosto que os utilizadores do Gmail, o serviço de correio electrónico, mensagens instantâneas e videoconferência da Google, podem telefonar directamente para telefones de todo o mundo. A companhia de Mountain View, na Califórnia, entrou no mercado da telefonia pela Internet um ano antes apenas para os utilizadores dos Estados Unidos. É deste modo que a Google enfrenta mais um monopólio da Microsoft: a firma fundada por Bill Gates anunciou em Maio a aquisição da Skype, que lidera neste sector. Segundo o acordo, a Microsoft pagará cerca de 5,9 mil milhões de euros pela Skype.

O serviço concorrente, o Google Voice, é baseado nas aquisições da GrandCentral e da Gizmo5, que custaram conjuntamente cerca de 86 milhões de euros entre 2007 e 2009.

O objectivo do Google Voice e do Skype não é apenas facilitar os telefonemas no computador.

O próximo passo já está dado: é possível instalar aplicações nos telemóveis de última geração para fazer chamadas de baixo custo através da rede móvel de Internet. Para os utilizadores portugueses do Google Voice, as tarifas começam nos 1,23 cêntimos por minuto. No Skype, o preço mais baixo é de 2,2 cêntimos por minuto, a que acresce uma taxa de ligação de 4,5 cêntimos.






Nokia continua a chefiar vendas de telemóveis

Embora o sistema Android domine, o mercado mundial de aparelhos móveis está fragmentado.

Não há lugares reservados no mercado dos telemóveis, que movimenta mais de 140 mil milhões de euros por ano. No segundo trimestre de 2011, Nokia, LG e Sony Ericsson venderam menos aparelhos do que no mesmo trimestre do ano anterior, segundo os cálculos da Gartner. Embora o mercado de telemóveis esteja muito dividido, já há dois sistemas operativos de eleição: o Android, da Google, e o iOS, da Apple. "A Google e a Apple são os vencedores óbvios no ecossistema dos 'smartphones'", dizem os analistas da Gartner, que observam que esses dois sistemas operativos "têm a usabilidade que os consumidores apreciam, as aplicações que os consumidores sentem que precisam e uma carteira crescente de serviços fornecidos pelos donos da plataforma".

Para os investidores, há oito fabricantes de telemóveis que se destacam, apresentados de seguida. A informação bolsista, recolhida a 17 de Agosto de 2011, foi fornecida pela Bloomberg. A quota de mercado é das vendas de dispositivos móveis no segundo trimestre de 2011, segundo a Gartner.


Nokia

Quota de mercado:
22,8%
Bolsa: Helsínquia
Preço/lucros: 12,30x
Taxa de dividendos: 9,80%

As acções da Nokia estão em sofrimento: o seu valor é agora cerca de 30% do que era há três anos. No segundo trimestre, o grupo finlandês continuou na liderança nas vendas de telemóveis. Contudo, isso não deverá continuar, segundo os analistas da Gartner. A Nokia desistiu do seu sistema operativo Symbian, porque, em breve, irá começar a carregar os seus telefones com o Windows Phone, em resultado de uma parceria com a Microsoft.


Samsung Electronics

Quota de mercado:
16,3%
Bolsa: Seul
Preço/lucros: 7,10x
Taxa de dividendos: 0,48%

Embora a Samsung seja um dos grandes parceiros da Google nas telecomunicações móveis (é, por exemplo, a fabricante do telemóvel Google Nexus S), o impacto da aquisição da Motorola nas suas operações é limitado. Segundo os resultados do segundo trimestre, o negócio dos telemóveis representa quase 30% da facturação global do grupo sul-coreano, que ainda desenvolve e comercializa televisores, equipamento informático, computadores, entre outros.


LG Electronics

Quota de mercado:
5,7%
Bolsa: Seul
Preço/lucros: 8,17x
Taxa de dividendos: 0,32%

Tal como a Samsung, a LG Electronics é uma sociedade sul-coreana que investe o seus recursos no desenvolvimento de vários equipamentos electrónicos. O negócio dos telemóveis e de outros aparelhos de telecomunicações móveis é apenas um entre as várias áreas operacionais. No primeiro trimestre, cerca de 22% da facturação da LG Electronics teve origem nessa actividade.


Apple

Quota de mercado:
4,6%
Bolsa: Nasdaq
Preço/lucros: 15,06x
Taxa de dividendos: não aplicável

Desde 2007, a Apple vendeu 129 milhões de iPhones e 29 milhões de iPads, o seu "tablet" de 10 polegadas diagonais. O sucesso da Apple colocou-a, embora temporariamente, na primeira posição mundial das empresas cotadas mais valiosas. Agora está no segundo lugar, atrás da Exxon Mobil. A Apple ainda tem um trunfo na guerra contra a Google: 20 mil milhões de euros em aplicações de curto prazo disponíveis para investir. Alguns analistas dizem que a companhia de Steve Jobs deveria começar a pagar dividendos.


ZTE

Quota de mercado: 3,0%
Bolsa: Hong-Kong
Preço/lucros: 15,97x
Taxa de dividendos: 1,57%

Nascida em 1985 no seio das empresas governamentais chinesas, a ZTE tem vindo a crescer através do fabrico de telemóveis de marca branca. Em Portugal, por exemplo, o seu ZTE Blade está na base dos telemóveis Optimus San Francisco e do Sapo a5, comercializado pela TMN. Além de ser o quinto maior fabricante de telemóveis do mundo, é o segundo construtor chinês de equipamento de infra-estruturas de telecomunicações.


Research In Motion

Quota de mercado: 3,0%
Bolsa: Nasdaq
Preço/lucros: 4,25x
Taxa de dividendos: não aplicável

A Research In Motion, que produz os telefones BlackBerry, pode ser um dos principais lesados na aquisição da Motorola Mobility pela Google. Will Stofega, director da consultora tecnológica IDC, disse à agência Bloomberg que a empresa canadiana pode ser forçada a formar uma aliança ou a vender-se para se manter competitiva no mercado empresarial, onde a Motorola concorre directamente com ela. "A procura pelos aparelhos da RIM no segundo trimestre foi lesada por uma oferta envelhecida e atrasos no envio dos produtos", acrescentam os analistas da Gartner.


HTC

Quota de mercado: 2,6%
Bolsa: Taiwan
Preço/lucros: 11,56x
Taxa de dividendos: 4,40%

Recentemente, o valor bolsista da HTC, o construtor de telemóveis de Taiwan, ultrapassou a capitalização bolsista da finlandesa Nokia, o que mostra as expectativas dos investidores em relação ao crescimento futuro das companhias. A HTC desenvolve aparelhos móveis que usam os sistemas Android e Windows Phone. Aliás, o HTC Dream foi o primeiro dispositivo comercializado com o sistema operativo da Google, em Outubro de 2008.


Google

Quota de mercado da Motorola: 2,4%
Bolsa: Nasdaq
Preço/lucros: 19,44x
Taxa de dividendos: não aplicável

Embora seja a maior compra de sempre da Google, os 8,6 mil milhões de euros que a companhia gastará para absorver a Motorola Mobility ainda lhe deixarão mais de 18 mil milhões de euros disponíveis em aplicações de curto prazo. Quando anunciou a oferta de aquisição, Larry Page desvendou que já há 150 milhões de aparelhos com o sistema Android instalado, um número que aumenta em 550 mil todos os dias. A Google não ganha dinheiro na maior parte dos dispositivos vendidos: apenas quer que mais pessoas surfem na Internet, porque é aí que a companhia ganha dinheiro ao vender espaços publicitários.

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