Notícia
Estados Unidos - Apostar na luz ao fundo do túnel
O "crash" do último ano deixou as acções americanas a negociar a preços convidativos. Mas só para quem conseguir resistir ao furacão das bolsas e acreditar na recuperação a longo prazo.
30 de Outubro de 2008 às 14:12
A ver pelo que todos os dias se ouve na televisão, os Estados Unidos seriam, em princípio, o último destino para colocar as suas poupanças. Foram o país de origem de uma crise que colocou o sistema financeiro mundial à beira do colapso e que ameaça agora empurrar o mundo desenvolvido para uma recessão económica. E quase diariamente continuam a ser divulgados dados económicos que pintam um cenário ainda mais "negro" para a maior economia do mundo, o que desperta uma reacção negativa - quase ao minuto - dos mercados de acções.
Sinais mais que suficientes, dirão os mais cépticos, para não reservar uma parte das poupanças para aplicar do outro lado do Atlântico. Mas não é esta a convicção unânime.
São cada vez mais os bancos de investimento e gestoras de activos a alertar para as oportunidades existentes para ganhos a longo prazo, depois da fortíssima queda das cotações no último ano, que colocou muitas cotadas a negociar em níveis historicamente baixos e, simultaneamente, atractivos.
Na semana passada, o coro de vozes defensoras do potencial do investimento nos Estados Unidos ganhou novos protagonistas. Foi o caso do Citigroup que, embora reconhecendo que tem sido um ano difícil para os investidores, salienta que as acções norte-americanas estão a negociar nos valores mais baixos desde o início da década de 80. E mesmo perante a perspectiva de "deterioração das condições macroeconómicas e de quebra acentuada de resultados", o banco de investimento defende que estes riscos não são suficientes para deixar de considerar "estes níveis muito atractivos". Principalmente, tendo em conta as expectativas de "retoma da economia no espaço de dois a três anos". O Citigroup prevê a recuperação da actividade económica a partir de 2010.
A mesma visão de longo prazo é expressa pelo holandês ING, que coloca as acções norte-americanas no topo das preferências em termos de escolhas regionais. Na "newsletter" de investimento para Novembro, a instituição justifica a opção com as "condições monetárias favoráveis" e "taxa de câmbio competitiva", agora que o dólar começa a ganhar força. E recorda que os Estados Unidos são um mercado "mais resistente durante recessões económicas globais". Ainda assim, alerta que "a recuperação sustentada das acções não é ainda esperada". "Isso acontecerá apenas alguns meses antes de os lucros das empresas chegarem ao mínimo, o que terá lugar apenas em meados de 2009", explica o ING.
Quem não teve para esperar para ver os primeiros sinais de "luz ao fundo do túnel" foi o mais mediático investidor do mundo: Warren Buffett. A sua visão de longo prazo levou-o a concluir que "chegou o momento de comprar acções norte-americanas". Como explicou num artigo publicado há duas semanas no "New York Times", "há que ser temeroso quando os outros estão gananciosos e ser ganancioso quando os outros estão temerosos". Para o milionário americano, que construiu fortuna e popularidade mundial devido aos seus investimentos em bolsa, o segredo do sucesso é, mesmo, o de comprar na baixa do mercado e vender na alta.
Para quem partilhar desta visão de longo prazo e disponibilidade financeira para não mexer numa parte das poupanças durante algum tempo, há dezenas de fundos de acções americanas à venda em Portugal, geridos por profissionais especializados. O Negócios apresenta- -lhe os cinco melhores classificados pela Morningstar que, no entanto, não foram imunes ao "crash" das bolsas, tendo perdas de dois dígitos no último ano.
Cincos melhores fundos de acções americanas em Portugal
Apesar da desvalorização da carteira provocada pela turbulência nas bolsas, este fundo do Deutsche Bank é o que apresenta o melhor desempenho histórico face ao risco, segundo os dados da Morningstar.
A sua maior aposta está no sector da saúde, embora seja ao de bens de consumo que corresponde a maior posição do património: a Nike, que acolhe 2,9% do investimento.
Apesar do tumulto que assola o sector financeiro norte-americano, é nele que reside a maior aposta deste fundo. Tudo porque a maior posição do portefólio, mais de 5%, está colocada em contratos futuros sobre o S&P500, o principal índice bolsista dos Estados Unidos.
Os serviços financeiros pesam 18% na carteira, seguindo-se a energia com 14,1% e a indústria com 12,3%.
O estilo de investimento deste produto da Frankin Templeton é conservador, incidindo sobre grandes empresas. A nível sectorial, tem maior preponderância a área da saúde, ao representar 17,7% do património gerido. É, também, neste sector de actividade que opera a empresa que lidera a carteira. Cerca de 2,7% do capital está aplicado na farmacêutica Roche.
Não se deixe enganar pelo nome. Os Estados Unidos ocupam 100% do portefólio deste fundo de gestão nacional. Com um estilo de investimento direccionado para empresas de grande capitalização bolsista, o maior sector da carteira é, curiosamente, o dos serviços financeiros (14,6%). Ainda assim, o maior investimento individual está na petrolífera ExxonMobil.
Este fundo distingue-se dos restantes pela política de investimento focalizada em empresas de pequena e média dimensão em bolsa. Embora esta estratégia possa constituir maior risco, o fundo gerido pela britânica Schroders está entre os produtos que, historicamente, têm menor risco em relação ao retorno que proporcionam. indústria e serviços são os maiores sectores da carteira.
Sinais mais que suficientes, dirão os mais cépticos, para não reservar uma parte das poupanças para aplicar do outro lado do Atlântico. Mas não é esta a convicção unânime.
Na semana passada, o coro de vozes defensoras do potencial do investimento nos Estados Unidos ganhou novos protagonistas. Foi o caso do Citigroup que, embora reconhecendo que tem sido um ano difícil para os investidores, salienta que as acções norte-americanas estão a negociar nos valores mais baixos desde o início da década de 80. E mesmo perante a perspectiva de "deterioração das condições macroeconómicas e de quebra acentuada de resultados", o banco de investimento defende que estes riscos não são suficientes para deixar de considerar "estes níveis muito atractivos". Principalmente, tendo em conta as expectativas de "retoma da economia no espaço de dois a três anos". O Citigroup prevê a recuperação da actividade económica a partir de 2010.
A mesma visão de longo prazo é expressa pelo holandês ING, que coloca as acções norte-americanas no topo das preferências em termos de escolhas regionais. Na "newsletter" de investimento para Novembro, a instituição justifica a opção com as "condições monetárias favoráveis" e "taxa de câmbio competitiva", agora que o dólar começa a ganhar força. E recorda que os Estados Unidos são um mercado "mais resistente durante recessões económicas globais". Ainda assim, alerta que "a recuperação sustentada das acções não é ainda esperada". "Isso acontecerá apenas alguns meses antes de os lucros das empresas chegarem ao mínimo, o que terá lugar apenas em meados de 2009", explica o ING.
Quem não teve para esperar para ver os primeiros sinais de "luz ao fundo do túnel" foi o mais mediático investidor do mundo: Warren Buffett. A sua visão de longo prazo levou-o a concluir que "chegou o momento de comprar acções norte-americanas". Como explicou num artigo publicado há duas semanas no "New York Times", "há que ser temeroso quando os outros estão gananciosos e ser ganancioso quando os outros estão temerosos". Para o milionário americano, que construiu fortuna e popularidade mundial devido aos seus investimentos em bolsa, o segredo do sucesso é, mesmo, o de comprar na baixa do mercado e vender na alta.
Para quem partilhar desta visão de longo prazo e disponibilidade financeira para não mexer numa parte das poupanças durante algum tempo, há dezenas de fundos de acções americanas à venda em Portugal, geridos por profissionais especializados. O Negócios apresenta- -lhe os cinco melhores classificados pela Morningstar que, no entanto, não foram imunes ao "crash" das bolsas, tendo perdas de dois dígitos no último ano.
Vantagens | Desvantagens | Tipo de investidor |
- Preço das acções está em níveis historicamente baixos; - Potencial de valorização atractivo a longo prazo; - Perspectiva de recuperação económica a longo prazo. | - Recessão económica mais prolongada que o previsto; - Quebra acentuada nos resultados das empresas; - Elevada volatilidade dos mercados accionistas; - Risco inerente ao investimento em acções. | Investir nos Estados Unidos obriga a saber resistir às oscilações das cotações no curto e médio prazo. Será necessário um perfil mais agressivo para conseguir assumir esse risco, que é elevado. E ter, também, a disponibilidade financeira para poder sofrer perdas. |
Cincos melhores fundos de acções americanas em Portugal
Apesar da desvalorização da carteira provocada pela turbulência nas bolsas, este fundo do Deutsche Bank é o que apresenta o melhor desempenho histórico face ao risco, segundo os dados da Morningstar.
A sua maior aposta está no sector da saúde, embora seja ao de bens de consumo que corresponde a maior posição do património: a Nike, que acolhe 2,9% do investimento.
Apesar do tumulto que assola o sector financeiro norte-americano, é nele que reside a maior aposta deste fundo. Tudo porque a maior posição do portefólio, mais de 5%, está colocada em contratos futuros sobre o S&P500, o principal índice bolsista dos Estados Unidos.
Os serviços financeiros pesam 18% na carteira, seguindo-se a energia com 14,1% e a indústria com 12,3%.
O estilo de investimento deste produto da Frankin Templeton é conservador, incidindo sobre grandes empresas. A nível sectorial, tem maior preponderância a área da saúde, ao representar 17,7% do património gerido. É, também, neste sector de actividade que opera a empresa que lidera a carteira. Cerca de 2,7% do capital está aplicado na farmacêutica Roche.
Não se deixe enganar pelo nome. Os Estados Unidos ocupam 100% do portefólio deste fundo de gestão nacional. Com um estilo de investimento direccionado para empresas de grande capitalização bolsista, o maior sector da carteira é, curiosamente, o dos serviços financeiros (14,6%). Ainda assim, o maior investimento individual está na petrolífera ExxonMobil.
Este fundo distingue-se dos restantes pela política de investimento focalizada em empresas de pequena e média dimensão em bolsa. Embora esta estratégia possa constituir maior risco, o fundo gerido pela britânica Schroders está entre os produtos que, historicamente, têm menor risco em relação ao retorno que proporcionam. indústria e serviços são os maiores sectores da carteira.