Notícia
Do ouro ao crédito
A população alemã é mais aforradora do que gastadora. E esta característica tem funcionado como um sólido alicerce para a saúde económica e financeira da Alemanha. Mas as dúvidas sobre em que aplicar o dinheiro acumulado são mais ou menos as mesmas, quer se trate do "motor" da Europa ou de qualquer outro mercado.
A população alemã é mais aforradora do que gastadora. E esta característica tem funcionado como um sólido alicerce para a saúde económica e financeira da Alemanha. Mas as dúvidas sobre em que aplicar o dinheiro acumulado são mais ou menos as mesmas, quer se trate do "motor" da Europa ou de qualquer outro mercado.
A intensa volatilidade demonstrada pelas bolsas e os riscos actualmente associados ao euro, que não é certo, ainda, que consiga sobreviver incólume à crise de endividamento de algumas economias da moeda única, está a fazer com que os cidadãos alemães se concentrem em activos conservadores. Nos meses mais recentes, a dinâmica registada no mercado do ouro tem como grande protagonista a Alemanha. É neste país, e também na Áustria, que a procura do metal precioso está a registar as maiores subidas.
Dado como enterrado enquanto valor de refúgio para tempos turbulentos, o ouro recuperou a sua posição tradicional entre as opções de investimento. Isto sucede porque muitos investidores continuam a acreditar que se trata de um porto seguro quando a tempestade varre outros terrenos mais arriscados. E se muita gente acredita, a convicção acaba por se tornar verdade e reflectir-se nos valores historicamente elevados que têm sido alcançados pelo metal que mais fascínio continua a exercer sobre a humanidade.
Acontece que nem tudo o que brilha é ouro. E se, na Alemanha, o endividamento é um problema menor, noutros países, como em Portugal, quem tenha agora dinheiro para aplicar deve fazer o género de cálculos que não preocupa demasiado as famílias germânicas. Ou seja, uma família que tenha créditos para amortizar deve utilizar os rendimentos que tenha poupado no reembolso total ou parcial das dívidas ou deve apostar em investir em acções?
Optar por um ou outro caminho tem vantagens e inconvenientes que devem ser ponderados, caso-a-caso. Talvez a maior parte das famílias não tenha a noção de que amortizar um crédito é uma decisão que tem uma rendibilidade capaz de ser medida e comparada com aquela que uma aplicação em acções pode proporcionar a longo prazo, com base nos registos históricos sobre o desempenho das cotações. Mas as dívidas que estão sobrecarregadas com taxas de juro altas, sobretudo aquelas que são o preço a pagar pelo acesso aos mais variados bens de consumo, devem ser as primeiras a sofrer um corte, em detrimento de uma eventual decisão de investimento em acções.
Para sobreviverem à crise, os Estados estão a alimentar-se de mais dívida. As famílias não devem seguir o exemplo. A não ser que os seus créditos tenham um custo inferior ao da rendibilidade esperada nos investimentos.
A intensa volatilidade demonstrada pelas bolsas e os riscos actualmente associados ao euro, que não é certo, ainda, que consiga sobreviver incólume à crise de endividamento de algumas economias da moeda única, está a fazer com que os cidadãos alemães se concentrem em activos conservadores. Nos meses mais recentes, a dinâmica registada no mercado do ouro tem como grande protagonista a Alemanha. É neste país, e também na Áustria, que a procura do metal precioso está a registar as maiores subidas.
Acontece que nem tudo o que brilha é ouro. E se, na Alemanha, o endividamento é um problema menor, noutros países, como em Portugal, quem tenha agora dinheiro para aplicar deve fazer o género de cálculos que não preocupa demasiado as famílias germânicas. Ou seja, uma família que tenha créditos para amortizar deve utilizar os rendimentos que tenha poupado no reembolso total ou parcial das dívidas ou deve apostar em investir em acções?
Optar por um ou outro caminho tem vantagens e inconvenientes que devem ser ponderados, caso-a-caso. Talvez a maior parte das famílias não tenha a noção de que amortizar um crédito é uma decisão que tem uma rendibilidade capaz de ser medida e comparada com aquela que uma aplicação em acções pode proporcionar a longo prazo, com base nos registos históricos sobre o desempenho das cotações. Mas as dívidas que estão sobrecarregadas com taxas de juro altas, sobretudo aquelas que são o preço a pagar pelo acesso aos mais variados bens de consumo, devem ser as primeiras a sofrer um corte, em detrimento de uma eventual decisão de investimento em acções.
Para sobreviverem à crise, os Estados estão a alimentar-se de mais dívida. As famílias não devem seguir o exemplo. A não ser que os seus créditos tenham um custo inferior ao da rendibilidade esperada nos investimentos.
joaosilva@negocios.pt