Notícia
A síndrome do motorista
Há uns anos, na sequência do estouro da “bolha tecnológica” nas bolsas mundiais, o cliente de um prestigiado banco quis saber em que aplicar o dinheiro que tinha disponível para investimento. Depois das fantasias em redor das “dotcom”, os preços das acçõe
Perante a tese, bastante razoável, defendida pelo cliente, o colaborador do banco mostrou-se céptico. Abanou a cabeça, alertou para a turbulência dos mercados e sublinhou o risco de investir em acções, mesmo depois de o principal interessado em não perder dinheiro ter garantido que estava consciente da volatilidade daqueles activos mas, também, do seu potencial de rendibilidade a longo prazo. Posto isto, o melhor que o banco foi capaz de sugerir foi uma aplicação num fundo de tesouraria, protegido dos humores das bolsas mas incapaz de oferecer uma compensação competitiva.
Com os mercados novamente mergulhados em instabilidade, os conselhos mais vulgares poderão não andar muito longe daquela falta de visão. Há dias, um outro cliente queixava-se que, nas suas buscas por oportunidades de investimento, alguém de uma instituição financeira lhe tinha sugerido uma aposta em terrenos sobreaquecidos na área das matérias-primas. No fundo, a síndrome do motorista de táxi tem adeptos onde menos se espera, dispostos a cultivar a estratégia mais nervosa: comprar quando se devia vender e vender quando se devia estar a comprar.
Encontrar respostas não é fácil e, por isto, esta edição do “Investidor Privado” propõe-lhe algumas pistas concretas. Por exemplo, mostrando-lhe as carteiras-modelo de fundos de investimento que os bancos especializados nestes produtos, adequados a investidores de pequena dimensão, sugerem no momento actual. Depois, através de um livro em que dezenas de especialistas revelam os seus conselhos e experiências. Um deles afirma que todos os investidores são disciplinados e de longo prazo até ao dia em que as cotações começam a cair. As piores decisões começam, precisamente, por aqui.