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2009 - O ano das obrigações convertíveis?

O ano de 2008 foi particularmente difícil para as obrigações convertíveis. Os "hedge funds" de arbitragem de convertíveis, uma das estratégias alternativas mais populares, encerraram posições perante o aumento dos custos de...

09 de Junho de 2009 às 09:40
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RIO TINTO
| A gigante mineira foi a última a anunciar uma emissão de obrigações convertíveis. São 15,2 mil milhões de dólares para financiar a empresa.

O ano de 2008 foi particularmente difícil para as obrigações convertíveis. Os "hedge funds" de arbitragem de convertíveis, uma das estratégias alternativas mais populares, encerraram posições perante o aumento dos custos de financiamento, vendendo as suas posições longas em obrigações convertíveis e pressionando o preço destas para a baixa. Este movimento foi agravado pela proibição temporária em alguns mercados de manter posições curtas. Além disso, a aversão significativa ao risco e a necessidade de pagar os resgates e gerar liquidez foram factores que levaram o preço das obrigações convertíveis, em finais de 2008, para mínimos históricos. Particularmente intensa foi a pressão vendedora do mercado de convertíveis durante os meses de Setembro e Outubro, quando a sua valorização alcançou níveis baixíssimos, sem precedentes, tanto em títulos com nível investment grade como nas classificações de qualidade inferior.

O atractivo das obrigações convertíveis reside na sua "composição dual" ou "híbrida": tal como as obrigações, as obrigações convertíveis podem oferecer receitas fixas durante alguns anos (cupão mais devolução do capital investido no vencimento). Deste modo, os investidores podem, num determinado momento e quando a acção da empresa emitente alcança um preço específico, converter as obrigações em acções através de uma equação de troca determinada no momento da emissão.

Ao poder converter-se em acções, as obrigações convertíveis comportam-se a longo prazo de maneira mais parecida com o mercado bolsista (sobretudo quando o preço da acção subjacente se aproxime do preço predeterminado de conversão) do que com o das obrigações das empresas, e portanto a sua rentabilidade histórica tem uma correlação mais elevada com a rentabilidade das acções. No entanto, o seu fluxo estável de receitas e a protecção que oferecem face às quedas no mercado de acções fazem com que as obrigações convertíveis apresentem uma menor volatilidade oferecendo um perfil de risco menor que os investimentos em acções.

É esta dualidade a que os converte em instrumentos especialmente poderosos no actual contexto de mercado:

• Dada a contínua incerteza que reina nos mercados, as obrigações convertíveis oferecem um certo grau de protecção face a potenciais quedas. Por outro lado, se ocorrer uma recuperação sustentada no mercado bolsista, as convertíveis oferecerão a possibilidade de participar nos lucros. Para os investidores que procurem exposição às acções mas que mantêm uma certa precaução após as drásticas quedas de 2008, as convertíveis podem constituir uma solução de investimento claramente atractiva neste momento.

• Após as consideráveis dotações e perdas dos últimos 18 meses, as empresas estão a reestruturar-se e a refinanciar-se e, para isso, estão a recorrer ao mercado de obrigações convertíveis. Isto significa que estão a sair para o mercado novas emissões com cupões e valorizações muito interessantes, emissões que dotam o mercado de convertíveis com maior liquidez.

• Os preços das obrigações convertíveis, tal como se explica anteriormente, alcançaram mínimos históricos. Apesar do bom comportamento deste tipo de activo nesta altura do ano, ainda fica potencial de revalorização no preço das emissões existentes.

Até finais do ano passado alguns investidores começaram a incluir convertíveis nas suas carteiras de investimento, atraídos pelos seus baixos preços, os seus cupões atractivos e a sua elevada convexidade (ou velocidade de adaptação à evolução das acções). Nos últimos meses o interesse pelas obrigações convertíveis foi aumentando paulatinamente, tornando este tipo de activo num dos mais atractivos do ponto de vista da rentabilidade nesta altura do ano. No entanto, pela sua composição e natureza, as obrigações convertíveis constituem um activo rico em peculiaridades e susceptível a movimentos e oscilações variadas, pelo que é conveniente seguir uma série de modelos no momento de investir nestas:

• A visão da J.P. Morgan Asset Management é que a rentabilidade-risco é mais atractiva nas obrigações convertíveis de elevada qualidade de crédito. Dada a deterioração da economia real, é necessário tentar evitar as obrigações emitidas por empresas que estão a passar por dificuldades significativas e apresentam maior risco de incumprimento. Preferimos assim títulos com liquidez e alta qualidade.

• As obrigações convertíveis têm uma complexidade inerente devido ao seu carácter híbrido comentado anteriormente. Assim requerem uma análise múltipla, que estude os seguintes factores:

• A análise de crédito (cobertura de taxas de juro, cupão, características da eventual amortização, mudanças nos ratings, etc.)

• Os factores relacionados com as acções (por exemplo o delta). Devemos recordar que o principal risco das carteiras de convertíveis é o das acções subjacentes e, por isso, esta análise é fundamental.

• O valor variável da opção incluída na obrigação convertível.

• O universo global de obrigações convertíveis está submetido a constantes mudanças, com emissões que se amortizam ou convertem e novas emissões que saem para o mercado. Por isso, é importante ser capaz de analisar rapidamente as características técnicas de antigas e novas emissões, assim como dominar a forma de operar para responder com rapidez a um mercado tão dinâmico.

Pensa que existem oportunidades atractivas de investimento no mercado de obrigações das empresas? Acredita que o mercado bolsista bateu no fundo? Ou pelo contrário, acredita que ainda podemos assistir a correcções neste mercado? Se respondeu que sim a alguma destas perguntas, as obrigações convertíveis podem ser um activo apropriado para diversificar a sua carteira de investimento em 2009.
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