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Associação de fundos, Técnico e CMVM assinam protocolo para desenvolver tecnologia disruptiva

A “blockchain”, a tecnologia de base da bitcoin, promete revolucionar a indústria financeira. A APFIPP lidera a criação de uma plataforma piloto para preparar o sector paras as mudanças que aí vêm. Iniciativa junta ainda o Instituto Superior Técnico e a CMVM.

O ano de 2017 afigura-se a nível global como um dos anos mais problemáticos dos últimos 60 anos. Apesar das perspectivas económicas terem vindo a melhorar um pouco por todo o lado, a política parece empenhada em destruir tudo, deixando em aberto o que podemos esperar do futuro. Em Portugal, apesar da nossa intensa vida político-partidária interna, que tanto nos consome e motiva, não temos peso específico suficiente para influir positiva ou negativamente nas forças externas que, estando fora do nosso controlo, acabarão por afectar a nossa economia de forma decisiva. Pior que os disparates que podemos fazer por nós mesmos, são os efeitos dos ventos continentais e do Atlântico.Quanto às nuvens negras oriundas da política, temos, no seio da Europa, as sequelas do Brexit, os efeitos não resolvidos da crise soberana e do Euro, o impacto das migrações de refugiados muçulmanos, o ressurgimento das questões nacionais e identitárias e os receios do terrorismo. Este é um conjunto muito poderoso de forças que, se não levarem à implosão da Europa, impedem na prática a continuação do processo de integração europeia e torna inviável o encontro de soluções económicas válidas para a Europa como um todo. Do lado dos Estados Unidos, as incógnitas e os riscos que se abrem com a eleição de Trump são demasiado importantes para se poder acreditar num cenário central claramente positivo. No limite do pesadelo, abrem-se perspectivas de conflitos militares a que a Europa poderá até não escapar. Neste quadro, como olhar para os investimentos? Evitar dívida com 'duration', sobretudo a soberana e descobrir onde há valor a ganhar no mercado accionista, que acompanhará naturalmente as melhorias esperadas na economia. Pela positiva também o refúgio no imobiliário. E no final do 2017 logo veremos.
14 de Março de 2017 às 19:33
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A Associação Portuguesa dos Fundos de Investimento, Património e Pensões (APFIPP) assinou esta quarta-feira um protocolo de desenvolvimento da "blockchain" com o Instituto Superior Técnico (IST) e a CMVM. Esta tecnologia, que está na base da bitcoin, promete revolucionar a forma como são feitas as transacções financeiras, simplificando os processos e poupando custos.

A assinatura teve lugar esta terça-feira nas instalações da APFIPP, onde foi apresentado o protótipo de uma plataforma de comercialização de fundos usando a "blockchain", desenvolvida em parceria com o IST e a consultora Delloite, com a CMVM como observador.


A "blockchain" é um modelo de encriptação e confirmação múltipla de transacções criado pelo inventor da bitcoin e que constitui a base da moeda virtual. As transacções ficam registadas, não podem ser apagadas e todos os participantes na rede podem em qualquer momento validá-las.


José Veiga Sarmento, presidente da APFIPP, salientou que se trata de uma "tecnologia altamente disruptiva dos processos vigentes", que permitirá uma "simplificação dramática nas operações de negociação" e um "acesso sem restrições dos clientes aos produtos de qualquer gestora que esteja dentro da rede", rompendo com a "lógica de silo em que está organizada a indústria financeira", com os bancos a venderem apenas os seus próprios fundos ou seguros.


Este protótipo, que pretende ser o embrião de uma plataforma a ser usada pelas gestoras de fundos e demais intervenientes, visa desenvolver o conhecimento sobre a nova tecnologia e representa "um apelo à capacidade de inovação de Portugal". O responsável espera ainda que a iniciativa contribua para um aumento das vendas de fundos em Portugal, depois de nos últimos anos se ter vindo a assistir a uma quebra significativa dos montantes investidos pelos clientes.

Arlindo Oliveira, presidente do Instituto Superior Técnico, que apoiou o desenvolvimento tecnológico da plataforma, definiu o "blockchain" como "um aperto de mão tecnológico", aludindo à simplificação que este sistema permite no contacto entre vendedor e comprador. E salientou a importância de existir um projecto deste género em Portugal: "Se a dominarmos podemos desempenhar um papel importante na definição da tecnologia e dos modelos de negócio".

A presidente da CMVM, Gabriela Figueiredo Dias, afirmou que a CMVM "tem bem presente os desafios que esta tecnologia coloca a todos os operadores e ao supervisor. E salientou a "reflexão que é necessário fazer sobre como esta inovação se integra nos princípios da supervisão financeira", desejando que "estas oportunidades sejam oportunidades, mitigando os riscos".

Nuno Alpendre, "partner" da Delloite, assinalou que foi feito um estudo da viabilidade económica da criação de uma plataforma real, sendo que "o investimento inicial é elevado, mas partilhado por todos os integrantes da rede, e que o custo no dia-a-dia é baixo". Segundo José Veiga Sarmento, "ter três ou quatro entidades que estejam interessadas em promover o modelo de negócio será suficiente" e "os bancos já estão a avaliar os custos de ligação". Nuno Alpendre esclareceu que uma plataforma pode estar funcional em nove meses.

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