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Buffett desinvestiu dos bancos para pôr em ouro. Uma aposta contra a economia dos EUA?

O investidor mais conhecido do mundo, dono da Berskeshire, fez uma operação que deixou os restantes investidores a pensar. Tirou parte do dinheiro que tinha investido em bancos dos Estados Unidos, para investi-lo numa empresa de ouro.

Desde o início do ano, as posições de Warren Buffett valorizaram 2,4 mil milhões de dólares, segundo estimativas da Bloomberg. Warren Buffett, líder da Berkshire Hathaway, esteve activo no quarto trimestre. Quadruplicou a posição na Apple, com o investimento a valer 6,7 mil milhões de dólares no final de 2016. Deu ainda sequência à recente aposta em companhias aéreas, com os investimentos a valerem perto de dez mil milhões de dólares. Reforçou na Delta e na American Airlines. E abriu posição na Southwest Airlines. Outras das novas apostas foi a Monsanto, com um investimento em torno de 820 milhões de dólares, tendo em conta a cotação média das acções. Já nas cinco acções com maior peso na carteira ( Kraft-Heinz, o Wells Fargo, a Coca-Cola, a IBM e a American Express) não houve mexidas.
17 de Agosto de 2020 às 13:45
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No final da passada sexta-feira, Warren Buffett tirou mais de um quarto do dinheiro que tinha no banco norte-americano Wells Fargo e cerca de 61% do rival JP Morgan, na mesma altura que comprava uma nova posição na empresa Barrick Gold, mineradora de ouro, de acordo com um comunicado do regulador dos Estados Unidos, a Securities and Exchange Commission.

Esta operação deixou os investidores e os agentes do mercado baralhados, uma vez que as movimentações de Buffett no mercado são sempre alvo de atração. Desta vez, a nova opção do multimilionário parece ter deixado os mercados convictos de que esta foi uma operação contra o sistema económico dos Estados Unidos.

Isto porque Buffett mostrou falta de confiança nos bancos, em prol de ações de empresas. A Berskshire, a empresa da qual Buffett é dono, vendeu 85,6 milhões de ações que detinha no Wells Fargo - cerca de 26% da quota - reduzindo a sua participação de 5,3% para 3%. Para além do Wells Fargo, retirou também 61% da sua posição no JP Morgan, através da venda de 35,5 milhões de ações. Para além dos bancos, a empresa desinvestiu também na PNC Financial Services. 

Ao mesmo tempo, passou a ter uma participação na norte-americana Barrick Gold, com cerca de 21 milhões de ações avaliadas em 563 milhões de dólares.

Buffett assumiu que tem estado enganado este tempo todo, numa conferência de imprensa. "Elas [taxas de juro] vão estar negativas por muito tempo. É melhor ter ações, alguma coisa sem ser títulos de dívida".

Apostar contra a economia dos EUA
De acordo com o MarketWatch, esta operação de Buffett poderá ser uma aposta contra a economia dos Estados Unidos, um voto de falta de confiança na forma como os bancos podem vir a gerir a atual crise. 

Marca também uma mudança na visão do investidor norta-americano sobre o ouro. Buffett há muito que critica o metal precioso como investimento, uma vez que sempre considerou "não ter utilidade". 



Mike Shedlock, analista da Sitka Pacific Capital Management, explica que "Buffet sabe que o setor financeiro está a passar por dificuldades devido à covid-19. E a Barrick paga um bom dividendo", acrescentando que "além disso, a Barrick é apenas uma pequena fatia de seu bolo geral", uma vez que o investidor continua com as suas participações em vários bancos e empresas tecnológicas, como a Apple ou a Amazon.

As ações do setor da banca nos Estados Unidos e em todo o mundo sofreram um grande impacto este ano, já que as maiores instituições foram obrigadas a reservar dezenas de milhares de milhões de dólares em provisões para compensar potenciais falhas no cumprimento dos pagamento de empréstimos. 

Atualmente, Buffett tem quase metade da carteira de ações da Berkshire Hathaway na tecnológica Apple, contrariando a sua teoria de se afastar de títulos de tecnologia, uma vez que preferia dedicar-se apenas ao que realmente percebia, segundo o próprio. 

Apesar desta contradição, Buffett parece agora estar a levar à letra uma das suas outras teorias sobre investimento em ações: "a diversidade era uma proteção contra a ignorância". De acordo com o filantropo, "faz pouco sentido [diversificar os investimentos] se soubermos exatamente o que estamos a fazer". 

Warren Buffett é há muito conhecido como o "Oráculo de Omaha" devido às suas previsões certeiras, tendo sempre aproveitado os momento de crise para fazer novos negócios. 

Contudo, a pandemia da covid-19 parece estar a ser desafiante para o conglomerado que lidera, a Berkshire Hathaway, que registou prejuízos de 49,7 mil milhões de dólares no primeiro trimestre deste ano. Estes números comparam com lucros de 21,7 mil milhões de dólares registados pela 'holding', com sede em Omaha (Nebraska), em igual período do ano passado.

Recentemente perdeu terreno na lista dos mais ricos do mundo, ultrapassado pelos grandes nomes das Big Techs, o setor que mais beneficiou em ano de pandemia global.
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