Notícia
"Vamos desenhar qualquer instrumento que seja necessário", garante Lagarde
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) avançou que está disponível para ser mais flexível na compra de dívida da zona euro, mas também que poderá criar novas ferramentas para travar o impacto da escalada da inflação.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, garante que a criação de novos instrumentos para travar o impacto da escalada da inflação e um agravamento dos juros das dívidas está entre as possibilidades para a autoridade monetária. A francesa deixou a porta aberta a uma ferramenta específica após a reunião do Conselho do BCE desta quinta-feira.
"No passado, a flexibilidade serviu-nos bem", afirmou Lagarde. "Há dois anos, quando foi necessário, agimos prontamente e podemos fazê-lo novamente. Vamos desenhar o instrumento que seja necessário", disse. Questionada sobre se este instrumento pretendia limitar o agravamento de "spreads", a presidente do BCE clarificou: "não estamos a construir, podemos fazê-lo e rapidamente, mas não estamos a fazê-lo".
Na semana passada, a Bloomberg tinha avançado que o BCE estaria a trabalhar num instrumento de crise para a eventualidade de uma escalada nas "yields" da dívida soberana das economias mais frágeis da zona euro. O mercado começou a antecipar que a autoridade monetária define um programa direcionado.
Lagarde não avançou pormenores, sublinhando, no entanto, o foco na flexibilidade. No comunicado inicial que se seguiu à reunião, o Conselho do BCE tinha já dito que está preparado para "ajustar todos os seus instrumentos, no âmbito do seu mandato, adicionando flexibilidade, se justificado, a fim de assegurar que a inflação estabiliza no objetivo de 2% no médio prazo".
Lagarde ainda não pensa em subir juros
Para já, o BCE decidiu acelerar a retirada de estímulos. É "muito provável" que as compras líquidas de dívida pública e privada no âmbito do programa regular de aquisições (APP) terminem no terceiro trimestre do ano. Atualmente, as compras estão a ser conduzidas a um ritmo mensal de 40 mil milhões de euros, passando depois para 30 mil milhões em maio e 20 mil milhões em junho.
Após o fim do Programa de Emergência Pandémica (PEPP, na sigla em inglês) em março - está agora em período de reinvestimentos que poderá durar até 2024 -, continua a decorrer o APP. Também no caso deste programa, às compras líquidas irá seguir-se o reinvestimento dos montantes dos títulos que atinjam as maturidades. Só depois disso poderá ser considerada uma redução do balanço.
"Ainda não estamos numa fase de aperto monetário", respondeu Lagarde quando questionada sobre a redução do balanço do banco central. "Há uma sequência", lembrou a responsável sobre as fases da política monetária, clarificando que pela mesma razão também ainda não está a pensar em mexer nas taxas de juro de referência, que estão atualmente em mínimos históricos.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito continuarão em 0%, 0,25% e -0,50%, respetivamente. O mercado de futuros antecipa que haja duas subidas dos juros este ano e um total de oito até ao final de 2023.
"Vamos manter-nos na nossa sequência. A sequência com a qual concordámos é completar primeiro a compra líquida de ativos e, algum tempo depois, subir os juros. Esta formulação serve o objetivo de ter opções. Perguntam-me muitas vezes o que significa algum tempo depois. Pode ser uma semana ou meses. Vamos lidar com as taxas de juro quando chegarmos a essa fase", disse.
"A inflação vai manter-se elevada durante meses"
O BCE tem vindo a acelerar os ajustes à política monetária devido à aceleração da inflação causada pela conjugação da reabertura das economias pós-pandemia com a crise energética agravada pela guerra na Ucrânia. A taxa de inflação na zona euro atingiu 7,5% em março, com países como a Lituânia acima dos 15%.
"A inflação aumentou significativamente e irá manter-se elevada durante os próximos meses, principalmente por causa da rápida subida nos custos da energia. As pressões inflacionistas intensificaram-se por vários setores", avisou Lagarde. "Os riscos de subida da inflação intensificaram-se especialmente no curto prazo".
As atuais projeções do staff do BCE apontam para uma inflação média de 5,1% este ano, baixando depois para 2,1% em 2023 e 1,9% em 2024. Para o PIB, depois de um crescimento de 3,7% este ano, o staff do BCE espera um crescimento de 2,8% em 2023 e de 1,6% em 2024. As estimativas serão atualizadas em junho, sendo que a presidente do BCE sublinhou que será feito um ajustamento consoante o impacto da guerra.
(Notícia atualizada)
"No passado, a flexibilidade serviu-nos bem", afirmou Lagarde. "Há dois anos, quando foi necessário, agimos prontamente e podemos fazê-lo novamente. Vamos desenhar o instrumento que seja necessário", disse. Questionada sobre se este instrumento pretendia limitar o agravamento de "spreads", a presidente do BCE clarificou: "não estamos a construir, podemos fazê-lo e rapidamente, mas não estamos a fazê-lo".
Lagarde não avançou pormenores, sublinhando, no entanto, o foco na flexibilidade. No comunicado inicial que se seguiu à reunião, o Conselho do BCE tinha já dito que está preparado para "ajustar todos os seus instrumentos, no âmbito do seu mandato, adicionando flexibilidade, se justificado, a fim de assegurar que a inflação estabiliza no objetivo de 2% no médio prazo".
Lagarde ainda não pensa em subir juros
Para já, o BCE decidiu acelerar a retirada de estímulos. É "muito provável" que as compras líquidas de dívida pública e privada no âmbito do programa regular de aquisições (APP) terminem no terceiro trimestre do ano. Atualmente, as compras estão a ser conduzidas a um ritmo mensal de 40 mil milhões de euros, passando depois para 30 mil milhões em maio e 20 mil milhões em junho.
Após o fim do Programa de Emergência Pandémica (PEPP, na sigla em inglês) em março - está agora em período de reinvestimentos que poderá durar até 2024 -, continua a decorrer o APP. Também no caso deste programa, às compras líquidas irá seguir-se o reinvestimento dos montantes dos títulos que atinjam as maturidades. Só depois disso poderá ser considerada uma redução do balanço.
"Ainda não estamos numa fase de aperto monetário", respondeu Lagarde quando questionada sobre a redução do balanço do banco central. "Há uma sequência", lembrou a responsável sobre as fases da política monetária, clarificando que pela mesma razão também ainda não está a pensar em mexer nas taxas de juro de referência, que estão atualmente em mínimos históricos.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito continuarão em 0%, 0,25% e -0,50%, respetivamente. O mercado de futuros antecipa que haja duas subidas dos juros este ano e um total de oito até ao final de 2023.
"Vamos manter-nos na nossa sequência. A sequência com a qual concordámos é completar primeiro a compra líquida de ativos e, algum tempo depois, subir os juros. Esta formulação serve o objetivo de ter opções. Perguntam-me muitas vezes o que significa algum tempo depois. Pode ser uma semana ou meses. Vamos lidar com as taxas de juro quando chegarmos a essa fase", disse.
"A inflação vai manter-se elevada durante meses"
O BCE tem vindo a acelerar os ajustes à política monetária devido à aceleração da inflação causada pela conjugação da reabertura das economias pós-pandemia com a crise energética agravada pela guerra na Ucrânia. A taxa de inflação na zona euro atingiu 7,5% em março, com países como a Lituânia acima dos 15%.
"A inflação aumentou significativamente e irá manter-se elevada durante os próximos meses, principalmente por causa da rápida subida nos custos da energia. As pressões inflacionistas intensificaram-se por vários setores", avisou Lagarde. "Os riscos de subida da inflação intensificaram-se especialmente no curto prazo".
As atuais projeções do staff do BCE apontam para uma inflação média de 5,1% este ano, baixando depois para 2,1% em 2023 e 1,9% em 2024. Para o PIB, depois de um crescimento de 3,7% este ano, o staff do BCE espera um crescimento de 2,8% em 2023 e de 1,6% em 2024. As estimativas serão atualizadas em junho, sendo que a presidente do BCE sublinhou que será feito um ajustamento consoante o impacto da guerra.
(Notícia atualizada)