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Turquia duplica taxa de juro em plena crise nos emergentes

O banco central da Turquia decidiu mais do que duplicar a taxa de juro de referência para travar a queda da lira. A moeda turca atingiu esta terça-feira o valor mais baixo de sempre.

Bloomberg
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Após uma reunião de emergência do banco central, a instituição revelou, em comunicado, que decidiu subir a taxa de juro de 4,5% para 10%. 

 

Esta decisão ocorre numa altura de crise em vários países emergentes, acentuada por factores locais, como a instabilidade política na Turquia, Ucrânia e Tailândia, receios sobre a economia e a banca na China e a decisão da Argentina de deixar afundar o peso.

 

Mas estes são mercados que há quase um ano têm sido penalizados pela redução dos estímulos da Reserva Federal dos Estados Unidos, precisamente porque analistas defendem que a sua política agressiva terá empolado os preços dos activos nesses mercados nos últimos anos. 

 

Com a medida tomada hoje, o governador do banco central turco, Erdem Basci (na foto), tenta travar a forte queda da lira - que esta terça-feira tocou no nível mais baixo de sempre. A moeda turca tem sido, fortemente, penalizada pelas tensões políticas que se vivem no país, agravada por um escândalo de corrupção que envolveu vários membros do Executivo.

 

Às tensões políticas junta-se, não só, o facto dos investidores estarem a "abandonar" alguns mercados emergentes, mas também a decisão da Argentina de deixar desvalorizar o peso, o que alimentou os receios de uma crise cambial na região.  

 

As bolsas e as divisas dos países emergentes têm sido pouco favorecidas pelos investidores globais há quase um ano, ou seja, desde que a Fed sinalizou a redução dos estímulos monetários. Desde Maio "tem havido fluxos significativos de saída de vários activos ligados aos mercados emergentes", disse esta segunda-feira o Société Générale.  

 

No entanto, tudo indica que a crise nos emergentes não deverá travar a intenção da Reserva Federal de continuar a reduzir os estímulos à economia. Rob Carnell, economista-chefe do ING em Londres, diz que "a Reserva Federal não deverá sentir-se inibida na sua intenção de terminar o programa de compra de activos no calendário previsto". Um calendário que, acreditam os analistas, passará por uma redução de 10 mil milhões de dólares a cada reunião da Fed, até à extinção do programa perto do final do ano.

 

O banco central da Turquia não foi o único a aumentar a taxa de juro esta terça-feira. De forma inesperada, e com o objectivo de travar a inflação e a queda acentuada da rupia, o banco central da Índia subiu a taxa de juro de referência de 7,75% para 8%.

 

O último aumento do banco central liderado por Raghuram Rajan aconteceu em Setembro do ano passado (de 7,25% para 7,75%). O aumento anunciado esta terça-feira, apesar de não ter sido antecipado pelos analistas, surge cinco dias depois do ministro das Finanças do país, Palaniappan Chidambaram, ter dito que o banco central tinha a "obrigação" de ajudar a promover o crescimento do país.

 

(Notícia actualização às 23h02)

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