Notícia
Trump “derrota” antigos presidentes e dá maiores ganhos ao S&P500 em seis anos
O S&P500 atingiu, durante este que foi o terceiro ano de mandato de Trump, mais do dobro dos ganhos que foram atingidos, em média, no terceiro ano de presidência dos seus antecessores.
Donald Trump completou, em 2019, o terceiro ano de mandato como presidente dos Estados Unidos da América. Um ano que termina com os maiores ganhos desde 2013 para um dos índices de referência norte-americanos, o generalista S&P500. Uma subida que superou em mais do dobro a média de ganhos registados pelos ex-líderes da Casa Branca no ano de mandato equivalente.
O S&P500 fechou 2019 com uma valorização anual de 29%. Recuando no tempo, só em 2013, o primeiro ano do segundo mandato de Obama, se encontra um ano com um saldo positivo ligeiramente superior, de 29,60%. Já a média dos ganhos que foram contabilizados neste índice durante o terceiro ano de mandato dos presidentes dos Estados Unidos que antecederam Trump é de 12,8%, de acordo com os dados da Bespoke Investment Group – menos de metade da subida alcançada sob a alçada de Trump.
Em 2019 o valor das 500 empresas norte-americanas que integram o S&P500 aumentou 5,9 biliões de dólares, de acordo com os cálculos da Bloomberg.
Um dos eventos mais extraordinários que ocorreram este ano e que contribuiu para o desempenho da bolsa nova-iorquina foi a decisão da Reserva Federal Norte Americana de, pela primeira vez numa década, aliviar a taxa de juro diretora, como medida de impulso para uma economia que parecia estar a encaminhar-se para um cenário cada vez mais frágil e incerto. A Fed procedeu três vezes a descidas ao longo do ano, tendo optado na última reunião, em dezembro, por os deixar inalterados.
A perspetiva agora é a de que os juros diretores se mantenham inalterados no intervalo entre 1,5% e 1,75% nos próximos tempos, depois de o presidente da Fed, Jerome Powell, ter dito que vê o "copo mais do que meio cheio" quando olha para a economia norte-americana, no final de novembro. Isto, depois de sinais de alarme como a inversão da curva de rendimentos terem recuado e sido contrariados por dados que atestam a saúde da economia, como é o caso da taxa de desemprego, que está nos 3,5%.
Trump incentivou a decisão da Fed de duas formas: por um lado, as constantes críticas ao presidente da entidade, e, por outro, estando no centro do maior fator de pressão para os mercados e para a economia mundial: a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
Os tropeções não impediram a vitória
O ano foi pautado por vários momentos de quebra, sobretudo ligados ao conflito sino-americano, que consistiu em várias ameaças e real imposição de tarifas de parte a parte. Mas não foi o único conflito comercial a abalar a negociação. A Europa não escapou à "ira de Trump", que também atingiu o Velho Continente, em outubro, com a imposição de tarifas sobre 5,7 mil milhões de euros de exportações europeias para os EUA, justificadas pelos subsídios europeus à fabricante de aviões Airbus, os quais Washington aponta há cerca de uma década como sendo indevidos. França teve ainda "direito" a tarifas sobre 2,1 mil milhões de euros em produtos franceses como resposta à tributação extraordinária que França criou para as tecnológicas, e que afeta sobretudo referências americanas como a Google, Apple ou Amazon.
Uma outra "novela" relevante que fez tremer os mercados foi o escalar de tensões entre os Estados Unidos e o Irão. Em junho, houve um acidente diplomático entre as duas nações, depois de um drone norte-americano ter sido abatido em território iraniano, evento ao qual se seguiram duras acusações e ameaças de conflito armado, que não chegaram a concretizar-se. As divergências com o Irão têm crescido desde que, em 2018, Washington decidiu rasgar o acordo internacional que se destinava a estabelecer controlos ao programa nuclear iraniano. Em troca, pressupunha um alívio nas sanções económicas norte-americanas sobre aquele país do Médio Oriente.
Contudo, o amenizar das más notícias no que diz respeito a dados económicos um pouco por todo o mundo, assim como resultados financeiros animadores no mundo empresarial e o já referido apoio da Fed, foram sustentando um otimismo frágil entre os investidores.
No último mês de 2019, o rally foi relançado, apoiado no anúncio de que as duas maiores economias do mundo haviam chegado a um acordo comercial parcial, o passo mais concreto na direção de tréguas que foi dado desde que o conflito começou, ainda em 2018.
Nesta que foi a última sessão de 2019 os índices em Wall Street fecharam em terreno positivo, precisamente depois de Donald Trump ter anunciado que o acordo preliminar com a China vai ser assinado a 15 de janeiro. As subidas foram tímidas, com os três principais índices a valorizarem 0,3%.
Outras estrelas brilharam na constelação de Wall Street
O S&P500 não é a única referência para os investidores em Wall Street e, em 2019, partilhou o estrelato com o tecnológico Nasdaq e o industrial Dow Jones, ambos a reclamarem os respetivos máximos históricos.
Desde 2013, o Nasdaq Composite só tem uma mancha vermelha no currículo, correspondente ao desempenho de 2018. Este ano voltou aos ganhos com a maior subida entre os "irmãos" nova-iorquinos, somando 35%. É neste índice que está cotada a empresa que mais valorizou a nível global, a Axsome Therapeutics, que disparou cerca de 3000% no ano.
O masi restrito Nasdaq 100 disparou 38%, o que representa o maior avanço anual desde 2009.