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Preços do gás podem causar "desvio maciço" para o petróleo, diz AIE

A AIE prevê um aumento "forte" da produção a partir deste mês de outubro, impulsionado pela recuperação nos EUA depois do Ida, o fim das operações de manutenção em outros países e a recuperação na OPEP+, mesmo que a aliança se mantenha abaixo dos seus níveis de produção habituais.

Se os preços subirem muito, o consumo pode diminuir e a capacidade de armazenamento pode ficar comprometida.
Nick Oxford
14 de Outubro de 2021 às 11:44
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A procura mundial de petróleo vai ultrapassar em 2022 os níveis anteriores à pandemia, impulsionada pelo aumento do preço do gás e do carvão, que terá efeito nos preços do "ouro negro", advertiu esta quinta-feira a Agência Internacional de Energia (AIE).

No relatório mensal sobre o mercado petrolífero, divulgado esta quinta-feira, a AIE estima que a procura mundial de petróleo atinja 99,5 milhões de barris por dia em 2022, acima dos níveis anteriores à pandemia, afirmando que a escassez da oferta e o elevado preço do gás natural e do carvão "está a provocar um desvio maciço" para o petróleo e seus derivados para a produção de energia e usos industriais.

Este forte aumento da procura acelerou desde setembro passado, impulsionado pela recuperação económica global pós-pandemia e pelas compras por comerciantes que estão a fugir dos elevados preços do gás e do carvão.

A forte procura, a lenta recuperação da produção da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e 10 aliados liderados pela Rússia), os efeitos do furacão Ida na produção dos EUA e as paragens para manutenção em outros países produtores como o Canadá e a Noruega provocaram a subida dos preços do petróleo para os níveis mais elevados em sete anos no início deste mês.

A AIE prevê um aumento "forte" da produção a partir deste mês de outubro, impulsionado pela recuperação nos EUA depois do Ida, o fim das operações de manutenção em outros países e a recuperação na OPEP+, mesmo que a aliança se mantenha abaixo dos seus níveis de produção habituais.

O atual pacto de produção da OPEP+ prevê aumentar o seu fornecimento em 400.000 barris por dia todos os meses, até pelo menos abril de 2022, e o relatório da organização divulgado na quarta-feira dá a entender que, por agora, se manterá fiel a esse compromisso.

Com estes números, a AIE estima que a produção global de petróleo atingirá níveis de antes da pandemia durante a primeira metade de 2022, salvo imprevistos.

O documento da agência refere que o aumento da produção da OPEP+ "não alterou as expectativas do mercado, pelo que as previsões atuais de oferta e procura implicarão uma redução a das reservas a curto prazo, pelo menos até ao final do ano". Isto significará "um tónico forte para os preços, que, por sua vez, irá apertar ainda mais o mercado petrolífero", acrescenta.

A tensão no fornecimento do setor petrolífero tem sido agravada por problemas no setor da refinação em dois grandes consumidores, China e Índia. O relatório adverte que os preços elevados da energia, juntamente com os problemas nas cadeias globais de abastecimento, já estão a causar uma revisão em baixa das previsões de crescimento global (5,9% este ano e 4,7% em 2022).

Face a esta situação, a AIE aconselha um aumento do investimento em energias renováveis, "mas isto tem de acontecer rapidamente ou os mercados globais de energia enfrentarão um caminho complicado no futuro".
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