Notícia
Os 10 cisnes negros do Saxo para 2021: Alemanha resgata França e blockchain vai matar "fake news"
Um pedido de resgate na União Europeia, a morte da propagação das notícias falsas nas redes sociais e a Amazon a fixar-se no Chipre são algumas das previsões improváveis do banco dinamarquês para o próximo ano.
Vacina anti-covid vai matar empresas
"A pandemia acelerou a perigosa alavancagem da economia global que se desenrolou durante a crise financeira de 2008-09", pode ler-se na análise do banco, que refere que "a política de provisão de liquidez quase infinita e facilitação das condições financeiras a todo custo empurrou os rendimentos globais soberanos e corporativos de grau de investimento para mínimos históricos e forçou os investidores a assumir posições em ativos mais arriscados".
E esta postura arriscada é justificada pela perspetiva de uma vacina eficaz trazendo um novo "boom" no crescimento económico. Nessa altura, a inflação subirá e o desemprego cairá tão rapidamente que a Reserva Federal dos Estados Unidos vai permitir que os rendimentos longos do tesouro aumentem.
O banco central vai cometer "um erro" ao dar aso a que as condições financeiras se contraiam muito rapidamente por meio de taxas mais longas e mais altas, sem nunca ter implementado o controlo da curva das obrigações. Muitas empresas vão desaparecer, concluem os economistas.
Amazon "compra" Chipre
O próximo ano irá ser mais uma oportunidade para a empresas liderada por Jeff Bezos vincar o seu monopólio no retalho online. Devido a este facto, é de prever que os governos em todo o mundo continuem de olho nas alegadas práticas anti concorrenciais da gigante do retalho norte-americana.
A Amazon irá alterar a sua morada fiscal na Europa para o Chipre, ajudando o país a encurtar a sua dívida em percentagem de PIB que é de quase 100%. Já instalada, a empresa irá ajudar o Chipre reescrever o seu código tributário para imitar o da Irlanda, mas com níveis ainda mais baixos de impostos corporativos.
De olho nisto, os reguladores da UE agem contra a Amazon, forçando a empresa a mudar as suas práticas e forçando o Chipre e outros países da UE a harmonizar as regras fiscais.
Alemanha resgata França
França é um dos países europeus que enfrenta o maior fantasma da dívida nos próximos anos. Antes da pandemia, a dívida pública gaulesa estava quase a colidir com os 100% do PIB, enquanto que a dívida privada disparava, atingindo quase 140% do PIB - muito mais do que Itália (106%) ou Espanha (119%).
E a resposta de emergência à pandemia apenas acelerou a acumulação da dívida, com o nível da dívida pública a subir acima de 120% do PIB em 2021.
Apesar de um enorme pacote de estímulo, França não vai conseguir evitar uma onda de falências. Os investidores vão ficar cada vez mais preocupados com o futuro retorno sobre o património e a receita líquida vai cair.
Dado o mau estado das finanças públicas e o nível já extraordinariamente elevado de endividamento, a França não tem outra escolha a não ser o pedido de resgate à Alemanha, a fim de permitir que o BCE imprima euros suficientes para permitir um resgate massivo ao seu sistema bancário, de forma a evitar um colapso.
Blockchain mata as “fake news”
Já este ano o Twitter começou por "calar" vários conteúdos de Donald Trump, ainda presidente dos Estados Unidos, por conterem informação falsa sobre determinados assuntos. Depois, optou por usar um alerta, que surgia abaixo do tweet, corrigindo a informação.
No próximo ano, esta ameaça da desinformação será ainda maior e obrigará os provedores de notícias, como é o caso das redes sociais, a atuarem, de acordo com o Saxo. Com recurso ao blockchain, que permite a distribuição de notícias de uma forma imutável com uma verificação de validade tanto do conteúdo quanto da fonte, as "fake news" vão desaparecer.
Os sites de notícias alternativos que vendem teorias da conspiração como QAnon, desinformação sobre a pandemia ou evidências falsas de fraude eleitoral ficarão subitamente indisponíveis nas principais plataformas. "A realidade vencerá", dizem os economistas.
Moeda digital da China vai mudar paradigma
Em 2019, 80% de todos os pagamentos na China foram via WeChat Pay e AliPay. O banco central da China quer dar um passo em frente e melhorar a eficácia da política monetária e fiscal por meio de uma inclusão financeira, pode ler-se.
Permitir o acesso total de estrangeiros aos mercados de capital chineses reduzirá a principal barreira de preocupação para os investidores estrangeiros ao usarem o yuan digital no comércio e nos investimentos.
Esta ideia encaixa-se numa estrutura de dupla circulação da China, melhorando a transparência dentro e fora do país.
Um novo projeto de fusão de energia
Para fazer face ao crescimento económico é necessário muita mais energia do que a que é gasta atualmente, segundo o Saxo. Mas tendo em conta os ideias de sustentabilidade é necessário que haja uma fusão entre energia tradicional e verde.
O projeto do reator de fusão SPARC do MIT, que foi validado em 2020 como um caminho viável para uma energia de fusão menos cara, é maciçamente aprimorado por este novo modelo de Inteligência Artificial.
Os engenheiros ajustam o design SPARC, criando a maior mudança de paradigma em tecnologia de energia desde a energia nuclear. Ainda mais importante, um investimento maciço dos setores público e privado permitiria a implementação do novo projeto de fusão em poucos anos.
Rendimento básico universal acaba com as grandes cidades
A pandemia acelerou a desigualdade e destruiu o tecido social que vinha a deteriorar-se antes do surto devido à automação e aceleração da tecnologia. Com a destruição de muitos milhões de postos de trabalho, um único rendimento não chega nem perto para sustentar uma família, em muitos casos.
O risco de que as sociedades sejam totalmente dilaceradas resulta na compreensão de que as medidas da covid-19 não foram uma mera resposta ao pânico, mas o início de uma nova realidade permanente de atribuição de uma renda básica universal (UBI).
Esta tendência de atribuição de um rendimento universal também altera a atitude das pessoas no trabalho e no equilíbrio da sua vida profissional e pessoal. O que vai permitir que muitos jovens fiquem a viver nas comunidades onde cresceram. Além disso, muitos profissionais e trabalhadores marginais começam a abandonar as grandes cidades, dado que as oportunidades de trabalho começam a escassear e a qualidade de vida perde atratividade em pequenos e caros apartamentos em áreas com maior criminalidade .
Criação de um Fundo de Tecnologia do Cidadão
Esta política é considerada um ‘Dividendo de rutura’ e contribui em muito para aliviar as ansiedades económicas e sociais daqueles que têm perdido a sua participação na produção económica nos últimos anos.
2021 será o ano da prata
No próximo ano a prata pode disparar à medida que o dólar dos EUA enfraquece e os investidores enfrentam a dura realidade de nenhum alívio à vista das taxas de juros reais negativas.
Isso é exacerbado à medida que a inflação aumenta repentinamente em 2021 e os formuladores de políticas demoram a responder, desejando oferecer o máximo de apoio para as suas economias ainda em recuperação.
O aumento da alta no preço da prata em 2021, mesmo em relação ao ouro, é o rápido aumento da procura por prata na indústria.
A tecnologia de mãos dadas aos mercados emergentes
Em 2021, os economistas descobrirão que as taxas de crescimento em mercados emergentes foram terrivelmente subestimadas nos últimos anos. Uma análise mais detalhada vai revelar que as tecnologias-chave podem estar na raiz de uma aceleração do crescimento da produtividade do setor privado muito além de qualquer coisa vista nos mercados desenvolvidos nas últimas décadas.
O primeiro é a chegada de sistemas de entrega de Internet baseados em satélite, Em segundo lugar, está a revolução em curso nos sistemas bancários e de pagamento por fintech, que já proporcionou a milhares de milhões de pessoas acesso à economia digital por meio de seus dispositivos móveis.
Por fim, a tecnologia de drones foi criada para revolucionar os sistemas de distribuição e reduzir as desvantagens e os custos de viver longe das maiores cidades.
Os economistas do Saxo Bank fizeram as suas habituais previsões improváveis – ou cisnes negros - para o próximo ano, mantendo a tradição que dura já há mais de 20 anos. Este é, como explica o banco dinamarquês, um exercício com dez possíveis cenários, apesar de não serem necessariamente prováveis.
Nas previsões feitas para este ano, os economistas acertaram em algumas das previsões, apesar da grande maioria ter saído ao lado. Por exemplo, acertaram que o candidato do Partido Democrata iria ganhar as eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Apontaram também que o banco asiático AIIB iria criar uma moeda digital de reserva para combater a hegemonia do dólar. Não aconteceu, mas a discussão em torno das moedas digitais está lançada entre os maiores bancos centrais do mundo.
A pandemia trocou as voltas a muitas das previsões elaboradas.
Caso disso foi o aumento de taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE), que não só não aconteceu, como o banco central está a imprimir mais dinheiro do que nunca.
As 10 previsões para o próximo ano poderão ser consultadas na galeria abaixo em cima.
Em baixo pode ver o relatório completo.