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Monopólio de mercado de biliões de dólares preocupa Wall Street

Actualmente é virtualmente impossível haver um monopólio real em Wall Street. Mas isto está a acontecer num segmento vital do sistema financeiro e a espalhar o nervosismo.

Reuters
24 de Setembro de 2017 às 14:00
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Em meados de 2018, uma única entidade – o Bank of New York Mellon – será responsável pela compensação e liquidação diária de quase 2 biliões de dólares de instrumentos financiados por acordos de recompra. O único concorrente de longa data, o JPMorgan Chase, está a abandonar o negócio e o BNY Mellon iniciou, neste terceiro trimestre, o processo de migração de clientes.

 

O problema não é exactamente o BNY Mellon abusar da sua posição no mercado de recompra, que é altamente regulamentado. Afinal, o JPMorgan mandou a toalha ao chão porque as regras adoptadas após a crise tornaram o negócio mais caro e oneroso. A preocupação é que um só banco fará compensação e liquidação -- ou seja, verificar que cada transacção é válida, transferir dinheiro de uma conta para a outra e salvaguardar a garantia dada em cada contrato - e, se algo falhar, o estrago é grande.

 

É difícil exacerbar a importância do mercado de recompras para o sistema financeiro dos EUA actualmente. São empréstimos de curto prazo que as corretoras conseguem geralmente ao darem como garantia instrumentos de dívida pública, o que tem um papel crucial nas negociações diárias de Wall Street. Este mercado de recompra sustenta a liquidez do mercado de títulos do Tesouro americano, que movimenta 14,1 biliões de dólares. Além disso, os recursos disponibilizados também põem óleo na engrenagem dos mercados de acções, títulos corporativos e moedas.

 

Ponto de falha

 

"Um único ponto de falha no mercado de recompras garantidas por instrumentos do governo dos EUA — que é enorme e basicamente o motor de liquidez do país — é preocupante por si só", disse Adam Dean, director da  Square 1 Asset Management. "Não é uma situação ideal."

 

Vale lembrar que o pânico neste mesmo mercado contribuiu para o colapso do Lehman Brothers Holdings e paralisou o sistema financeiro há uma década. Embora o banco central dos EUA (Reserva Federal) tenha liderado esforços para reduzir os riscos sistémicos no mercado de recompras, a presença de um único banco de compensação tem potencial para deixar os mercados dos EUA mais vulneráveis a desastres naturais, falhas de informática, terrorismo, ataques cibernéticos, etc.  

 

Brian Ruane, responsável pela divisão de compensação de valores mobiliários e garantias de terceiros do BNY Mellon, diz que o banco não está a deixar nenhuma brecha.

 

A instituição, que já dominava mais de 80% deste mercado antes de o JPMorgan decidir sair, gastou 100 milhões de dólares nos últimos anos para tornar a sua infra-estrutura de tecnologia mais robusta - incluindo modernizações para viabilizar a confirmação tripla de transacções e a substituição automática de garantias nos acordos de recompra - e assim atender às novas exigências da Fed.

 

‘Papel importante’

 

A quantia não inclui o investimento  "muito substancial" realizado para substituir a plataforma de compensação e liquidação, que já tinha três décadas. E desde o anúncio do JPMorgan no ano passado, o BNY Mellon gastou ainda mais em melhorias, segundo Ruane, que se recusou a dar um número exacto.

 

"Compreendemos o papel importante que desempenhamos no mercado e estamos a prepararmo-nos para absorver essa maior capacidade", afirmou Ruane, que trabalha no BNY Mellon há 22 anos. "Um foco é construir resistência ao investir mais em backup, capacidade, tecnologia, processos e pessoas."

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