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Metais raros podem ser a próxima arma da China na guerra comercial com os EUA
Cresce a especulação de que a China poderá impor restrições à exportação de metais raros para os Estados Unidos, essenciais no fabrico de produtos como computadores, smartphones e carros elétricos.
Confrontada com a ameaça de tarifas sobre todas as suas exportações para território norte-americano e uma verdadeira guerra contra o seu setor tecnológico, a China deverá estar a preparar uma nova arma para a disputa com os Estados Unidos: os metais raros.
Num comentário transmitido pela CCTV, um responsável da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reformas avisou que os produtos que requerem metais raros para a sua produção não devem ser usados contra o desenvolvimento do país, sugerindo que a China poderá interromper o fornecimento destes recursos minerais, utilizados no fabrico de computadores, smartphones e veículos elétricos.
O comentário deste responsável está a ser lido como uma ameaça velada contra os Estados Unidos e as suas tecnológicas, que são fortemente dependentes destes metais, depois de o presidente Xi Jinping ter visitado na semana passada algumas unidades de mineração e processamento destes metais em Jiangx, dando azo à especulação de que esta seria a nova arma de Pequim contra Washington.
Além disso, foram publicados esta quarta-feira vários artigos em jornais chineses a defender o uso dos metais raros como retaliação contra os Estados Unidos, o que levou as ações das empresas de mineração a dispararem em bolsa.
O Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, escreve que os Estados Unidos não deviam subestimar a capacidade da China de lutar nesta guerra comercial, ao passo que o diretor do Global Times, outro jornal do regime, confirmou no Twitter que o país está a considerar "seriamente" restringir as exportações destes metais para os Estados Unidos.
A China é o maior produtor mundial destes metais raros – um grupo de 17 elementos onde se incluem o lantânio e o escândio, por exemplo – tendo sido responsável por cerca de 78% da sua produção global no ano passado.
Os Estados Unidos, por seu lado, dependem da China para cerca de 80% das suas importações de metais raros, tendo deixado estes elementos de fora da lista de bens que foram alvo de tarifas.
Numa nota divulgada esta quarta-feira, o Bank of America explica que o domínio da China tem a ver com o facto de o Governo ter classificado estes metais como um recurso estratégico e de ter promovido a sua exploração e extração nos últimos 100 anos.
E esta não é a primeira vez que Pequim utiliza estes recursos como arma: em 2010, a China proibiu a exportação de metais raros para o Japão depois de Tóquio ter detido um capitão chinês de uma embarcação de pesca.
A perspetiva de estes elementos voltarem a ser usados como arma levou os produtores chineses a disparar em bolsa: a China Northern Rare Earth subiu 8,68%, a China Minmetals Rare Earth ganhou 10% e a JL Mag Rare-Earth valorizou 10,01%. A Innuovo Technology avançou 9,95% e a Xiamen Tungsten subiu 3,79%.