Na semana passada, o BoE divulgou uma troca de emails com data de Junho de 2008 entre King (na foto) e o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, à época presidente da antena de Nova Iorque da Reserva Federal (Fed). Geithner tinha feito seis recomendações para "reforçar a credibilidade da Libor", nomeadamente a adopção de "procedimentos para evitar erros de submissão acidentais ou deliberados".

Na altura, "toda a gente se preocupava com o comportamento da Libor (...) em particular da Libor em dólares", que era "muito volátil" desde finais de 2007, mostrando que os bancos estavam "muito reticentes a emprestar [capital] entre si", explicou King à comissão do Tesouro da Câmara dos Comuns.

Para o governador do BoE, foi por isso que a Associação de Banqueiros Britânicos (BBA, na sigla em inglês) - que publica a cada dia a Libor em função das taxas fornecidas por um conjunto de bancos - lançou uma consulta sobre "a credibilidade" do instrumento. As recomendações norte-americanas foram transmitidas à BBA. "Não há nenhuma indicação de irregularidades em 2008 [sobre a Libor]. A primeira vez que tivemos conhecimento de fraudes foi há duas semanas", garantiu King. "Se a Fed tem dúvidas no que se refere ao Barclays, nada disso nos foi transmitido", acrescentou, sublinhando que o BoE não tem um papel de regulação do sector bancário.

O escândalo da Libor eclodiu a 27 de Junho, quando o Barclays revelou que ia pagar cerca de 360 milhões de euros para pôr fim a dois inquéritos dos reguladores britânico e norte-americano no âmbito de uma investigação sobre manipulação das taxas interbancárias britânica, a Libor, e europeia, a Euribor, entre 2005 e 2009.

Estas taxas servem de referência para os produtos financeiros e podem ter implicações nos empréstimos aos particulares e às empresas.