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Mercados estabilizam em Fevereiro, mas mantêm-se as desconfianças

O Stoxx 600 voltou a perder valor em Fevereiro. Já o PSI-20 teve um dos piores comportamentos do mundo, num mês em que as taxas da dívida portuguesa chegaram a passar os 4,5% para depois corrigirem para 3%.

Bloomberg
29 de Fevereiro de 2016 às 18:33
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Após um dos piores Janeiros na história dos mercados, os investidores continuam a mostrar sinais de cautela. O índice que mede o desempenho das principais acções europeias, o Stoxx 600, até conseguiu conter a dimensão das quedas. Depois de ter perdido 6,44% no primeiro mês do ano, fecha Fevereiro com uma desvalorização de 2,44. É a terceira queda mensal consecutiva, a pior sequência desde 2012.

As quedas do sector da banca e as "utilities", que têm anunciado corte de dividendos, impediram que a recuperação do sector mineiro (16% no acumulado do mês) se materializasse num ganho mensal do Stoxx 600. Na época de apresentação de resultados, uma parte significativa das entidades financeiras tem mostrado dados que ficaram aquém da expectativa dos analistas.

"Apesar de os mercados terem estabilizado nas passadas duas a três semanas, é claro que a Europa aparenta estar a perder impulso numa altura em que o sector bancário está sob pressão, com os riscos que isso implica para a economia geral", referiram os analistas do Deutsche Bank, numa nota de investimento.

Bolsa portuguesa entre as maiores descidas

O PSI-20 também não escapou às perdas. O índice cedeu 5,89% em Fevereiro, a quarta quebra mensal seguida. As acções nacionais tiveram mesmo um dos piores comportamentos do mundo, superadas apenas pelas descidas das bolsas do Japão, da Índia, da Grécia e da República Checa.

Apenas cinco cotadas escaparam a mais um mês vermelho: Mota-Engil, BPI, Semapa, Jerónimo Martins e Portucel. Já a Pharol foi a acção mais castigada, cedendo cerca de 25%. Impresa, CTT, BCP e EDP fecharam Fevereiro com descidas acima de 10%.

A nível global, o mercado aparenta continuar a ser dominado pelas cautelas. Apesar do reforço dos estímulos por parte de muitos bancos centrais, o índice da Bloomberg que mede o batimento cardíaco das acções mundiais (Bloomberg World) prepara-se para terminar Fevereiro com uma desvalorização de 0,49%, a quarta quebra mensal consecutiva.

Os investidores têm mostrado dúvidas sobre a eficácia das medidas dos bancos centrais. Isso ficou patente no Japão, com a adopção de taxas negativas a levar a uma reacção negativa do mercado. Tentam perceber os dados vindos da economia chinesa. Além disso, tem havido receios sobre uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia.

Brexit afunda libra, mas juros negativos não pressionam iene

No mercado cambial, a libra teve, em Fevereiro, o pior desempenho entre as principais divisas mundiais. Cedeu 2,67% face ao euro, a terceira queda mensal consecutiva. A motivar estas quedas estão os receios de que o referendo de 23 de Junho resulte numa saída do Reino Unido da União Europeia. Nesse cenário, os analistas do UBS prevêem que a libra possa vir a atingir a paridade unitária em relação ao euro.

Já as medidas de choque do Banco de Japão, que adoptou uma política de juros negativos no final de Janeiro, são insuficientes para travar a subida do iene. Entre as principais divisas, a moeda nipónica teve o melhor comportamento, com uma subida de 6,85% face ao euro. A subida da moeda prejudica os objectivos do banco central e também está a penalizar a bolsa de Tóquio, com o Topix a perder 9,37% em Fevereiro (em moeda local).

Já face ao dólar, o euro ganhou força. A divisa norte-americana desvalorizou 0,32%. Isto quando se aproxima a reunião do BCE, agendada para 10 de Março, com as expectativas do mercado a apontarem para um reforço dos estímulos.

A montanha-russa dos juros portugueses

Apesar do mercado estar a apostar num reforço das medidas do BCE, a dívida portuguesa teve um mês de altos e baixos. Após bancos de investimento como o Commerzbank terem mostrado receios quanto ao "rating" da DBRS, a taxa portuguesa a dez anos chegou a superar os 4,5% a 11 de Fevereiro. A agência canadiana é a única das consideradas pelo BCE que tem a notação para Portugal acima de "lixo", factor essencial para que as obrigações nacionais continuem a ser compradas pelo banco central.

No entanto, após aquele pico das taxas, a DBRS veio defender que estava confortável com o "rating" atribuído a Portugal, apesar de mostrar preocupações sobre o impacto da subida dos juros. Esses comentários permitiram um alívio das taxas de juro, que voltaram esta sexta-feira a negociar abaixo da fasquia de 3%. A juntar a isso, a Moody’s classificou como positivo, do ponto de vista do crédito, a aprovação do Orçamento do Estado, apesar de ter lançado algumas dúvidas sobre as metas orçamentais constantes no documento.  

Os (des)acordos que fazem mexer o petróleo

As matérias-primas também conseguiram estancar as descidas a pique dos últimos meses. O preço do petróleo vagueou entre as esperanças e as desconfianças em torno de um acordo entre a Rússia e alguns membros da OPEP para manter a produção. O Brent prepara-se para interromper um ciclo de três meses de descidas, com uma subida de 3,74% em Fevereiro. Já o West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, regista uma subida ligeira de 0,48%.

Também nos metais tem havido sinais de recuperação. Matérias-primas como o zinco e o cobre, por exemplo, avançaram mais de 7% e mais de 3%, respectivamente, em Fevereiro. Com as quedas dos últimos meses, tem havido desinvestimentos em algumas das maiores minas do mundo, o que se está a traduzir em menor oferta disponível destas matérias-primas.

Ainda assim, e num sinal da cautela que se vive nos mercados, um dos activos com maiores ganhos em Fevereiro foi o ouro. O metal precioso prepara-se para conseguir um ganho mensal superior a 10%. 

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