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Lagarde diz que o BCE vai deixar de ter juros negativos no fim do terceiro trimestre

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) é cada vez mais clara sobre a estratégia que irá seguir em julho. Após ter sinalizada os juros irão subir, a francesa deu sinais sobre a dimensão desse aumento: no terceiro trimestre deverão deixar de haver taxas negativas.

Reuters
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A Zona Euro deverá deixar de ter taxas de juro de referência negativas no final do terceiro trimestre deste ano, segundo antecipa a presidente do Banco Central Europeu (BCE). Numa publicação no blog da autoridade monetária, Christine Lagarde explica que a escalada dos preços justifica este calendário de inversão de política monetária.

"Espero que a compra líquida de dívida no âmbito do APP [asset-purchase program] termine logo no início do terceiro trimestre. Isto permitir-nos-ia uma subida das taxas de juro na nossa reunião de julho, em linha com o nosso 'foward guidance'", escreveu Christine Lagarde numa publicação sobre a normalização da política monetária na Zona Euro. "Com base no 'outlook' atual, é provável que estejamos numa posição de abandonar as taxas de juro negativas no final do terceiro trimestre."

As taxas de juro do BCE estão atualmente em mínimos históricos, com a principal taxa de refinanciamento em 0% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 0,25%. Já a taxa aplicada aos depósitos está mesmo negativa: em -0,50%.

Com as declarações desta segunda-feira, Lagarde refere-se a esta última, que na prática significa que os bancos têm de pagar pelo dinheiro que têm estacionado junto do supervisor. Para deixar de estar negativa, a taxa poderá assim subir duas vezes (a primeira em julho e a segunda até final de setembro) em 25 pontos base cada.

Em reação às palavras de Lagarde, as "yields" das dívidas públicas da Zona Euro aprofundaram a subida. As Bunds alemãs a 10 anos sobem 2 pontos base para 0,957%, enquanto as obrigações portuguesas com a mesma maturidade avançam 1,9 pontos para 2,136%. O juro da dívida espanhola negoceia nos 2,093% e a italiana nos 2,995%.

Ritmo e dimensão da normalização vai depender na inflação
A razão para a mudança prende-se com a evolução dos preços. "Com o 'outlook' de inflação a inverter de forma notável em comparação com o período pré-pandemia, é apropriado ajustar variáveis ajustáveis - e isso inclui as taxas de juro", afirmou Lagarde. "Isto não constitui um aperto da política monetária; mas manter os juros inalterados neste ambiente iria representar um alívio das políticas, o que não é neste momento necessário".

A taxa de inflação homóloga na Zona Euro acelerou 7,4% em abril, após os 7,5% registados em março. Já na União Europeia atingiu, no mês passado, um novo máximo histórico em 8,1%. O disparo - agravado pela crise energética na região, mas também pelos constrangimentos nas cadeiras de abastecimento face à reabertura das economias pós-pandemia - tem levado analistas e investidores a anteciparem que o BCE acelere o fim das compras de dívida e suba juros.

Após o fim do Programa de Emergência Pandémica (PEPP, na sigla em inglês) em março, continua a decorrer o programa regular de compra de ativos (APP). Na última reunião de política monetária do BCE, Lagarde já tinha anunciado uma aceleração do recuo deste último com compras líquidas a um ritmo mensal de 30 mil milhões de euros em maio e 20 mil milhões em junho. Garante agora que não deverá manter-se depois disso para permitir subir juros.

"A próxima fase da normalização terá de ser guiada pela evolução pelo 'oulook' de inflação a médio prazo. Se virmos a inflação estabilizar nos 2% a médio prazo, uma normalização progressiva dos juros em direção a taxas neutras será apropriada. Mas o ritmo e dimensão dos ajustamentos não podem ser determinados 'ex ante'", acrescentou Lagarde.


(Notícia atualizada às 10:05)
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