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Grécia: Juros continuam a cair e bolsa a subir com alívio da dívida grega no horizonte
As autoridades gregas estão a aproveitar o bom momento nos mercados para emitir dívida pública com juros mais baixos. Atenas anunciou esta quinta-feira uma nova emissão de 625 milhões de euros a curto prazo.
Bolsa em alta e juros em queda, é esta a tendência dos últimos dias na Grécia que está a beneficiar da perspectiva animadora relacionada com a possibilidade de as instituições credoras do país acordarem novas medidas de alívio da dívida do país, a mais alta em função do PIB no bloco do euro.
Esta quarta-feira, 5 de Abril, o principal índice bolsista helénico (FTASE) soma mais de 1% na terceira sessão consecutiva de ganhos. Já os juros da dívida pública estão a cair no mercado secundário em todas as maturidades negociadas.
No prazo a 10 anos a taxa de juro associada às obrigações soberanas gregas recua 1,21 pontos base para 3,98%, um mínimo de 9 de Fevereiro. A última vez que a taxa de juro das obrigações helénicas com maturidade a 10 anos subiu foi no passado dia 26 de Março.
O bom momento das obrigações gregas levou as autoridades governamentais a anunciar esta manhã uma nova emissão de títulos de curto prazo (91 dias) no valor de 625 milhões de euros, a realizar no próximo dia 11 de Abril. Ainda esta quarta-feira, a República grega colocou 1,138 mil milhões de euros em títulos com prazo a 26 semanas, gerando uma procura que superou em 2,69 vezes a oferta.
Alívio da dívida vai ser discutido no Eurogrupo
A contribuir para o optimismo em relação à capacidade da Grécia para cumprir o respectivo serviço da dívida, que o Governo liderado por Alexis Tsipras estima poder fixar-se em torno de 180% do PIB em 2018, está o facto de no Eurogrupo de 27 de Abril serem avaliadas novas medidas de alívio da dívida helénica.
Apesar de ser um dado adquirido que nenhuma medida adicional de alívio será adoptada antes da conclusão do programa de assistência financeira em curso – prevista para Agosto –, o alcance das medidas em cogitação poderá contribuir significativamente para melhorar as condições da Grécia para fazer face às suas obrigações relativamente à troika.
Os ministros das Finanças do euro vão discutir um conjunto de quatro medidas já elencadas no Eurogrupo de Junho do ano passado: criação de um mecanismo que associe o pagamento da dívida ao crescimento do produto; novo prolongamento das maturidades; utilização dos lucros gerados pelo Banco Central Europeu com a compra de obrigações helénicas para reduzir o montante global da dívida grega; e possível utilização do fundo disponível do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) para adquirir dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e garantir um refinanciamento com juros mais baixos.
De acordo com o jornal alemão Handelsblatt, a França defende que a Grécia deve ficar isenta do pagamento do serviço da dívida se a média dos últimos cinco anos de crescimento económico do país cair para menos de 2,8%, e beneficiar de reduções dos montantes a pagar se a expansão do PIB for inferior a 3,4%. Se a média dos últimos cinco anos do PIB avançar acima de 3,4%, Atenas deve pagar os montantes previstos.
Já a proposta do MEE descrita pelo diário germânico é mais conversadora, uma vez que a instituição liderada pelo alemão Klaus Regling propõe o estabelecimento de um tecto para o custo do serviço da dívida grega fixado em 1,5% do PIB se o crescimento económico cair para um nível inferior a 3,25%.
Tsipras quer saída limpa e reeleição em 2019
Apesar de bem encaminhado, há ainda acções prioritárias por implementar no âmbito do memorando de entendimento acordado no Verão de 2015 e que pode ascender a um valor máximo de 86 mil milhões de euros.
No início desta semana, o primeiro-ministro Alexis Tsipras pediu ao restante governo um esforço suplementar para "terminar a maratona", defendendo que o objectivo passa por garantir uma "saída limpa".
Com eleições legislativas agendadas para 2019, Tsipras quer terminar o programa sem ficar amarrado a medidas suplementares de consolidação orçamental para tentar a reeleição, uma vez que o Syriza surge mal posicionado nas sondagens após três anos em que executou um programa contrário às promessas eleitorais de fim da austeridade.