Notícia
Escalada das bolsas criou mais 5 milhões de milionários no ano da pandemia
A pandemia originou uma perda de riqueza global de 17,5 biliões de dólares nos primeiros três meses de 2020, mas as perdas foram revertidas com a intervenção dos Governos e dos bancos centrais.
As perdas provocadas pela pandemia da covid-19 na riqueza mundial foram amplamente recuperadas na segunda metade do ano. Segundo um estudo do Credit Suisse, a rápida intervenção dos bancos centrais e dos governos acelerou uma recuperação sem precedentes nos mercados financeiros, o que determinou um crescimento da riqueza global e do número de milionários. No final de 2020, havia mais 5 milhões de pessoas com uma riqueza avaliada acima de um milhão de dólares.
"Estimamos que 17,5 biliões de dólares foram perdidos da riqueza global das famílias entre janeiro e março de 2020, o equivalente a uma queda de 4,4%", escreve o Credit Suisse no seu Global Wealth Report 2021, apresentado esta manhã. Apesar da dimensão das perdas acumuladas no primeiro trimestre, "tranquilizados pela rápida ação dos governos e dos bancos centrais, os mercados financeiros recuperaram a confiança e as perdas nos mercados acionários foram amplamente revertidas no final de junho", aponta o relatório, acrescentando, porém, que o que aconteceu na segunda metade do ano foi "inesperado", com as principais bolsas mundiais a dispararem para recordes.
E foi a forte recuperação dos ativos financeiros que, diz o Credit Suisse, suportou o crescimento de riqueza em 2020. Contas feitas, a riqueza das famílias aumentou 28,7 biliões de dólares, estando a riqueza global avaliada em 418,3 biliões de dólares, acima 7,4% do valor dos ativos detidos pelas famílias no final de 2019. Em termos individuais, a riqueza por adulto cresceu 6% para um novo recorde nos 79.952 dólares, com o número de milionários a crescer para 56,1 milhões, mais 5,2 milhões que no final do ano anterior.
"Como um todo, os ativos financeiros contribuíram para a maioria do ganho da riqueza total como aconteceu na maioria dos anos desde as crises financeiras", refere o relatório, acrescentando que estes ativos foram responsáveis pela criação de 22,5 biliões de dólares de riqueza em 2020, enquanto o valor dos ativos não financeiros engordou 10 biliões.
De acordo com o Credit Suisse, 2020 foi um ano em que o comportamento da riqueza individual e das economias dos países apresentaram evoluções contraditórias – praticamente todos os países terminaram o ano com uma contração do produto interno bruto (PIB) – devido à ação das autoridades, que protegeram as famílias neste período mais conturbado.
"Há pouca dúvida que estas intervenções (dos bancos centrais e dos governos) foram altamente bem-sucedidas em alcançar os seus objetivos imediatos", refere o mesmo documento, acrescentando que "as baixas taxas de juro dos bancos centrais tiveram provavelmente o maior impacto. É um dos principais motivos pelos quais os preços das ações e dos imóveis aumentaram, e isso traduz-se diretamente nas nossas avaliações da riqueza familiar".
Outro fenómeno que também terá contribuído para o aumento da riqueza é o nível de poupança. "A redução das oportunidades de consumo devido aos confinamentos, combinado com programas de ajuda, levaram a um aumento da poupança", refere o Credit Suisse.
Riqueza vai aumentar nos próximos anos
Em termos de países, os Estados Unidos e a Europa foram os grandes contribuidores para o aumento global do nível de riqueza no ano passado, com estas duas regiões a contribuírem com um aumento de12,4 biliões de dólares e 9,2 biliões, respetivamente. Ainda assim, o banco espera que nos próximos anos o crescimento da riqueza das famílias seja liderado pelos emergentes, à medida que cresce o poder de compra da classe média destes países.
"A riqueza mundial deverá crescer 39% nos próximos 5 anos, atingindo os 583 biliões de dólares em 2025", antecipa o relatório, acrescentando que os países com menor rendimento serão responsáveis por 42% deste crescimento, "ainda que apenas representem 33% da riqueza atual".