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Erdogan alega que o Islão quer taxas de juros mais baixas

O presidente da Turquia tem defendido o posicionamento para impulsionar o crescimento da economia e garantiu que não pretende recuar, apesar o impacto que tem tido na moeda. A lira turca é a moeda com pior desempenho do mundo nos últimos três meses.

Reuters
19 de Dezembro de 2021 às 20:50
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O presidente da Turquia continua a pressionar o banco central por juros mais baixos e, desta vez, recorreu ao argumento religioso. Recep Tayyip Erdogan defendeu que o Islão quer taxas mais reduzidas e explicou que pretende agir em linha com o que considera serem os ensinamentos islâmicos, num discurso televisivo citado pela Bloomberg.

"Vamos reduzir as taxas de juro. Não esperem nada de diferente de mim. Enquanto muçulmano, continuarei a fazer tudo o que é pedido nos ensinamentos", afirmou, usando a palavra arábica que se refere à doutrina do Islão. É a segunda vez este mês que Erdogan invoca a região para justificar a política monetária no país.

O líder turco tem defendido este posicionamento para impulsionar o crescimento económico da Turquia e garantiu que não pretende recuar, apesar o impacto que tem tido na moeda. A lira turca é a moeda com pior desempenho do mundo nos últimos três meses. Em relação ao dólar, já perdeu quase metade do valor nesse período.

Erdogan relevou, em novembro, um modelo económico que tem por base baixos custos de financiamento e uma moeda barata. Segundo o presidente, este plano poderá impulsionar o crescimento do consumo e libertar a Turquia das necessidades de fluxos de capital estrangeiro. A visão contraria, no entanto, o que é o consenso entre a generalidade os banqueiros centrais mundiais.

"É claro que sabemos o impacto que a subida dos preços tem nas vidas das pessoas. Temos, com certeza, atentos à instabilidade causada pelas flutuações da lira e ao seu impacto nos preços", disse Erdogan. "Mas vamos aumentar a resistência contra isso. E anuncio: não vamos recuar", argumentou.

Os preços na Turquia aceleram há seis meses consecutivos, tendo atingido o valor mais alto dos últimos três anos. A taxa de inflação subiu 21,3% em novembro, apanhando de surpresa os analistas que previam que o índice de preços ao consumidor se tivesse fixado nos 20,7%. A oposição ao Governo de Recep Erdogan alerta, no entanto, que a inflação "real" é de cerca de 40%.

A decisão de Recep Erdogan em avançar com sucessivos cortes nas taxas de juro, após ter demitido o presidente do banco central turco que se oponha à ideia, tem levado os investidores estrangeiros a retirar ativos do país, o que, por sua vez, conduziu a uma derrapagem da lira.

Para conter a desvalorização da moeda, o banco central turco já interviu pela segunda vez esta semana, justificando a decisão com composições de preços pouco saudáveis. Para isso, o banco central turco tem estado a vender algumas das reservas de moedas mais fortes que tem, como é o caso do dólar e do euro, para dar força à lira. 

No entanto, a agência de notação Fitch baixou o rating da Turquia de "estável" para "negativo", alertando que os esforço da venda de moeda estrangeira "não resolve por si só as causas por trás da depreciação" da lira e alertam para os "a já fraca composição das reservas internacionais do banco central" turco.
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