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Empréstimos às famílias subiram em 2024 ao ritmo mais rápido em 16 anos
O montante total de crédito concedido pelos bancos subiu 4,2%, invertendo face à tendência de queda de 2023. Este aumento é explicado por mais empréstimos à habitação concedidos.
O montante de empréstimos às famílias registou no ano passado o maior crescimento desde 2008 ao subir 4,2%, o que compara com uma descida de 0,6% no final de 2023.
Os últimos dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP) indicam ainda que os empréstimos à habitação cresceram 3,5%, contrariando assim a descida de 1,2% registada em 2023, que tinha sido motivada pela subida de juros pelo Banco Central Europeu, o que encareceu o financiamento.
O montante total de crédito para a casa subiu assim 3,5 mil milhões de euros para 102,4 mil milhões no final do ano passado.
"Os empréstimos ao consumo atingiram 20,1 mil milhões de euros, mais 1,2 mil milhões do que no final de 2023. Estes empréstimos aumentaram 7,5% em 2024, valor superior ao registado em 2023 (4,2%) e a maior taxa em final de ano desde 2019 (9,4%)", detalha o BdP.
As três modalidades registaram aumentos no ano passado. O "stock" de crédito automóvel registou o maior crescimento, de 10,1% ou 700 milhões de euros, para 8,4 mil milhões. Já o crédito pessoal, que concentra a maior fatia, aumentou também 700 milhões, ou 7,4%, para 12,6 mil milhões. Apenas os cartões de crédito, apesar de terem crescido 200 milhões, apresentaram uma taxa de variação anual inferior à registada no ano anterior: 8,7% em 2024 face a 10,5% em 2023.
Depósitos das famílias em máximos de 1979
O "stock" de depósitos das famílias nos bancos portugueses nunca foi tão alto e chegou em dezembro do ano passado a 192,7 mil milhões de euros, mais 12,9 mil milhões de euros do que no final de 2023 - o que representa a maior subida desde 2008.
As responsabilidades à vista reduziram-se 500 mil euros, para 80,2 mil milhões de euros, enquanto os depósitos a prazo (que incluem os depósitos com prazo acordado e os depósitos com pré-aviso) aumentaram 13,4 mil milhões de euros, para 112,5 mil milhões de euros.
"Desde 2020 que o crescimento dos depósitos vinha a desacelerar, tendo mesmo sido registado um decréscimo de 1,4% em 2023. Em 2024, esta tendência inverteu-se, observando-se uma taxa de variação anual de 7,3%", realça o supervisor da banca nacional.
Em dezembro de 2024, os depósitos de particulares concentravam-se principalmente nas regiões Norte (57 mil milhões de euros) e Grande Lisboa (55 mil milhões de euros).
Empresas pedem menos crédito e depósitos sobem
Ao contrário das famílias portuguesas, as empresas pediram menos crédito no ano passado e o montante desceu 600 milhões de euros para 72,6 mil milhões. Apesar de um aumento dos empréstimos às microempresas e grandes empresas, de 7,2% e 0,3%, respetivamente, o montante total foi pressionado por uma redução de 1,5% e 5,2% do crédito às pequenas e médias empresas.
No final de 2024, o "stock" de depósitos das empresas nos bancos totalizava 69,4 mil milhões de euros, mais 5,3 mil milhões de euros do que no final de 2023. Esta evolução representa uma taxa de variação anual de 7,9%, contrariando a variação negativa de 4,5% registada em 2023.
A região da Grande Lisboa detinha a maior parcela dos depósitos das empresas (28 mil milhões de euros), seguida da região Norte (21 mil milhões de euros).