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Derivados de Portugal migram para Euronext.Liffe a 22 de Março

O mercado de derivados nacional vai migrar para as plataformas de negociação e de compensação da Euronext.Liffe a 22 de Março, de acordo com um comunicado da Euronext. Segundo apurou o Canal de Negócios, o mercado de opções desaparece em Portugal. Analist

29 de Janeiro de 2004 às 16:31
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O mercado de derivados nacional vai migrar para as plataformas de negociação e de compensação da Euronext.Liffe a 22 de Março, de acordo com um comunicado da Euronext. Segundo apurou o Canal de Negócios, o mercado de opções desaparece em Portugal. Analistas contactados citam o risco de liquidez e o sucesso dos "warrants" para justificar a reduzida liquidez dos futuros e opções.

Num comunicado emitido hoje, a Euronext diz que a migração técnica "é o primeiro passo para a revitalização do mercado de derivados em Portugal".

Com a migração para a Liffe Connect (plataforma de negociação), "os clientes portugueses passarão a ter acesso directo aos mercados de derivados de Bruxelas, Londres e Paris" e no final do ano, a Amsterdão. A adopção sistema Clearing 21 permitirá a compensação e o encontro de ordens através do LCH.Clearnet (a contraparte central que resultou da fusão, em Dezembro de 2003, da LCH e da Clearnet).

Os produtos derivados negociados nos mercados da Euronext.Liffe incluem uma ampla gama de contractos de futuros e de opções sobre acções, índices, taxas de juro e "commodities", ou matérias-primas.

A bolsa pan-europeia procedeu à compra da Liffe (segunda maior bolsa de derivados do mundo) em Janeiro de 2002, no mesmo mês em que procedeu à fusão com a então Bolsa de Valores de Lisboa e Porto (BVLP). A migração do Mercado a Contado ocorreu no passado dia 7 de Novembro.

Após completar os processos de migração em curso, a Euronext.Liffe, empresa detida pela Euronext NV, passará a englobar sete mercados de derivados: a Euronext Amsterdam Financial Derivative Markets, a Euronext Amsterdam Commodity Derivatives Markets, a Euronext Brussels Derivatives Market, o Mercado de Futuros e Opções de Lisboa, a LIFFE, e a Euronext Paris Futures and Options Markets (Matif e Monep).

Fonte da Euronext Lisbon disse ao Canal de Negócios que "o primeiro passo para a migração dos derivados será a migração técnica", que vai ocorrer a 22 de Março, seguindo uma segunda fase "de publicidade e promoção do mercado" que arrancará logo após a data de migração.

Mercado de opções desaparece em Portugal

A mesma fonte garantiu que logo após a migração, o mercado de opções desaparece em Portugal, uma consequência do franco nível de actividade neste segmento. Os contratos de opções sobre o PSI-20 deixaram de existir em Maio de 2002, sendo que até à presente data existiam opções emitidas sobre a PT, a EDP, a PTM e o BCP.

A migração desta plataforma implicará a saída de funcionários da Euronext Lisbon (ligados ao "market operations" e ao "Technical Support") que passarão a actuar a partir de Londres, sendo que não haverá despedimentos a este nível.

Bolsa suporta custos só na primeira fase de integração

Fonte da bolsa nacional garantiu que todos os membros que acompanharem a bolsa nesta primeira fase de integração não vão suportar custos (de infra-estruturas, de instalação e de "membership"), sendo que estes encargos irão ser assumidos pela Euronext.

Se optaram por migrar, depois do final de Março, serão os próprios membros a assumir estes encargos. Para operar nas restantes praças da Euronext, os intermediários financeiros nacionais, como o modelo adoptado para o Mercado a Contado, irão ter de pedir a extensão para os diferentes mercados.

Um mercado com reduzida liquidez

O mercado de derivados em Portugal é gerido pela Euronext Lisbon e ao contrário do segmento dos "warrants", é a própria bolsa que processa o desenho e a emissão dos contratos. Desde a sua criação, na altura sob a alçada da Bolsa de Derivados do Porto, o mercado de derivados em Portugal tem-se pautado por um reduzido nível de liquidez.

Nos últimos 12 meses, o volume do mercado de futuros e opções em Portugal ficou-se pelos 1,46 mil milhões de euros, sendo que em Dezembro de 2003, este mercado transaccionou menos de 116 milhões de euros. No final de 2003, o valor das posições abertas ("open interest") ficava-se pelos 52,7 milhões de euros.

Fonte da bolsa nacional, no entanto, alertou para algum aumento da actividade no mês de Janeiro, com o mercado a mostrar alguma dinâmica antes da passagem para a Euronext. No corrente mês, foram negociados cerca de 103,8 mil contratos de futuros, mais 35% do que o mês de Dezembro, sendo este o volume mais elevado desde Agosto de 2002, tendo na altura o mercado transaccionado 147.384 contratos.

Analistas de derivados citam risco de liquidez

Pedro Noronha, responsável pela carteira de "trading" e opções do Banco de Investimento Global (BIG), diz que no início, o mercado de futuros (o de opções só arrancou em Portugal em Março de 1999) "tinha alguma liquidez, porque os investidores particulares nacionais não tinham alternativas e ofertas" para poderem investir lá fora. Até Maio de 1997, só havia no mercado nacional futuros sobre o PSI-20.

Pedro Noronha diz que antes de 2000, quer os particulares, quer os institucionais intervinham no mercado nacional, sendo que hoje em dia "não vejo particulares a actuar no mercado nacional". Mesmo a intervenção dos institucionais, muitas vezes, não se processa em bolsa, mas sim no mercado OTC, ou mercado balcão.

"Com o surgimento da Internet e a democratização financeira", os nacionais começaram a "ganhar apetite e a fugir lá para fora", o que veio a agravar ainda mais o risco da liquidez (importante no momento de fecho das posições).

O surgimento dos mercados de warrants (em Outubro de 2000) e a sua implementação com grande sucesso em Portugal, segundo o especialista do BIG, veio dar uma machadada final no mercado de derivados nacional, com a fuga dos particulares para este mercado onde a figura do "market maker" garante a liquidez necessária para entrar e sair do mercado.

PSI-20 com spread "bid ask" 36 vezes maior do que IBEX-35

O reduzido nível de liquidez dos derivados no mercado nacional é espelhado no diferencial entre o melhor preço de compra (bid) e o melhor preço de venda (ask). Quanto maior forem as ordens de compra e venda, mais apertado é este diferencial ou "spread".

Comparando o mercado nacional com o mercado espanhol, nota-se que este último tem um nível de liquidez mais elevado, o que se reflecte no estreitamento do diferencial.

Há momentos, o "bid-ask spread" do contrato futuro que tem o PSI-20 como subjacente, com maturidade em Fevereiro, era de 36 pontos. No mercado espanhol, os contractos futuros sobre o IBEX-35, com entrega na mesma data, transaccionavam com um diferencial de 1 ponto.

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