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Certificados de aforro pagam juros mais altos a partir de Julho
Taxa oferecida aos aforradores vai ser de 3,181%. Subida aumenta o diferencial face aos juros praticados pelos bancos.
Quem tem crédito vai sentir um agravamento dos custos do financiamento contraído junto do banco. Mas quem tiver poupanças tem no recente movimento das taxas de juro do mercado a oportunidade de obter retornos superiores com o dinheiro amealhado. Especialmente se parte desse dinheiro for (ou já estiver sido) aplicado em certificados de aforro. É que a taxa vai voltar a aumentar em Julho.
Depois de recuar para um mínimo desde Janeiro, este mês, a taxa oferecida pelos certificados vai aumentar para 3,181% (dos actuais 3,17%), de acordo com os cálculos realizados pelo Negócios, com base na fórmula utilizada pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). Uma evolução que traduz, essencialmente, o agravamento da Euribor a 3 meses nas últimas semanas.
A taxa de mercado que serve de base para o cálculo da rendibilidade deste produto de poupança do Estado tem vindo a subir face aos mínimos históricos. Nas 10 sessões que são contabilizadas pela agência que gere a dívida pública, só em duas ficou inalterada. Caiu ontem, para 0,222%, mas está em níveis que não se observavam desde Fevereiro, em resultado da perspectiva de redução de liquidez nos mercados, dada a alteração prevista na actuação da Reserva Federal.
Estado arrasa bancos
Esta subida dos juros oferecidos pelos certificados de aforro vem aumentar o diferencial de rendibilidade deste produto face aos "tradicionais" depósitos a prazo. Enquanto estes títulos de dívida garantem um retorno de mais de 3%, as aplicações comercializadas pelas instituições financeiras registavam, em Abril, uma taxa média de 2,38% para depósitos com prazo de até um ano.
Os juros mais elevados, justificados pela introdução de um prémio fixo de 275 pontos-base desde Setembro, têm aumentado a atractividade deste produto junto dos pequenos investidores. A fuga de investidores foi estancada, sendo que em Maio, registou-se efectivamente a entrada de capital fresco nos certificados. Foi a primeira vez que tal aconteceu desde que foi lançada, em 2008, a "Série C".
Apesar da entrada de capital, este produto está longe de oferecer ao Estado uma fonte de financiamento válida. O Executivo pretendia que os certificados apresentassem, no final deste ano, um saldo líquido entre resgates e novas subscrições de 144 milhões de euros. Ao final de cinco meses, o saldo cifra-se em apenas 52 milhões, tornando muito difícil a obtenção do valor estimado pelo Governo.
À espera de novos produtos
Perante a reduzida contribuição para o financiamento da dívida pública, já foram anunciados novos produtos do Estado. João Moreira Rato (na foto), o presidente do IGCP, revelou em Maio que está na calha o lançamento de uma nova versão dos certificados do Tesouro. Mas também a venda directa de dívida a particulares.
Vítor Gaspar, ministro das Finanças, afirmou à margem do último Ecofin que o Executivo está a "encetar um processo de emissão de títulos destinados ao retalho". É "natural que os portugueses estejam à procura de formas alternativas de colocar as suas poupanças, e, uma vez que a dívida pública oferece taxas de remuneração que são muito atraentes" é de acreditar que "estas alternativas serão muito bem recebidas pelas famílias portuguesas".