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Certificados de aforro pagam juros mais altos a partir de Julho

Taxa oferecida aos aforradores vai ser de 3,181%. Subida aumenta o diferencial face aos juros praticados pelos bancos.

Miguel Baltazar/Negócios
27 de Junho de 2013 às 00:10
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Quem tem crédito vai sentir um agravamento dos custos do financiamento contraído junto do banco. Mas quem tiver poupanças tem no recente movimento das taxas de juro do mercado a oportunidade de obter retornos superiores com o dinheiro amealhado. Especialmente se parte desse dinheiro for (ou já estiver sido) aplicado em certificados de aforro. É que a taxa vai voltar a aumentar em Julho.

Depois de recuar para um mínimo desde Janeiro, este mês, a taxa oferecida pelos certificados vai aumentar para 3,181% (dos actuais 3,17%), de acordo com os cálculos realizados pelo Negócios, com base na fórmula utilizada pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). Uma evolução que traduz, essencialmente, o agravamento da Euribor a 3 meses nas últimas semanas.

A taxa de mercado que serve de base para o cálculo da rendibilidade deste produto de poupança do Estado tem vindo a subir face aos mínimos históricos. Nas 10 sessões que são contabilizadas pela agência que gere a dívida pública, só em duas ficou inalterada. Caiu ontem, para 0,222%, mas está em níveis que não se observavam desde Fevereiro, em resultado da perspectiva de redução de liquidez nos mercados, dada a alteração prevista na actuação da Reserva Federal.

Estado arrasa bancos

Esta subida dos juros oferecidos pelos certificados de aforro vem aumentar o diferencial de rendibilidade deste produto face aos "tradicionais" depósitos a prazo. Enquanto estes títulos de dívida garantem um retorno de mais de 3%, as aplicações comercializadas pelas instituições financeiras registavam, em Abril, uma taxa média de 2,38% para depósitos com prazo de até um ano.

Os juros mais elevados, justificados pela introdução de um prémio fixo de 275 pontos-base desde Setembro, têm aumentado a atractividade deste produto junto dos pequenos investidores. A fuga de investidores foi estancada, sendo que em Maio, registou-se efectivamente a entrada de capital fresco nos certificados. Foi a primeira vez que tal aconteceu desde que foi lançada, em 2008, a "Série C".

Apesar da entrada de capital, este produto está longe de oferecer ao Estado uma fonte de financiamento válida. O Executivo pretendia que os certificados apresentassem, no final deste ano, um saldo líquido entre resgates e novas subscrições de 144 milhões de euros. Ao final de cinco meses, o saldo cifra-se em apenas 52 milhões, tornando muito difícil a obtenção do valor estimado pelo Governo.

À espera de novos produtos

Perante a reduzida contribuição para o financiamento da dívida pública, já foram anunciados novos produtos do Estado. João Moreira Rato (na foto), o presidente do IGCP, revelou em Maio que está na calha o lançamento de uma nova versão dos certificados do Tesouro. Mas também a venda directa de dívida a particulares.

Vítor Gaspar, ministro das Finanças, afirmou à margem do último Ecofin que o Executivo está a "encetar um processo de emissão de títulos destinados ao retalho". É "natural que os portugueses estejam à procura de formas alternativas de colocar as suas poupanças, e, uma vez que a dívida pública oferece taxas de remuneração que são muito atraentes" é de acreditar que "estas alternativas serão muito bem recebidas pelas famílias portuguesas".

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