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Analistas que previram queda dos emergentes esperam um 2019 doloroso

Se Jason Daw estiver certo, alguns dos maiores investidores do mundo terão uma grande decepção.

26 de Dezembro de 2018 às 13:06
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O estratega do Société Générale em Singapura, um dos poucos que previram a queda dos mercados emergentes que começou em Janeiro, não prevê uma recuperação iminente desta classe de activos. O analista afirma que a alta ligeira das moedas desde Setembro, liderada pela lira turca, pelo real e pelo rand sul-africano, é temporária, e que o crescimento global mais lento e as novas subidas de juros da Reserva Federal continuarão a enfraquecer as moedas dos países em desenvolvimento.

 

"Será preciso um processo de vários anos para que o comportamento dos investimentos se adapte às condições menos generosas de liquidez do dólar após uma década de dinheiro fácil", disse. "Os obstáculos para que o capital flua novamente para os mercados emergentes são grandes e é necessário um catalisador macro significativo para mudar esta história".

 

Daw faz parte de um grupo que nada contra a corrente e que inclui Lisa Chua, gestora de activos da Man GLG, David Woo, estratega do Bank of America, e a economista de Harvard Carmen Reinhart. Estes responsáveis alertam para riscos adicionais para os mercados emergentes, mesmo depois de nove semanas consecutivas de entradas de recursos nesta classe de activos. E mantêm uma perspectiva de crescimento mais pessimista num cenário de escalada da guerra comercial, de perspectivas de um dólar mais forte e de focos de fragilidade na China, no Brasil e na Índia.

 

Isso ampliaria os problemas de um 2018 já conturbado, dado que as acções dos mercados emergentes entraram em bear market e todas as moedas importantes do mundo em desenvolvimento perderam valor em relação ao dólar.

 

A combinação de estímulos por parte da China, o fim da guerra comercial entre EUA e China e uma interrupção no ajustamento da política monetária da Fed poderia ajudar a desencadear uma recuperação dentro dessa classe de activos, segundo Daw.

 

Embora concordem que os mercados emergentes vão continuar sob pressão em 2019, os pessimistas estão divididos em relação a qual será a principal fonte de problemas.

 

Daw vê algum valor na Argentina, que liderou a queda das moedas dos mercados emergentes este ano. O país sul-americano também é o que parece mais atractivo para Chua.

 

O estratega do Société Générale também recomenda uma posição vendedora no real e compradora no peso mexicano, porque a euforia inicial do mercado com a eleição de Jair Bolsonaro está a diminuir.

 

A maior preocupação de Woo é que o governo de Xi Jinping não tenha incentivos para fazer concessões comerciais, especialmente porque Donald Trump está a ser afectado por um impasse no Congresso dos EUA. Internamente, as autoridades chinesas precisam de conciliar a necessidade de estímulo com o desejo de controlar os preços desenfreados dos imóveis. Woo recomenda posições vendedoras na rupia indiana e no peso mexicano, já que a desaceleração na China pesa sobre os activos de todo o mundo em desenvolvimento.

 

"Quer comprar mercados emergentes?", disse. "Eu não tocaria nos mercados emergentes nem com uma vara de três metros enquanto os EUA e China não se resolverem".

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