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Analistas que previram queda dos emergentes esperam um 2019 doloroso
Se Jason Daw estiver certo, alguns dos maiores investidores do mundo terão uma grande decepção.
O estratega do Société Générale em Singapura, um dos poucos que previram a queda dos mercados emergentes que começou em Janeiro, não prevê uma recuperação iminente desta classe de activos. O analista afirma que a alta ligeira das moedas desde Setembro, liderada pela lira turca, pelo real e pelo rand sul-africano, é temporária, e que o crescimento global mais lento e as novas subidas de juros da Reserva Federal continuarão a enfraquecer as moedas dos países em desenvolvimento.
"Será preciso um processo de vários anos para que o comportamento dos investimentos se adapte às condições menos generosas de liquidez do dólar após uma década de dinheiro fácil", disse. "Os obstáculos para que o capital flua novamente para os mercados emergentes são grandes e é necessário um catalisador macro significativo para mudar esta história".
Daw faz parte de um grupo que nada contra a corrente e que inclui Lisa Chua, gestora de activos da Man GLG, David Woo, estratega do Bank of America, e a economista de Harvard Carmen Reinhart. Estes responsáveis alertam para riscos adicionais para os mercados emergentes, mesmo depois de nove semanas consecutivas de entradas de recursos nesta classe de activos. E mantêm uma perspectiva de crescimento mais pessimista num cenário de escalada da guerra comercial, de perspectivas de um dólar mais forte e de focos de fragilidade na China, no Brasil e na Índia.
Isso ampliaria os problemas de um 2018 já conturbado, dado que as acções dos mercados emergentes entraram em bear market e todas as moedas importantes do mundo em desenvolvimento perderam valor em relação ao dólar.
A combinação de estímulos por parte da China, o fim da guerra comercial entre EUA e China e uma interrupção no ajustamento da política monetária da Fed poderia ajudar a desencadear uma recuperação dentro dessa classe de activos, segundo Daw.
Embora concordem que os mercados emergentes vão continuar sob pressão em 2019, os pessimistas estão divididos em relação a qual será a principal fonte de problemas.
Daw vê algum valor na Argentina, que liderou a queda das moedas dos mercados emergentes este ano. O país sul-americano também é o que parece mais atractivo para Chua.
O estratega do Société Générale também recomenda uma posição vendedora no real e compradora no peso mexicano, porque a euforia inicial do mercado com a eleição de Jair Bolsonaro está a diminuir.
A maior preocupação de Woo é que o governo de Xi Jinping não tenha incentivos para fazer concessões comerciais, especialmente porque Donald Trump está a ser afectado por um impasse no Congresso dos EUA. Internamente, as autoridades chinesas precisam de conciliar a necessidade de estímulo com o desejo de controlar os preços desenfreados dos imóveis. Woo recomenda posições vendedoras na rupia indiana e no peso mexicano, já que a desaceleração na China pesa sobre os activos de todo o mundo em desenvolvimento.
"Quer comprar mercados emergentes?", disse. "Eu não tocaria nos mercados emergentes nem com uma vara de três metros enquanto os EUA e China não se resolverem".