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Alemanha contra BCE. Presidente do Bundesbank rejeita medidas e Berlim critica

O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, foi um dos membros do Conselho a opor-se às medidas do BCE anunciadas hoje. Membros da CDU, o partido de Angela Merkel, já vieram criticar decisão da autoridade monetária.

Bloomberg
04 de Setembro de 2014 às 19:25
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Mario Draghi pode não ter recebido uma chamada de Angela Merkel por causa das declarações em Jackson Hole, mas o telefonema de Berlim pode vir a ter lugar hoje.

 

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira, 4 de Agosto, novas medidas para travar a baixa inflação e estimular o crescimento na Zona Euro.

 

Mario Draghi anunciou a redução da taxa de juro directora para um novo mínimo histórico (0,05%), assim como um programa de compra de dívida titularizada ("asset backed securities" ou ABS), de forma a "facilitar os fluxos de crédito".

 

Mas a decisão tomada pelo Conselho do BCE não agradou à maior economia da Zona Euro, a Alemanha. O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, foi um dos membros do Conselho a opor-se às medidas anunciadas hoje, segundo avançaram duas fontes do BCE à Bloomberg. O banqueiro alemão ter-se-á mostrado contra a redução das taxas de juro, assim como a introdução do programa ABS.

 

A relutância alemã em aprovar estas novas medidas ficou expressa na declaração de Mario Draghi na conferência de imprensa mensal. A decisão sobre as taxas de juro não foi unânime, assinalou o banqueiro italiano.

 

Ao mesmo tempo, apesar de ter havido uma "maioria confortável" que aprovou estes programas, "alguns governadores quiseram fazer mais, outros menos", revelou Mario Draghi.

 

Recorde-se que as decisões de política monetária do euro são tomadas pelo Conselho do BCE que é constituído pelos 18 governadores dos bancos centrais do euro mais os seis membros da Comissão Executiva.

 

Desta forma, entre os que não quiseram alterar a política monetária ou fazê-lo de uma forma mais conservadora, encontra-se a Alemanha.

 

Ainda antes de a decisão do BCE ser conhecida, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, revelou estar preocupado com o facto existirem tendências para suaviza a política de consolidação em alguns países europeus. Ainda recentemente, Schäuble veio avisar que considera que a "política monetária já não tem mais instrumentos" para estimular o crescimento na Zona Euro.

 

Depois de a decisão ser anunciada, vários membros do partido da chanceler alemã criticaram a decisão do presidente do BCE. "A pressão está a ser retirada, isso é algo que a França e Itália querem e é algo que nós não queremos", afirmou à Bloomberg Norbert Barthle da CDU, o partido da chanceler alemã. "Esperamos que o BCE apresente uma estratégia de saída no médio prazo desta política monetária expansionista", defendeu.

 

Outro deputado democrata-cristão também criticou a decisão da autoridade monetária. "O sinal que a decisão do BCE está a enviar não é útil porque tira a pressão das reformas", disse Michael Fuchs, líder parlamentar da CDU. "Receio que os países agora acreditem que já não vai ser necessário fazer as suas reformas", sublinhou.

 

Berlim reagiu após discurso de líder do BCE

 

Desde as declarações de Mario Draghi em Jackson Hole que a Alemanha tem tentado colocar água na fervura na discussão sobre a redução da austeridade e sobre a política monetária expansiva.


Foi em Agosto durante um discurso na reunião anual de banqueiros centrais de todo o mundo que o líder do banco central europeu sinalizou que a autoridade monetária estava disposta a fazer tudo o que fosse necessário para evitar a deflação. "Vamos usar todos os instrumentos disponíveis que forem necessários para assegurar a estabilidade dos preços".

 

Após Jackson Hole, foi Schäuble quem veio a público revelar a posição de Berlim face às declarações de Draghi, ao apontar que o italiano foi "mal interpretado".

 

Dias mais tarde, a revista Der Spiegel dava conta de um telefonema, negado por Berlim, de Angela Merkel a Mario Draghi, onde a chanceler alemã terá pedido justificações sobre o seu discurso.

 

Também o líder do Eurogrupo afirmou esta manhã que a região do euro não pode depender dos estímulos do BCE. "Depender muito fortemente da política monetária contém em si vários riscos, que podem não se materializar no curto prazo, mas que será necessário lidar com eles no longo prazo", disse Jeroen Dijsselbloem esta quinta-feira no Parlamento Europeu em Bruxelas. 

 

"Se colocarmos muito dinheiro barato no mercado vamos criar novas bolhas na economia, com o risco de vir a prejudicar a economia no longo prazo", acrescentou o também ministro das Finanças holandês.

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