Notícia
A semana em oito gráficos: Juros da dívida nacional com maior subida desde 2020. Bolsas derrapam
A semana foi difícil para os mercados europeus de ações e dívida. A incerteza em torno da vitalidade económica da China e a neblina nas palavras da presidente do BCE, Christine Lagarde, durante o World Economic Forum em Davos, levaram o Stoxx 600 a registar a pior semana desde outubro e as “yields” da dívida a agravarem-se de forma expressiva.
Stoxx 600 registar pior semana desde outubro
As principais bolsas europeias terminaram a semana em terreno negativo. O “benchmark” do bloco, o Stoxx 600, registou mesmo a maior queda semanal desde outubro do ano passado. O sentimento foi pressionado pelos dados desapontantes vindos da China, na área do imobiliário, e pela incerteza gerada pelas declarações da presidente do BCE, Christine Lagarde, que afirmou que "é provável" que os juros comecem a descer no verão, colocando um travão aos entusiastas que esperavam um corte no primeiro trimestre do ano. Também os relatos da última reunião sinalizam que os juros devem manter-se em terreno restritivo “durante algum tempo”.
Lisboa com maior ciclo de perdas desde agosto
A bolsa de Lisboa acompanhou a tendência do resto da Europa, tendo a sua principal montra, o PSI, registado na passada sexta-feira a sétima sessão consecutiva no vermelho - a mais longa série negativa desde agosto de 2022. A semana foi mesmo a pior desde março do ano passado.
Família EDP, Galp e BCP pressionam PSI
Entre os pesos pesados, a família EDP foi a que mais pressionou o PSI, tendo o braço das renováveis tombado 7% e a casa-mãe caído 5,36%, numa semana em que houve mexidas nos “targets”, incluindo três revisões em baixa do preço-alvo da EDPR pelo JPMorgan e a JB Capital e CaixaBank BPI – tendo este último cortado também a recomendação. Já a EDP registou uma descida ténue do “target” pelo grupo espanhol. Também o BCP e a Galp foram alvos de cortes nos preços-alvo esta semana.
Watches of Switzerland tomba mais de 30% com “guidance” negativo
As ações da Watches of Switzerland caíram 33% só na quinta-feira, o que acabou por empurrar o desempenho no acumulado semanal para o vermelho, depois de a retalhista de relógios de luxo ter cortado no “guidance” para ano, devido “às condições macroeconómicas desafiantes”. Por outro lado, os títulos da Flutter Entertainment escalaram mais de 22%, depois de a empresa de apostas ter reportado um aumento de 26% das receitas nos EUA.
“Efeito Boeing” ainda penaliza ações da Delta e United
O modelo Boeing 737 MAX 9 da Alaska Airlines viu uma das suas portas despegar-se da fuselagem na primeira semana de janeiro, o que levou o regulador norte-americano para a aviação a suspender os voos deste modelo, independentemente da companhia. Ora, a United mantém os seus aviões deste modelo no chão, enquanto esta sexta-feira, o CEO da Delta, Ed Bastian, deixou claro que mesmo assim espera avançar com a encomenda do modelo 737 Max 10, ainda que tal não aconteça até que a empresa “tenha 1.000% de certeza de que o avião é completamente seguro e que todos assinaram [dando esta certeza]”.
Iene e euro perdem força dias antes de ouvir bancos centrais
O iene e o euro desvalorizaram contra o dólar, dias antes de o Banco do Japão (BoJ) e do Banco Central Europeu (BCE) realizarem as suas reuniões de política monetária e de anunciarem as decisões que resultarem das mesmas. O mercado aponta, para que esta terça-feira o BoJ mantenha a sua trajetória expansionista, não sendo ainda desta que o banco central sobe os juros diretores. Já na Zona Euro, a expectativa é também que as três taxas de juro diretoras se mantenham inalteradas.
Petróleo ganha terreno com tensão no Médio Oriente
O petróleo valorizou numa altura em que as tensões no Médio Oriente, bem como as perturbações na produção de crude provocadas pelo tempo frio nos Estados Unidos, ofuscam os receios em torno da saúde da economia global – e nomeadamente da economia chinesa –, já que uma contração pode levar a uma queda da procura por combustíveis.
“Yield” portuguesa com maior agravamento desde março de 2020
No acumulado da semana, a "yield" da dívida alemã registou o maior aumento em seis meses (15,7 pontos base) e a da dívida portuguesa com o mesmo prazo a maior subida desde março de 2020 (40,9 pontos). Os preços das obrigações foram pressionados pelos mais recentes dados macroeconómicos vindos da China e do Reino Unido e pela neblina que acompanhou as mais recentes declarações da presidente do BCE, Christine Lagarde, sobre o futuro da política monetária este ano.