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Binance aceitou clientes iranianos, mesmo com sanções que o impedem

A Binance continuou a aceitar transações feitas por clientes iranianos, mesmo depois de terem sido aplicadas sanções que impediam estas negociações de empresas norte-americanas no Irão.

A Binance é a maior corretora de criptomoedas em todo o mundo. Só nas últimas 24 horas transacionaram-se 65 mil milhões de euros.
Dado Ruvic/Reuters
11 de Julho de 2022 às 17:52
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A maior plataforma de criptomoedas do mundo, a Binance, continua a processar negociações feitas por clientes no Irão, mesmo depois de terem sido aplicadas sanções dos Estados Unidos, que impedem a empresa de realizar negócios no país - é o resultado de uma investigação feita pela Reuters.

Em 2018, os Estados Unidos voltaram a impôr sanções ao Irão, que tinham sido suspensas três anos antes, como parte de um acordo nuclear, que caiu por terra. Em novembro desse ano a Binance avisou os utilizadores da plataforma para liquidarem as suas contas, alegando que ia deixar de estar presente no país.

No entanto, cidadãos iranianos entrevistados pela Reuters explicam que usaram a plataforma até setembro do ano passado e apenas perderam acesso quando a empresa apertou as regras de verificação do perfil - para impedir lavagem de dinheiro através da aplicação. Antes desse período os utilizadores podiam registar-se apenas através de um endereço de email, não sendo necessária qualquer informação sobre a sua localização.

A plataforma Binance, cuja holding está baseada nas Ilhas Caimão, explica que não está sediada num único lugar, mas sim em vários, significando isto que a Binance.com não aceita por exemplo clientes dos Estados Unidos. A entidade que opera nos EUA é a Binance.us, ultimamente controlada pelo fundador e CEO Changpeng Zhao.

Vários advogados explicaram à agência Reuters que de acordo com esta estrutura a gigante das criptomoedas está protegida das sanções norte-americanas, dado que os iranianos podem usar a Binance.com, ao invés da Binance.us.

Ainda assim, a empresa corre o risco de sanções secundárias, que têm o objetivo de impedir empresas estrangeiras de realizar negócios com entidades sancionadas, ou ajudar cidadãos iranianos a fugir às sanções aplicadas por Washington. Além disso, e apesar de poderem causar danos reputacionais, esta fuga às sanções pode também cortar o acesso das empresas ao sistema financeiro norte-americano.

A exposição da Binance a estas medidas vai depender da utilização da plataforma por parte de iranianos e ainda se estes cidadãos "fugiram" ao embargo norte-americano, como resultado das transações realizadas.

Adicionalmente, vários investidores do Irão adiantaram à Reuters que era possível contornar as sanções, mesmo que elas fossem aplicadas, usando VPNs - o que permite esconder o IP de um determinado dispositivo.

Num guia em 2021, sobre como as sanções se aplicam ao mercado dos criptoativos, o tesouro dos Estados Unidos explicou que detém ferramentas avançadas que permitem chegar ao IP original do utilizador, determinando assim a sua localização. O CEO da própria Binance chegou mesmo a apoiar uso de VPNs, indicando em junho de 2019 que esta era "uma necessidade, não opcional".

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