Notícia
FTX: Bankman-Fried autorizou "vários empréstimos" para si próprio
John J. Ray III, o novo CEO da FTX, confirmou diante do Senado dos EUA que os altos quadros da empresa tinham acesso, sem limites, aos ativos dos clientes da plataforma e revelou que Sam Bankman-Fried contraiu vários empréstimos junto do seu próprio grupo.
John J. Ray III, o novo CEO da FTX, deixou claro, durante uma audição no Comité Financeiro do Senado, que o império cofundado por Sam Bankman-Fried não detinha uma estrutura capaz de assegurar a prevenção do desvio de ativos dos clientes e culpabilizou a concentração de poderes dentro da companhia.
"O colapso da FTX parece provir da concentração do controlo nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos pouco sofisticados e inexperientes, que falhou no que toca ao implementar os sistemas necessários para uma empresa que detém à sua confiança ativos de outras pessoas", começou por explicar Ray III durante o seu testemunho lido diante dos senadores.
O atual CEO da FTX referiu que entre "algumas das práticas de gestão inaceitáveis e identificadas até agora" figura "a utilização de infrastruturas informáticas que davam aos indivíduos da alta gestão" da empresa "o acesso aos sistemas que armazenavam os ativos dos clientes, sem um controlo de segurança que prevenisse o desvio destes ativos".
Ray III especificou ainda que a empresa armazenava as "keys", ou seja, os códigos das carteiras de clientes "que permitiam o acesso a centenas de milhões de dólares em cripto, sem um sistema de segurança de efetivo, ou através de encriptação".
O novo CEO deu ainda conta que muitos dos ativos foram retirados de carteiras de clientes "para os próprios investimentos [da FTX], sem haver quaisquer limites efetivos".
A própria gestão dos ativos realizada liderada por Bankman-Fried era pouco "sofisticada". Ray III explicou que os ativos das várias entidade do universo FTX, incluindo a Alameda Research - o braço de investimento do grupo e epicentro desta derrocada da empresa - não eram separados entre si.
O responsável pelo processo de reestruturação da empresa referiu ainda que "falta documentação completa sobre transações que envolviam quase 500 investimentos feitos a partir de ativos e fundos da FTX".
O novo CEO revelou que Sam Bankman-Fried contraiu não um - como se pensava até agora - mas vários empréstimos junto do seu próprio império.
"Os empréstimos dados a Bankman-Fried não foram só um, foram vários", revelou. "O que pode ser provado por documentos", acrescentou. Ainda assim, Ray III explicou que não se sabe quais foram os propósitos destes empréstimos, já que o ex-CEO assinou os documentos de crédito "tanto como prestador como beneficiário do empréstimo".
Além de Bankman-Fried, "foram feitos empréstimos a colaboradores da empresa de cerca de 1,5 mil milhões de dólares", acrescentou Ray III.
Dos gastos exessivos ao "margin trading": O pesadelo Alameda
"A Alameda Research aceitou fundos de clientes para fazer 'margin trading'", ou seja investiu com fundos de clientes, o que resultou em "grandes perdas" para estes, revelou Ray III.
A equipa que está a tentar levar a bom porto a reestruturação da FTX deu-se ainda conta que entre 2021 e 2022 foram realizados "gastos descontrolados". Ray III especificou que foram gastos 5 mil milhões de dólares em vários investimentos que à data de hoje "valem apenas uma fração" daquilo que foi pago na altura.
Além disso, "o modelo de negócio da Alameda é um 'market maker'", um modelo que requer interação com jurisdições estrangeiras, que muitas vezes não asseguram a proteção devida aos investidores.
O efeito contágio da Alameda para o restante império também foi fácil de explicar: "as operações do grupo FTX não eram separadas, pelo que não havia distinção entre as operações de cada uma [das entidades]", esclareceu Ray III.
(Notícia em atualização)
"O colapso da FTX parece provir da concentração do controlo nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos pouco sofisticados e inexperientes, que falhou no que toca ao implementar os sistemas necessários para uma empresa que detém à sua confiança ativos de outras pessoas", começou por explicar Ray III durante o seu testemunho lido diante dos senadores.
Ray III especificou ainda que a empresa armazenava as "keys", ou seja, os códigos das carteiras de clientes "que permitiam o acesso a centenas de milhões de dólares em cripto, sem um sistema de segurança de efetivo, ou através de encriptação".
O novo CEO deu ainda conta que muitos dos ativos foram retirados de carteiras de clientes "para os próprios investimentos [da FTX], sem haver quaisquer limites efetivos".
A própria gestão dos ativos realizada liderada por Bankman-Fried era pouco "sofisticada". Ray III explicou que os ativos das várias entidade do universo FTX, incluindo a Alameda Research - o braço de investimento do grupo e epicentro desta derrocada da empresa - não eram separados entre si.
O responsável pelo processo de reestruturação da empresa referiu ainda que "falta documentação completa sobre transações que envolviam quase 500 investimentos feitos a partir de ativos e fundos da FTX".
O novo CEO revelou que Sam Bankman-Fried contraiu não um - como se pensava até agora - mas vários empréstimos junto do seu próprio império.
"Os empréstimos dados a Bankman-Fried não foram só um, foram vários", revelou. "O que pode ser provado por documentos", acrescentou. Ainda assim, Ray III explicou que não se sabe quais foram os propósitos destes empréstimos, já que o ex-CEO assinou os documentos de crédito "tanto como prestador como beneficiário do empréstimo".
Além de Bankman-Fried, "foram feitos empréstimos a colaboradores da empresa de cerca de 1,5 mil milhões de dólares", acrescentou Ray III.
Dos gastos exessivos ao "margin trading": O pesadelo Alameda
"A Alameda Research aceitou fundos de clientes para fazer 'margin trading'", ou seja investiu com fundos de clientes, o que resultou em "grandes perdas" para estes, revelou Ray III.
A equipa que está a tentar levar a bom porto a reestruturação da FTX deu-se ainda conta que entre 2021 e 2022 foram realizados "gastos descontrolados". Ray III especificou que foram gastos 5 mil milhões de dólares em vários investimentos que à data de hoje "valem apenas uma fração" daquilo que foi pago na altura.
Além disso, "o modelo de negócio da Alameda é um 'market maker'", um modelo que requer interação com jurisdições estrangeiras, que muitas vezes não asseguram a proteção devida aos investidores.
O efeito contágio da Alameda para o restante império também foi fácil de explicar: "as operações do grupo FTX não eram separadas, pelo que não havia distinção entre as operações de cada uma [das entidades]", esclareceu Ray III.
(Notícia em atualização)