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Bancos não emprestavam tanto às famílias num semestre desde 2010

O primeiro semestre do ano foi de recuperação na concessão de crédito, com a banca a financiar mais as famílias. O balanço dos primeiros seis meses é o melhor desde o final de 2010.

Bruno Simão/Negócios
08 de Agosto de 2017 às 17:30
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Os bancos financiaram as famílias em 6,8 mil milhões de euros no total do primeiro semestre do ano, de acordo com os cálculos do Negócios com base nos dados das novas operações de crédito publicados pelo Banco de Portugal esta terça-feira, 8 de Agosto.

 

Este valor total é o maior, em termos semestrais, desde o último semestre de 2010. Quando comparado com o mesmo período do ano passado, observa-se mesmo um aumento de 24%. Ou seja, a banca emprestou mais um quarto do valor concedido durante os primeiros seis meses de 2016, o que corresponde a mais 1,3 mil milhões de euros em todo o semestre.

 

Esta evolução é justificada pela recuperação do crédito à habitação, cujo montante global de financiamento no primeiro semestre foi de 3,8 mil milhões de euros, o que também corresponde ao nível mais elevado desde o semestre que terminou em Dezembro de 2010.

 

Estes dados corroboram os que têm sido divulgados e que apontam para que o mercado imobiliário esteja mais dinâmico, com um aumento da compra e venda de casas. Um cenário que só é possível porque a banca também diminuiu as restrições no financiamento bancário. Os bancos estão a emprestar mais dinheiro, com juros mais baixos.

 

De realçar que o sector bancário foi afectado em 2007, com o início da crise financeira dos EUA, conhecida como "subprime", que deu origem à falência do Lehman Brothers, em Setembro de 2008. Mais tarde a crise financeira deu origem a uma crise de dívida na Europa, tendo culminado com os pedidos de resgate, em 2010, por parte da Grécia e Irlanda e, em 2011, de Portugal.

 

Neste período, o mercado fechou-se para Portugal, com a banca a não conseguir acesso ao financiamento. Os juros dispararam e o contexto económico levou ao aumento do desemprego e deterioração das condições financeiras das famílias. O crédito malparado disparou e os bancos viram-se obrigados a fechar a torneira do crédito.

 

Este ano está a verificar-se uma clara recuperação do mercado. Quer por via da procura quer por via da oferta. Há mais famílias a quererem comprar/trocar de casa e a banca está a oferecer condições menos restritivas, disponibilizando "spreads" mais baixos – numa altura em que as taxas de juro no mercado estão em mínimos históricos – e oferecendo mais dinheiro do que no passado.

 

No pico da crise, a banca chegou a financiar apenas cerca de 60% da avaliação do imóvel. Ou seja, se um cliente quisesse comprar uma casa que valia 100 mil euros, os bancos só estavam a emprestar 60 mil, um contexto que é proibitivo para a esmagadora maioria da população. Mas actualmente já há instituições que financiam mais de 80% da avaliação, um valor que ainda assim está longe dos 100% financiados no auge da concessão de crédito, entre 2004 e 2007. 

Crédito ao consumo em máximos de nove anos

Já no segmento de crédito ao consumo, o montante financiado ao longo do semestre foi o mais elevado desde os primeiros seis meses de 2008. No acumulado do ano, a banca emprestou 1,99 mil milhões de euros para este destino, mais 8,7% do que há um ano.

 

Os financiamentos para outros fins, onde estão incluídas as operações de crédito para educação, saúde e energia, totalizaram 992 milhões de euros, neste caso, este montante é o mais elevado desde o último semestre de 2015.

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