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"A Euribor tem subido ao ritmo mais rápido de sempre. Será sentido na sua plenitude em 2023", avisa economista-chefe do BPI

"Para ser franca estamos um pouco preocupados com o cenário que se avizinha", alertou Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, na conferência anual da CMVM.

Fernando Ferreira / Cofina Media
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Os tempos que se avizinham são de incerteza. Os especialistas, ouvidos durante a conferência anual da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, por ocasião da semana mundial do investidor, alertam para a escalda da Euribor que deve atingir o seu pico no próximo ano e apontam para um aumento das poupanças, face ao cenário de crise.

"A Euribor tem subido ao ritmo mais rápido de sempre e será sentido na sua plenitude em 2023", antecipa a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho sobre o agravamento da indexante usada nos empréstimos para as famílias.

A taxa a seis meses, a mais usada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno positivo no início de junho, está atualmente nos 1,762%, tendo chegado mesmo no mês passado a tocar os 1,858%, um máximo de 13 anos.


As Euribor têm estado a subir em todas as maturidades, acompanhando o aumento dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE). Em setembro subiu as três taxas de juro diretoras em 75 pontos base, no segundo aumento consecutivo deste ano.

"Para ser franca estamos um pouco preocupados com o cenário que se avizinha", alertou Paula Carvalho.

A economista-chefe do BPI recordou ainda que apesar de não ser diretamente impactado pela crise energética que assola a Europa, Portugal tem sido atingido por este cenário através da aceleração da inflação.

Poupança: ajuda dos juros ou pressão da inflação?

"A energia tem impacto no país através da inflação, através do preço do cabaz. A inflação vai ser também um problema no campo da poupança", avisa Paula Carvalho. Já Fernando Alexandre, professor da Universidade do Minho, vê o reverso da medalha: "podemos esperar que haja um aumento da poupança no futuro".

O académico explicou que o aumento de poupança durante a pandemia deu a entender as pessoas que conseguiam poupar. "Esperava que houvesse uma inercia da poupança, assim com este cenário reforço a crença de que a taxa de poupança irá crescer", disse.

Quanto ao impacto da subida das taxas de juro diretoras na Zona Euro sobre o comportamento de poupança dos portugueses, o professor da Universidade do Minho alertou que esta relação não é líquida e muitas vezes apresenta-se como inversa.

"A taxa de juro tem dois efeitos: rendimento e substituição e o efeito rendimento é muito expressivo em Portugal", começou por esclarecer Fernando Alexandre.

No caso português, devido ao alto endividamento das famílias portuguesas, "quando temos um aumento das taxas de juro o efeito tem sido inverso a poupança pois aumenta o custo do endividamento e diminui o rendimento disponível para poupar".

Também Teresa Garcia, professora do ISEG, reconheceu, durante a sua intervenção no painel, que o alto endividamento das famílias é um a fator importante que pode explicar a tendência negativa a que se tem assistido em termos de poupança. "O aumento do crédito também contribuiu para esta tendência decrescente da poupança", referiu.
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