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Real brasileiro atinge mínimo recorde após governo apresentar planos orçamentais

Os cortes anunciados de 70 mil milhões de reais na despesa pública e as reformas fiscais foram considerados insuficientes pelos mercados, que estão céticos sobre as contas públicas do governo de Lula da Silva.

Carla Daniel / Reuters
28 de Novembro de 2024 às 19:44
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A moeda brasileira atingiu um mínimo de sempre esta quinta-feira, depois de a promessa do governo de poupar 70 mil milhões de reais (cerca de 11 mil milhões de euros) e de implementar reformas fiscais ter sido insuficiente para acalmar os receios dos mercados sobre as contas públicas do executivo presidido por Lula da Silva.

Apesar do corte de despesa pública, o ministro das Finanças brasileiro, Fernando Haddad, anunciou também a isenção do pagamento do imposto de renda (o equivalente ao IRS) para quem ganha até 5.000 reais, algo que já tinha sido defendido pelo presidente brasileiro, mas criticado pelos analistas.

O real chegou a cair mais de 1%, atingindo a barreira psicológica dos 6 reais por dólar - um mínimo recorde. O dólar abrandou depois, para negociar com ganhos de 0,86% para 5,9850 reais.

O custo da isenção fiscal está estimado em 35 mil milhões de reais e deverá ser compensado pelo aumento dos impostos sobre os rendimentos mais elevados e imposição de um imposto mínimo sobre as grandes fortunas, conhecido como "taxação dos super-ricos" e outros ajustes fiscais.

A poupança de 70 mil milhões de reais deverá ser conseguida, por seu turno, pela redução de benefícios fiscais, mudanças nas pensões dos militares e limites nos salários mais elevados da função pública e ao crescimento do salário mínimo.

Além disso, serão implementadas outras mudanças a nível orçamental, como o impedimento de alterar as regras de travão da despesa – conhecido como "arcabouço fiscal".

O objetivo passa por poupar 327 mil milhões de reais até 2030, com a meta de eliminar o défice orçamental primário – antes de ter em conta os pagamentos de juros da dívida – já em 2025.

Contudo, o plano não convenceu os mercados, que olham com preocupação para as perspetivas orçamentais do governo de Lula da Silva, que prometeu aumentar os gastos com programas sociais e de infraestruturas.

Os juros da dívida pública brasileira também aceleraram para máximos, enquanto a bolsa de São Paulo, a Bovespa, caiu 1,44% esta quinta-feira.

"O plano vai na direção certa, mas tem um impacto muito limitado", disse Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine, citado pela Bloomberg. "É insuficiente para responder às questões orçamentais relevantes para o mercado."

Haddad disse em conferência de imprensa que o governo vai cumprir o objetivo no próximo ano e que os investidores têm sido demasiado pessimistas, referindo que as medidas "vão consolidar o compromisso do governo para com a responsabilidade orçamental".

"O mercado precisa de reavaliar o que o governo está a fazer. O mercado cometeu erros [nas previsões] no crescimento e no défice", acrescentou.

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