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Libra em mínimos de 1985. Quem ganha e quem perde?

A saída do Reino Unido da União Europeia levou a libra a afundar para o valor mais baixo em 31 anos. Uma tendência que penaliza os consumidores britânicos, mas também o turismo português. Já o Banco de Inglaterra vê um maior ímpeto à inflação.

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07 de Julho de 2016 às 11:41
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Os britânicos foram às urnas e o Brexit venceu o referendo. Um resultado que derrubou a libra do trono, levando-a a desvalorizações consecutivas face à generalidade das moedas. Contra a congénere norte-americana, por exemplo, a libra já negociou nos 1,2798 dólares, o valor mais baixo desde 1985. Os analistas dizem que a tendência veio para ficar. Por isso, fique a saber quem ganha e quem perde com a queda da libra.

 

Consumidores britânicos perdem poder de compra

As sucessivas desvalorizações da libra significam que a moeda perde parte do seu poder face às concorrentes. Um exemplo seria que, antes do Brexit, uma libra conseguia comprar 1,3072 euros. Agora, essa mesma libra apenas consegue comprar 1,1713 euros. Uma evolução que acaba por afectar a carteira dos consumidores britânicos. Como obtêm os seus rendimentos em libras, o poder de compra dos britânicos estará directamente associado à robustez da moeda.

Quanto mais forte for a libra, melhor será para os consumidores que a utilizam como moeda. No entanto, o caso actual é inverso. Sempre que os britânicos comprarem um produto ao estrangeiro, terão de utilizar mais libras. O mesmo acontece com os produtos vendidos no país que têm uma componente importada. Como o revendedor teve de pagar mais pelo produto, a factura será repercutida no consumidor.

 

O ímpeto que faltava à inflação

O Banco de Inglaterra foi quase tão rápido na resposta à crise quanto a Reserva Federal dos EUA. Cortou taxas de juro, avançou com compras de activos e impulsionou a recuperação da economia. Mas à medida que o crescimento acelerou, a inflação foi ficando para trás. Em Maio, os preços cresceram apenas 0,3% e, por isso, estão ainda muito longe do objectivo de 2%.

Mas a desvalorização da libra pode ser uma grande ajuda. É que o menor valor da moeda britânica faz com que o país tenha de pagar mais pelas importações que realiza. Se antes bastava uma libra para comprar determinada mercadoria, agora precisará de 1,10 libras, por exemplo. Esta evolução terá uma repercussão directa no preço aplicado aos consumidores e, por isso, impulsionará a inflação.

 

Libra é o pesa extra na balança comercial

A relação comercial do Reino Unido com o exterior é um tema sensível para o país. Uma vez que os bens e serviços que importa são superiores aos que vende ao estrangeiro, a economia britânica funciona com um défice na balança comercial. Algo que a desvalorização da libra terá tendência a agravar, já que os britânicos terão de pagar mais pelos bens importados. Por outras palavras, a factura dos bens vendidos mantém-se, mas a dos bens adquiridos aumenta.

 

Importadores estrangeiros saem a ganhar

Se é certo que os britânicos terão de pagar mais por cada bem que venham a importar, também é verdade que as exportadoras do Reino Unido beneficiam. É que a desvalorização da libra tornará os produtos internos mais atractivos. Por isso, a propensão para os países comprarem produtos ao Reino Unido será maior.

Mas também há o reverso da medalha, que é igualmente positivo. Para países como Portugal, que compram produtos ao Reino Unido, o preço a pagar será agora menor. Desta forma, a factura desses países com as importações britânicas será melhor e, por isso, o saldo da balança comercial será beneficiado.

 

Turismo português perde brilho com a libra fraca

Apesar de grande parte da economia nacional estar directa ou indirectamente ligada ao turismo, o Algarve é a região turística por excelência em Portugal. As praias e o sol a isso convidam, sendo que os britânicos são dos principais clientes. Isso mesmo acontece com a Ilha da Madeira, que conta com um forte historial de turismo britânico na região.

Mas esta presença terá tendência a diminuir com a desvalorização da libra. É que os britânicos perdem poder de compra quando está em causa outras moedas, como é o caso do euro. Ou seja, terão de pagar mais pela estadia e todo o consumo que realizem em Portugal. Um agravamento da factura para os britânicos que poderá ter efeitos negativos no turismo nacional.

 
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