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Dólar perto de anular efeito da vitória de Trump
O dólar está a ser transaccionado no valor mais baixo desde 11 de Novembro. A incapacidade de Donald Trump em fazer aprovar a revogação e substituição do Obamacare está a pressionar o dólar.
O dólar já quase anulou a valorização acumulada a partir do passado dia 8 de Novembro, data em que se realizaram as eleições presidenciais norte-americanos que resultaram na vitória de Donald Trump. A moeda americana, que perde terreno nos mercados cambiais pelo segundo dia seguido, está a negociar face ao euro no valor mais baixo desde 11 de Novembro do ano passado.
Nesta altura o euro está a valorizar 0,83% contra o dólar para 1,0888 dólares, a cotação mais elevada da moeda europeia relativamente ao dólar desde 11 de Novembro. E olhando para o índice da Bloomberg que mede o comportamento do dólar comparativamente com o cabaz das principais divisas mundiais, vê-se que a moeda americana está a desvalorizar em oito das nove últimas sessões.
Isto porque a transacção do dólar nos mercados cambiais ao longo da última semana já denunciava a apreensão dos investidores em relação à capacidade da actual administração americana para pôr a andar o plano económico prometido por Donald Trump.
O que se agravou com o duplo falhanço de Trump em repelir e substituir o plano da actual administração para reformar o sistema de cuidados de saúde dos Estados Unidos, que assim continuará a assentar no Obamacare.
Ainda na passada quinta-feira foi adiada a votação do já designado Trumpcare por falta de apoios à reforma, com este plano de Donald Trump a não conseguir sequer garantir o voto favorável mínimo necessário da parte dos congressistas republicanos.
E mesmo depois das concessões feitas por Trump à 25.ª hora, que insistia em levar o Trumpcare a votação no Congresso ainda na última sexta-feira, a reforma ao sistema de saúde acabou por regressar à Casa Branca por falta de apoios. Apesar de os republicanos deterem maioria em ambas as câmaras do Congresso (Representantes e Senado), Trump não foi capaz de os convencer a apoiar um plano que visa cumprir uma promessa de longa data do Partido Republicano, a revogação do odiado Obamacare.
Estes acontecimentos, a que se junta a dupla tentativa falhada de impor a proibição de viajar para os Estados Unidos a cidadãos naturais de um conjunto de países de maioria muçulmana (primeiro sete e depois seis, com a retirada do Iraque deste "travel ban"), são agravados pelo atraso na apresentação do plano económico com que Trump promete promover um enorme corte de impostos e uma agenda de investimentos públicos.
Os mercados estão agora a reflectir a desconfiança dos investidores relativamente à efectiva capacidade de Trump fazer passar no Congresso os cortes fiscais e estímulos à economia prometidos.