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Haitong: bancos ibéricos ganham com as medidas do BCE
O BCE apresentou novos estímulos à economia, mas esses terão também um impacto positivo nos bancos da periferia. É que os empréstimos à banca com taxas negativas ajudam a apagar parte do efeito da taxa de depósitos, diz o Haitong. Mas alerta que o sector está frágil.
As novas medidas apresentadas pelo Banco Central Europeu (BCE) são positivas para os bancos no mercado ibérico. Quem o diz é o Haitong, justificando que a instituição liderada por Mario Draghi apresentou um conjunto de estímulos mais robusto do que o previsto. Os analistas Carlos Cobo e Juan Carlos Calvo explicam que, apesar do novo corte na taxa de depósitos, os empréstimos com taxas negativas são positivos para a banca. Mas alertam que o sector está já sob pressão.
O BCE anunciou um novo conjunto de estímulos à economia, após a reunião de política monetária concluída na quinta-feira. Medidas que o Haitong considera como "positivas para os bancos ibéricos", numa nota publicada esta sexta-feira, 11 de Março. "As decisões do BCE excederam as nossas perspectivas e o consenso dos mercados, onde era esperado apenas um corte na taxa de depósitos e novas medidas qualitativas para ajudar o programa de compra de activos", escrevem os analistas.
Mas Carlos Cobo e Juan Carlos Calvo explicam que o benefício para os bancos está noutra medida. "Apesar de ter cortado a taxa de depósitos em 10 pontos base para -0,40%, o BCE surpreendeu com taxas de juro potencialmente negativas nos novos TLTRO [empréstimos de longo prazo à banca condicionados ao financiamento da economia]", defendem os especialistas. É que, explicam, "isto deverá contrabalançar parte do efeito que as taxas de mercado negativas têm nos ganhos dos bancos com juros".
O Haitong defende que, se os bancos do mercado ibérico utilizarem os novos TLTRO para refinanciar os antigos, "isso poderá representar um impacto positivo de 2,5% no ganho líquido com juros". Além disso, apontam Carlos Cobo e Juan Carlos Calvo, "os bancos poderão também beneficiar de uma queda generalizada nos próprios custos de financiamento, resultante das novas medidas de estímulo".
"Tudo isto poderá dar um impulso adicional ao ganho líquido com juros dos bancos", diz o Haitong. No entanto, o cenário base, por agora, "é que os bancos aumentarão apenas moderadamente o actual financiamento do BCE, de modo a manter uma estrutura de financiamento diversificada e evitar uma concentração das maturidades dos TLTRO no longo prazo".
"Salientamos que os bancos estão já sob pressão devido às taxas de mercado negativas e, em particular, devido à tendência de queda das Euribor", atira o Haitong, uma vez que as taxas são a referência nos empréstimos à habitação com taxa variável. Por isso, concluem os analistas, se as decisões de quinta-feira "levarem o mercado e as Euribor consideravelmente mais para baixo, isso poderá até apagar os benefícios das medidas anunciadas".