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Wall Street volta a afundar mas economistas estão contra encerramento das bolsas
As bolsas norte-americanas voltaram a afundar, depois de na sexta-feira terem disparado à conta do decretado estado de emergência nos EUA. Há já quem defenda o encerramento de Wall Street, mas muitos economistas não veem como é que essa medida poderá ajudar a restaurar a confiança dos investidores.
O Dow Jones encerrou a mergulhar 12,94% (2.999,10 pontos) para 20.186,52 pontos. A queda em pontos foi a mais acentuada da sua história e foi intensificada a minutos do fecho da sessão, depois de Donald Trump dizer que este "novo normal" pode durar até agosto. Em percentagem, foi o maior deslize desde a segunda-feira negra do crash de 19 de outubro de 1987 - ou seja, em 32 anos e meio.
O presidente norte-americano também disse que o vírus "não está controlado" e reconheceu que a economia do país pode estar a mergulhar numa recessão.
Já o Standard & Poor’s 500 afundou 11,98% para 2.386,11 pontos. Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite derrapou 12,32% para 6.904,59 pontos.
As bolsas do outro lado do Atlântico registaram assim a sua pior sessão desde a passada quinta-feira (12 de março), quando tiveram as maiores quedas diárias desde o crash de 1987.
"Apesar de isto poder soar muito mal, é somente a pior sessão desde quinta-feira. É uma espécie de ‘novo normal’ – fortes oscilações no mercado – a que os investidores terão de se habituar", sublinha a CNN Business, aludindo assim também, tal como Trump, à expressão "novo normal".
As bolsas de todo o mundo têm sido bastante castigadas desde o início da pandemia covid-19, já que os investidores têm preferido apostar em ativos mais seguros, como as obrigações e algumas moedas (iene e franco suíço, por exemplo).
Esta segunda-feira intensificaram as quedas, depois de ontem a Reserva Federal norte-americana ter decidido um novo corte surpresa dos juros, de 100 pontos base, para um intervalo entre 0% e 0,25%, quando já tinha cortado em 50 pontos no passado dia 3 de Março – já que a medida deixou os investidores pouco tranquilos quanto ao impacto económico do novo coronavírus.
A covid-19 tem provocado uma enorme volatilidade nos mercados, com os índices norte-americanos a registarem na semana passada as primeiras oscilações de 9%, tanto para cima como para baixo, o que não acontecia desde a Grande Depressão.
O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq Composite entraram em "bear market" na semana passada, a perderem mais de 20% face aos últimos máximos (que foram também históricos, tendo sido estabelecidos em meados de fevereiro).
Economistas contra fecho dos mercados
A perturbação nos mercados tem sido persistente e esta semana, pelo que hoje se observou, não se afigura melhor. Por isso mesmo, há já quem defenda um encerramento temporário das bolsas norte-americanas, mas muitos economistas dizem que isso não ajudará à confiança dos investidores.
"Encerrar não é, de modo algum, uma forma de restaurar a confiança", disse à CNN Business o economista-chefe do departamento de mercados da Capital Economics, John Higgins.
As bolsas continuaram a funcionar durante a crise financeira de 2008 e aquando do estoiro da bolha tecnológica [das chamadas dot.com] em 2000, e também durante a Grande Depressão, relembrou Higgins.
Também a presidente da Bolsa de Nova Iorque, Stacey Cunningham, publicou um tweet dizendo ser importante que os mercados continuem abertos e a funcionar de maneira ordenada.
It is important for the markets to remain open, and for them to function in a fair and orderly manner, as they have been. (1/3)
— Stacey Cunningham (@stacey_cunning) March 16, 2020
A CNN já está a estudar a possível duração deste novo "bear market" em Wall Street, mas é difícil fazer uma estimativa. Em média, os mercados urso têm durado 21 meses nos Estados Unidos, tendo o mais curto ocorrido em 1990 (16 de julho a 11 de outubro) e o mais longo começado a 6 de março de 1937 e terminado a 29 de abril de 1942.