Carlos Tavares provavelmente já não esperava presidir à CMVM na comemoração dos 25 anos da entidade, assinalados hoje em Lisboa, tendo em atenção que o seu mandato terminou há muito. Na cerimónia desta tarde, o ainda líder da CMVM até ironizou, dizendo que esta seria a sua "última intervenção pública enquanto presidente da CMVM" mas reconhecendo que já o havia dito antes.

Num dia em que todas as atenções estão centradas no Brexit e seus efeitos, o tema acabou por ser o "elefante na sala". Apesar das coincidências de calendário, o programa da conferência prosseguiu como se nada fosse, embora a distinta audiência estivesse com as preocupações do lado de lá do Canal da Mancha.

Na sua intervenção inicial, Carlos Tavares recuperou o trabalho feito pelo regulador durante os quase 11 anos sob a sua liderança, terminando por reconhecer: "a situação dos mercados mundiais é preocupante, e a situação do mercado nacional é decepcionante". Recordou "uma tarde de Setembro" quando Fernando Teixeira dos Santos - seu antecessor na CMVM e que saiu para o Governo de José Sócrates - lhe ligou para Buxelas, convidando-o a ser o seu sucessor. "Nessa altura perguntei-lhe se ele achava que o cargo na CMVM tinha assunto suficientemente interessante. Mas durante estes quase 11 anos não me posso queixar de monotonia ou de falta de assunto", concluiu Tavares.

A comemoração dos 25 anos da CMVM contou com a presença dos presidentes anteriores, Fernando Costa Lima, Álvaro Dâmaso, Nunes Pereira e Teixeira dos Santos.